BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A tentativa de fuga do ex-diretor-geral da PRF (Polícia Rodoviária Federal) Silvinei Vasques, condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) por participação na trama golpista associada ao governo Jair Bolsonaro (PL), acumula uma série de ações planejadas para deixar o país.
Condenado a 24 anos e seis meses de prisão, Silvinei respondia em liberdade, submetido a medidas cautelares, como uso de tornozeleira eletrônica, recolhimento domiciliar noturno, proibição de sair da comarca e cancelamento do passaporte brasileiro.
Na véspera do Natal, Silvinei deixou o apartamento onde morava em Santa Catarina, rompeu o monitoramento eletrônico e seguiu para o Paraguai. Acabou preso no aeroporto de Assunção, quando tentava embarcar para El Salvador com documentos falsos.
Veja abaixo a cronologia do caso.
Condenação (16 de dezembro)
- Silvinei Vasques é condenado pela Primeira Turma do STF à pena de 24 anos e seis meses de prisão. Ele já tinha sido preso preventivamente em agosto de 2023 e chegou a ficar um ano detido.
- Como o prazo para apresentação de recurso ainda estava em curso, o ex-PRF obteve liberdade provisória, mas com medidas cautelares, como uso de tornozeleira eletrônica, recolhimento domiciliar noturno, proibição de sair da comarca e passaporte cancelado.
Preparação da fuga (24 de dezembro)
- 19h06: Imagens do circuito interno do prédio onde Silvinei morava, em São José (SC), mostram o ex-diretor da PRF colocando bolsas no porta-malas de um veículo alugado.
- 19h14: Ele retorna ao carro e coloca mais pertences no banco traseiro, incluindo ração e grande quantidade de tapetes higiênicos para cães.
- 19h22: Silvinei aparece novamente carregando potes de ração e conduzindo um cachorro da raça pitbull. Em seguida, deixa o prédio dirigindo o veículo. Esse foi o último registro visual do ex-diretor no local.
Alerta de fuga (25 de dezembro)
- Por volta das 3h: Polícia Federal detecta falha no monitoramento da tornozeleira eletrônica de Silvinei. O equipamento deixa de transmitir sinal de GPS. Ao longo do dia, o aparelho também perde o sinal de GPRS, possivelmente em razão do esgotamento da bateria.
- Por volta das 20h: Polícia Penal de Santa Catarina é acionada para verificar o endereço do investigado. No local, constata que Silvinei não se encontrava no apartamento.
- Por volta das 23h: Uma equipe da Superintendência Regional da Polícia Federal em Santa Catarina vai ao imóvel. Os policiais confirmam, com base em imagens de câmeras de segurança, que Silvinei utilizou um veículo alugado para sair do prédio. A vaga de garagem estava vazia.
Prisão decretada (26 de dezembro)
- Com base nas informações repassadas pela Polícia Federal, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, decreta a prisão preventiva de Silvinei Vasques, por descumprimento das medidas cautelares e tentativa de fuga.
- No mesmo dia, Silvinei é preso no aeroporto de Assunção, no Paraguai, quando tentava embarcar em um voo internacional com destino a El Salvador, usando um passaporte paraguaio falso, emitido em nome de Julio Eduardo.
- Silvinei levava uma carta na qual afirmava que não conseguia falar, nem ouvir, e dizia viajar para tratamento médico.
- Por volta das 20h, Silvinei é levado pela polícia paraguaia para a fronteira com o Brasil e entregue a agentes da PF na Ponte da Amizade, que liga Foz do Iguaçu, no Paraná, a Ciudad del Leste.
Transferência para Brasília (27 de dezembro)
- Silvinei é transferido em Brasília (DF) após passar a noite em Foz do Iguaçu.