BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi submetido neste sábado (27), no hospital DF Star, em Brasília, a um procedimento médico para controlar suas crises de soluço. A intervenção durou entre 45 minutos e 1 hora.

De acordo com a equipe médica, foi feito o bloqueio do nervo frênico, ou seja, a aplicação de anestésico e corticoide em um nervo do diafragma, próximo a cervical, do lado direito. O planejamento é observar a evolução do quadro e repetir o procedimento no lado esquerdo na próxima segunda-feira (29).

"Ontem [sexta], ele teve uma crise de soluço muito prolongada, inclusive mais forte, o que incomodou profundamente para dormir, hoje [sábado] ele já acordou abatido", afirmou o médico cardiologista Brasil Ramos Caiado.

"Nós optamos pelo procedimento do bloqueio anestésico do nervo e agora nós vamos aguardar a resposta, mas já temos uma programação para fazer do outro lado. Hoje [sábado] foi feito do lado direito, segunda-feira [29] faremos do lado esquerdo", acrescentou.

O boletim médico de Bolsonaro da tarde deste sábado apontou também que Bolsonaro seguirá "com fisioterapia para reabilitação, medidas de profilaxia de trombose venosa e cuidados clínicos". O ex-presidente foi internado para uma cirgurgia de hérnia, realizada na quinta-feira (25), e deve receber alta na quarta-feira (31).

A realização do procedimento tinha sido divulgada mais cedo pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) em postagem nas redes sociais. "Meu amor acabou de ir para o centro cirúrgico para realizar o bloqueio do nervo frênico. Peço para que intercedam em oração por mais esse procedimento, para que seja exitoso e traga alívio definitivo. Já são nove meses de luta e de angústia com soluços diários", escreveu.

Mesmo com a intervenção, a expectativa de internação continua sendo de até sete dias, com alta nesta quarta-feira, se a evolução do quadro de saúde de Bolsonaro for satisfatória.

Após a cirurgia de hérnia a que Bolsonaro foi submetido na quinta-feira, Claudio Birolini, um dos médicos do ex-presidente, explicou que também estava em avaliação o procedimento para tentar conter os soluços.

"Esse bloqueio anestésico, que é um procedimento relativamente seguro, mas que não é o padrão para o tratamento de soluço. Precisa ver realmente se isso justifica o benefício, o risco", afirmou Birolini na ocasião. Segundo o médico, esse não é um procedimento cirúrgico.

O ex-vereador Carlos Bolsonaro (PL), filho do ex-presidente, afirmou nas redes sociais que o pai voltava à mesa de cirurgia e comunicou que Jair Renan, o mais novo, estava aguardando no hospital DF Star, em Brasília, para mais informações sobre o estado de saúde de Bolsonaro.

Também nas redes sociais, Jair Renan publicou que o pai foi levado "às pressas" para fazer o procedimento, mas que não pode acompanhar o ex-presidente.

"Estou com o coração na mão. É muita maldade impedir um filho de acompanhar o próprio pai em um momento tão crítico. No lugar do carinho e da presença da família, dois policiais armados estão, neste exato momento, acompanhando meu pai", disse em postagem no X (ex-Twitter).

Bolsonaro passa por crises de soluço crônico desde a época em que era deputado federal, de acordo com Carlos Birolini. Segundo a postagem de Michelle, o ex-presidente tem tido episódios diários de soluço há nove meses.

O ex-presidente havia iniciado a fisioterapia na sexta-feira (26), um dia depois da cirurgia de hérnia, de acordo com o último boletim médico divulgado. Bolsonaro estava em cuidados pós-operatórios, tomando analgésicos e medicamentos para a prevenção de trombose, que acontece quando um coágulo se forma dentro da via sanguínea.

A expectativa é que o ex-presidente fique internado por cerca de uma semana antes de voltar à carceragem da Superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal, em Brasília, onde cumpre pena por tentativa de golpe de Estado.

A cirurgia de hérnia de Bolsonaro precisou ser autorizada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.

Após a cirurgia, Brasil Caiado afirmou que o quadro de soluços tem causado cansaço extremo e prejudicado o sono do ex-presidente. A condição tem relação direta com uma esofagite severa, associada à gastrite e ao refluxo gastroesofágico.

Inicialmente, a ideia da equipe médica era tentar reduzir os sintomas com tratamento clínico, medicação e dietas, com o objetivo de ser menos invasivo possível para garantir a segurança do paciente, que já tem 70 anos.