BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ministro Alexandre de Moraes voltou a ser alvo de questionamentos após a coluna da jornalista Malu Gaspar, do jornal O Globo, publicar que o magistrado tentou interceder em favor do Banco Master em telefonema para o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo.
À época dos contatos mencionados pela reportagem, o BC analisava a operação de compra do Master pelo banco estatal BRB (Banco de Brasília) ?em setembro deste ano, a autoridade monetária rejeitou a operação e, em novembro, decretou a liquidação do Master.
Ainda segundo O Globo, o escritório de advocacia encabeçado pela esposa de Moraes, Viviane Barci, mantém desde 2024 um contrato de R$ 3,6 milhões mensais e duração de três anos para defender os interesses do Master.
O ministro nega as afirmações e diz ter tratado com Galípolo apenas da Lei Magnitsky, aplicada pelo governo dos Estados Unidos contra ele em julho deste ano.
"Em todas as reuniões, foram tratados exclusivamente assuntos específicos sobre as graves consequências da aplicação da referida lei, em especial a possibilidade de manutenção de movimentação bancária, contas correntes, cartões de crédito e débito", escreveu, em nota.
Relembre abaixo algumas das crises envolvendo Alexandre de Moraes no STF.
INQUÉRITO DAS FAKE NEWS
O ministro comanda desde 2019 o inquérito das fake news, aberto de ofício pelo ministro Dias Toffoli e distribuído sem sorteio a Moraes. A investigação completou seis anos em 2025, sofrendo críticas por sua duração atípica e por ordens de censura.
CENSURA DA REVISTA CRUSOÉ
Em abril de 2019, o ministro mandou retirar do ar uma reportagem publicada pela Revista Crusoé que mostrava menção do empreiteiro Marcelo Odebrecht ao então presidente do STF, Dias Toffoli. Sob pressão da sociedade civil, revogou a ordem três dias depois.
BUSCA E APREENSÃO CONTRA EMPRESÁRIOS POR FALAS GOLPISTAS
Em agosto de 2022, Moraes atendeu a um pedido da Polícia Federal e ordenou busca e apreensão contra empresários que enviaram mensagens golpistas em um grupo de WhatsApp. As conversas foram reveladas pelo Metrópoles, e a Folha depois mostrou que o pedido de busca e apreensão teve a reportagem do portal como base.
COMANDO DO TSE EM 2022
O ministro comandou o Tribunal Superior Eleitoral durante as eleições de 2022, num período turbulento que ficou marcado pela disseminação de mentiras do governo Bolsonaro sobre as urnas eletrônicas, mas também por medidas do tribunal que foram alvo de questionamento. Em mais de uma ocasião, por exemplo, Moraes determinou que Meta e Twitter retirassem do ar perfis bolsonaristas e conteúdo considerado pelo ministro como antidemocrático.
Em agosto de 2024, a Folha revelou que Moraes utilizou o TSE para abastecer o Supremo com informações que depois seriam utilizadas por ele mesmo em decisões atingindo políticos bolsonaristas.
XINGAMENTO NO AEROPORTO DE ROMA
Em julho de 2023, o ministro se envolveu em uma discussão no aeroporto de Roma, na Itália. Segundo relato de Moraes, a família do empresário Roberto Mantovani teria o xingado de bandido e de comprado. Além disso, Mantovani teria desferido um tapa no filho de Moraes, derrubando seus óculos no chão.
O caso motivou abertura de inquérito e ordem de busca e apreensão contra o empresário, determinada pela então presidente do STF, Rosa Weber. Em dezembro de 2024, os acusados protocolaram uma carta se retratando pelo episódio e o ministro Dias Toffoli deu fim ao processo.
GESTO OBSCENO NO ESTÁDIO DO CORINTHIANS
Em julho de 2025, Moraes foi flagrado pelo fotógrafo Alex Silva, do Estado de S.Paulo, mostrando o dedo do meio a um torcedor durante partida do Corinthians contra o Palmeiras na Neo Química Arena. No dia anterior, os Estados Unidos haviam colocado o ministro sob sanção por meio da Lei Magnitsky.
JULGAMENTO DE BOLSONARO
Os inquéritos das fake news e das milícias digitais ?este aberto em 2021, com propósito semelhante, e igualmente comandado por Moraes? desembocaram no processo que julgou a tentativa de golpe após a derrota de Jair Bolsonaro nas eleições de 2022.
Em setembro deste ano, a Primeira Turma do STF condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro a 27 anos e três meses por tentativa de golpe de Estado, sob acusação de liderar uma trama para permanecer no poder. Foi a primeira vez na história do país em que um ex-presidente foi punido por esse crime.