Pela exoneração do Conselheiro Abraão
Tive a oportunidade de conhecer o Abraão Fernandes nas marchas contra o impeach.... GOLPE, no ano passado, aqui em Juiz de Fora. Era uma época conflituosa da minha vida, onde ficava naquele paradoxo “jornalista pode expor publicamente sua opinião política?”. Para quem estava na reta final da faculdade, um passo errado podia significar o fim de uma carreira que ainda estava começando. Sem filiação partidária e começando a aceitar e compreender a ideologia progressista que tinha dentro de mim, fui para a rua exercer meu papel de cidadão brasileiro.
Em algumas vezes, após estes eventos, sentava com Abraão e mais alguns amigos para tomar uma cerveja e conversar sobre a conjuntura política e o que nos esperava para as eleições de 2016. Ao conhecer sua história, admirei o conselheiro tutelar, confesso. Uma pessoa humilde, que batalhou para poder crescer na vida e que propunha usar seu mandato para ajudar a melhorar a vida das crianças e adolescentes.
Pois bem, o tempo passou, a Dilma foi golpeada, as manifestações cessaram, e por compromissos profissionais e estudantis, me afastei dos companheiros de luta contra o (des)Governo Michel “Fora” Temer. Alguns meses depois, às vésperas das eleições municipais, em vários encontros realizados no QG de campanha da Deputada Margarida Salomão, voltei a ter informações sobre o Abraão. E a cada fala, história e fato contado, me surpreendia com o caminho tomado pelo conselheiro. Não que uma pessoa não possa mudar de ideologia ao longo da vida, mas a metamorfose de Abraão era surpreendente.
O último encontro que tive com ele, na época das eleições, foi na esquina das ruas Batista de Oliveira e Marechal Deodoro. Em uma conversa de aproximadamente 30 minutos, me contou que havia se desfiliado do Partido dos Trabalhadores (na verdade foi expulso por atos de homofobia), mas que oficialmente estava apoiando a candidata Margarida Salomão (a mesma que xinga pelas redes sociais). Disse ainda que havia se reunido com Noraldinho Júnior e Bruno Siqueira, para no caso de vitória de algum deles, conseguir algum benefício no governo. Por fim, falou de seu apoio ao então candidato a vereador Charlles Evangelista e de seu projeto para concorrer a uma vaga na Câmara Municipal em 2020. Inclusive, no bate-papo, pediu para que o ajudasse a construir sua imagem, com meus conhecimentos enquanto jornalista.
Cerca de um mês depois, estourou pela cidade as ocupações estudantis, e nele, nosso primeiro embate. Enquanto era contrário às manifestações dos secundaristas, eu apoiava e visitava cada uma das escolas ocupadas. Pelo Facebook, cancelou nossa amizade, ao ver que questionava suas ações enquanto conselheiro tutelar, na luta por colocar na ilegalidade a luta dos e das adolescentes juiz-foranas.
Nosso último embate aconteceu há um mês, quando entrou com um pedido no Ministério Público contra o vídeo institucional da UFJF no Colégio de Aplicação João XXIII. Estava na Câmara no momento em que saiu do plenário, carregando a bandeira do Brasil, como um mártir contemporâneo. Depois daquele momento, o jogo virou! Seu discurso de ódio foi compartilhado. Prints e áudios começaram a “pipocar” diariamente. A ameaça de um tombo e o fim da carreira política estavam próximos. Um inquérito policial foi aberto e ele foi afastado.
Enfim.... por que quis contar toda esta história? Para que não fique parecendo que a motivação do texto é pessoal ou uma intolerância a quem pensa diferente. Tenho minha posição político-partidária-ideológica e respeito todos que têm outras. Trabalho e tenho amigos com posturas e pensamentos contrários aos meus. No entanto, uma coisa é opinião, outra é preconceito. O que o Abraão protagonizou nas redes sociais é o puro discurso de ódio, que precisa ser combatido na nossa sociedade. O ato de injúria racial praticado contra uma estudante da UFJF vai de encontro ao trabalho dele como conselheiro tutelar.
Como uma pessoa que diz proteger as crianças e adolescentes pode atacar uma pessoa na forma mais covarde e preconceituosa que existe, através do racismo? Que exemplo ele quer ser para a futura sociedade juiz-forana, quando assume que é opressor? Que sociedade que ele deseja para nossas crianças, quando defende a morte por um pensamento diferente ao dele? Que moral cristã ele pode carregar, se defende o ódio e a violência, conceitos contrários ao líder religioso que segue?
Segundo a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, a função de um conselheiro tutelar “é zelar pelos direitos da criança e do adolescente, articulando, no âmbito municipal, o enfrentamento à negligência, à exploração sexual e à violência física e psicológica, entre outras violações”. Diante de tudo que foi exposto sobre o Abraão, alguém acredita que ele consegue desempenhar este papel?
Nesta semana, o Prefeito Bruno Siqueira proferiu novo decreto, afastando-o por mais 30 dias. Portanto, este prazo vai até o dia 22 de dezembro, quando a prefeitura já vai ter entrado em seu período de recesso, pelas festas de final de ano.
Por isso, peço encarecidamente que os movimentos sociais de Juiz de Fora não deixem a situação do Abraão terminar em pizza. Da mesma forma que peço para que a Secretaria de Desenvolvimento Social e a Prefeitura de Juiz de Fora, não deixem sem punição uma pessoa que comprovadamente atacou, insultou e foi preconceituosa com outras pessoas. Não é uma questão de ideologia, e sim de justiça. Não podemos ter uma pessoa como ele à frente de um órgão tão importante e respeitado como o Conselho Tutelar.
Que o alerta seja dado aos companheiros de luta e o bom senso prevaleça entre nossos governantes.
Em Carta Aberta enviada ao Portal ACESSA.com, o conselheiro se manifestou. Confira, abaixo, na integra.
"Sobre os recentes acontecimentos que foram noticiados na mídia local e causaram polêmica em redes sociais, envolvendo meu nome e referentes às medidas concretas que procurei tomar contra a propagação da conhecida ideologia de gênero para crianças de 06 anos no colégio João XXIII, vinculado à UFJF. "A Ideologia de Gênero, ou melhor dizendo, a Ideologia da Ausência e Sexo, é uma crença segundo a qual os dois sexos —masculino e feminino —são considerados construções culturais e sociais, e que por isso os chamados “papéis de gênero” (que incluem a maternidade, na mulher), que decorrem das diferenças de sexos alegadamente "construídas" —e que por isso, não existem —, são também "construções sociais e culturais". Por exercer atividade de conselheiro tutelar e ter obrigação de preocupar-me com a infância, eu, Abraão Fernandes, acredito ter o imperativo moral de agir em situações que confrontam e escandalizam a minha consciência, a minha formação cristã e creio que o senso comum das pessoas normais, formadas em princípios cristãos. E, movido por minha consciência, minha formação e minha obrigação, escrevo essa carta aberta, com a finalidade de exercer meu direito de defesa perante a opinião pública e a sociedade civil.
A sexualização da infância é algo perigoso, que causa repúdio e nojo na maioria das pessoas, em especial nesses tempos, quando a pedofilia torna -se um perigo muito evidente, a ponto de ser alvo de ações policiais e judiciais
Em 2016 tomei posse em Juiz de Fora como conselheiro Tutelar eleito, aos 22 anos de idade assumi o compromisso de defender direito de crianças e adolescentes.Desde então cumpro fielmente meu dever. Participei de diversas atividades, já atendi mais de 450 crianças e adolescentes que estavam em situação de violação de direito, vulnerabilidade social, expostas ao risco e à violência. Pelo trabalhado que desenvolvi de forma diferenciada, autentica e responsável recebi da câmara dos vereadores moção de aplauso onde elencaram que eu fazia jus ao recebimento devido aos excelentes serviços prestados à comunidade em defesa dos direitos das crianças.
Acontece que de forma sistemática, eu Abraão Fernandes, comecei a incomodar diversos grupos da esquerda e extrema esquerda tudo começou quando adolescentes invadiram escolas contra a PEC 55 do governo Federal e eu emiti ofício ao Ministério Publico da Vara da infância e da juventude e o MP abriu procedimento determinando que a escola fosse desocupada.
Como conselheiro Tutelar participei ativamente da luta pela aprovação do plano municipal de educação no sentido de que não fosse permitida a IDEOLOGIA DE GÊNERO nas escolas de nossa cidade. Após muita persistência conseguimos aprovar o plano em defesa da família tradicional e da moralidade.
Recentemente o colégio João XXIII fez uma atividade com uma Drag Queen com crianças de 06 anos de idade, e pra elas ele disse que não existem brinquedos de meninas ou de meninos, fazendo menção de forma subjetiva á ideologia de gênero, não hesitei e de forma prudente, fundamentada na lei solicitei ao MPF que abrisse investigação contra a escola. Porque entendo que aos pais é o direito de educar os filhos, como determina o art 22 do ECA.
Neste momento, buscam a imputar a mim comportamento homofóbico, preconceituoso, racista, dentre outros, além de tentar atribuir responsabilidade administrativa, àquele que tão somente buscava, de acordo com seu entendimento, proteger os vulneráveis aos quais foi, dentro do Esta do Democrático de Direito, legalmente investido no cargo para tal mister, descontextualizando conversas de redes sociais, manipulando vídeos e mídias com o único e exclusivo objeto de deturpar a verdade e impedir a atuação dentro da legalidade e legitimidade do conselheiro tutelar.
Quem apoia a ideologia de gênero são as mesmas que querem destruir os valores cristãos, familiares e luta contra aqueles que assim como eu, não abaixa a cabeça e tem coragem de dizer: deixem nossas crianças em paz. Eu confio em Deus e na sua justiça, confio na competência dos meus advogados quem estão cuidando da minha defesa a fim de provar minha inocência perante os homens,e só assim ficará nítida essa perseguição diabólica, injusta e covarde.
O homem comum, seja ele no sentido liberal europeu ou de direita, respeita a liberdade de pensamento, culto e de preferências sexuais de todos os habitantes do planeta, não sendo homofóbico, nem machista ou racista, porque senão não seria conservador, seria totalitário , assim como Maduro e Hugo Chaves.
Ser contra a IDEOLOGIA DE GÊNERO nas escolas é preservar a sanidade psicológica das crianças, sobretudo porque não se podem prever os maléficos efeitos e em qual dimensão viriam para cada um, haja vista que tais questões são as que mais geram perturbações no futuro dos adolescentes e dos adultos que são submetidos a esta espécie de tortura , pela falta de condição para pensar sobre tais temas. A criança assim, não se tornará livre e madura no futuro. Tal, futuro adulto, ficará imerso em perturbações, por causa de uma fase, a infância, que a criança, simplesmente, tem que ser somente criança e não ter aquela maturidade toda para escolher qualquer coisa. Certo é que quem educa são os pais , a Escola tem apenas a função de ensinar conteúdos e não doutrinar ou fazer a vez da família. A infância é,na realidade, as férias da alma.
Diante dessa situação, à qual eu, como muitos brasileiros, reputam extrema gravidade, conclamo às pessoas de bem, preocupadas com o futuro de seus filhos, aos cristãos e líderes religiosos, a todos os que respeitam a liberdade de expressão e de opinião e a liberdade religiosa, para se unirem nessa luta, onde a família é a preocupação principal e o motor de toda expressão e ação. A ideologia de gênero não é uma ideia vaga, mas se revela como uma agenda poderosa que agrada a setores radicais que se dizem progressistas, que têm voz na mídia e na academia. Permitir a sexualização de nossas crianças pelos caminhos da ideologia de gênero é permitir levá-las à sexualização precoce e facilitar que criaturas ingênuas e indefesas sejam presas fáceis para a pedofilia.
Aproveito a oportunidade e agradeço as igrejas evangélicas e católicas que tem prestando apoio e solidariedade. Continuarei firme na defesa dos direitos de nossas crianças e adolescentes".
Atualizada às 12h50, do dia 27/11/217.
Matheus Brum nascido e criado em Juiz de Fora, jornalista em formação pela Universidade Federal de Juiz de Fora, e, desde criança, apaixonado pelo Flamengo e por esportes. Atualmente é redator/editor do site Coluna do Flamengo, repórter esportivo da Rádio Catedral 102,3 FM e colunista da Rádio Muriaé. Já passou pela TV Alterosa, Programa Mosaico e Rádios CBN-JF e Cultura, Santos Dumont.
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