Risco de câncer bucal é reduzido com cuidados simples A estimativa do Instituto Nacional do Câncer é de que este tipo de tumor acometa mais de 14 mil pessoas no Brasil em 2010. Maior incidência é entre homens

Aline Furtado
Repórter
5/6/2010

De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), estima-se que, em 2010, 14.120 pessoas desenvolvam câncer de boca no Brasil. A estimativa prevê 10.330 casos entre os homens e 3.790 entre mulheres. Trata-se de uma doença que se apresenta na forma de úlcera profunda de bordas elevadas, endurecidas e indolor.

O tumor de boca pode afetar tanto a parte externa, os lábios, como a cavidade oral interna, como as gengivas, a mucosa jugal, ou bochechas, o palato duro, ou céu da boca, a língua, a região localizada abaixo da língua, as glândulas salivares, as amígdalas e a parte óssea. O câncer na língua corresponde a 40% dos casos.

Segundo o odontólogo Mauro Cruz, o tumor em tecidos ósseos é mais difícil de ser detectado. "Por isso a importância de as pessoas fazerem exames, como a radiografia panorâmica da face, periodicamente." Um dos sinais de alerta com relação ao câncer de boca é o aparecimento de feridas, na cavidade oral ou no lábio, que não cicatrizam no intervalo de até 20 dias.

"Outros sintomas são ulcerações superficiais, com menos de dois centímetros de diâmetro, indolores, que podem sangrar ou não, e manchas esbranquiçadas ou avermelhadas nos lábios ou na mucosa bucal", alerta a dentista Priscilla Novaes da Silva. Ela lembra que dificuldade para falar, mastigar e engolir, além de emagrecimento acentuado, dor e presença de caroços no pescoço são sinais de câncer de boca em estágio avançado.

Cruz lembra que, no caso da boca, existe a tendência de agressão constante à mucosa. "Expomos a mucosa bucal a altas e baixas temperaturas, a condimentos, além de próteses. Isto é prejudicial." Além disso, a ocorrência de doenças periodontais, as quais acometem a gengiva, deve ser observada. "Doenças periodontais são uma pandemia entre a população. É preciso que sejam realizadas visitas regulares, a cada seis meses, ao dentista, para evitar problemas mais graves", destaca Cruz.

Uma das formas de combater o câncer de boca é eliminar o uso do cigarro. Além disso, deve-se evitar exposição ao sol sem proteção de filtro solar e chapéu, além de manter boa higiene bucal. Outra medida que auxilia na prevenção é manter uma alimentação rica em frutas, verduras e legumes. No caso de homens com mais de 40 anos, que têm dentes fraturados e usam próteses mal ajustadas, deve ser evitado o uso de cigarro e álcool.

Tratamento e cura

O tratamento varia de acordo com o estágio da doença e com o tipo do tumor. "Podem ser indicadas de acordo com a gravidade da lesão, cirurgia, radioterapia e quimioterapia", explica Priscilla. Com relação à cura, há mais chance no caso de o tumor ser detectado de forma precoce.

"A taxa de sobrevida em cinco anos é de 50% ou menos. No Brasil, mais de 85% dos tumores de cabeça e pescoço são identificados em fase avançada", relata a dentista. Com isso, há redução na expectativa de vida, além da tendência de que o tratamento dispensado ao paciente seja mutilante. Se diagnosticado no início e tratado da maneira adequada, 80% dos casos de câncer de boca têm cura. 

Liga de prevenção

Em Juiz de Fora, foi criada, pela Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), a Liga de Prevenção ao Câncer de Boca. A intenção é estabelecer um vínculo entre a comunidade acadêmica e a sociedade, trabalhando a prevenção do tumor bucal.

A liga é composta por 13 alunos e propõe atender à comunidade, tendo como foco a atenção primária a homens com mais de 40 anos que bebem e fumam. Os projetos desenvolvidos serão aplicados em instituições como alcoólicos anônimos e clínicas de recuperação de viciados. As reuniões são realizadas às quartas-feiras, às 18h, na Faculdade de Odontologia.

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