Sobre o calar...

Ana Pernisa Ana Pernisa 3/04/2018


Começo esse texto de hoje dando um oi a vocês  e dizendo que depois de muito tempo calada, trago nesse texto algumas observações deste período que gostaria de compartilhar aqui enquanto escrevo esse artigo.

Sabe, muitas vezes, vamos seguindo a vida a toque de caixa, até que uma hora, não há outra opção se não parar. Talvez não por conta própria, mas porque a vida traz desafios que nos fazem precisar nos dar um tempo. E, foi isso. Precisei me recolher, e entre outras coisas, dar uma pausa nas escritas... Precisei calar a voz de fora, para me escutar e afinar a de dentro. Parar, dentro do que foi possível para elaborar e arrumar minha “casa interna”. 

E nesse olhar,  fui percebendo o quanto teimo em resistir a esses momentos, que podem ser de tanta riqueza! Calar pode ser uma experiência de muitas descobertas e auto observação! Calar pode ser a oportunidade de se  dar tempo ao tempo para se ouvir e ter a chance para  que a voz de novo se faça, mas clara e precisa. Parar nos permite olhar para o tempo e as situações  de forma diferente.

Parei, calei e pausei até que surpreendentemente,  encontrei um pequeno texto, postado no facebook, escrito por Edna,  que ressoou em mim e me inspirou a escrever novamente.

Portanto,  começo então essa nova jornada de 2018, reproduzido aqui, com sua licença, a escrita de Edna e  trazendo a partir disso,  minhas reflexões desse período em que me calei.

“Há  um ditado que diz: Quem cala consente... Porém a vida me ensinou que muitas das vezes o silêncio é a arma mais valiosa; calar-se diante de uma discussão evita desgastes emocionais. Posso afirmar a todos que cada vez que me calei, julguei me sábia, pois, tomei decisões favoráveis a mim mesma.”(Edna Z)

Esse texto, renasceu em mim a vontade de escrever... Estava em pausa, calada. Não estava ruim, apenas, num momento necessário. Mas, algo fez com que sentisse me descongelar deste período sem artigos... Portanto, cá estou de volta, dividindo com você pequenas percepções sobre o calar.

O calar muitas vezes nos permite assimilar, nos observar, nos permitir tocar para  nos refazer.  Calar pode ser um momento de nos suspender para  refletir, respirar, sentir e, quem sabe, conseguir o caminho com mais assertividade e equilíbrio.

Uma lição que esse período me deu: tenho aprendido também a me  dar o tempo de  calar sem tempo de resposta. Sem pensar,  apenas ficar. Ficar o tempo certo, do discernimento, do sentir, do se achar na resposta. Resposta  que muitas vezes pode surgir além do silêncio.

Observei que  calar serve  para apurar os sentidos, para curar, para ser, para se encontrar, se auto respeitar. Calar, no momento que não é salutar responder por impulso. Calar para possibilitar encontrar-se com a sabedoria, com a vida que mora em nosso interior  mas que se encontra abafada pelas vozes da correria, que permeia nossos dias sem pausas.

Calar para conectar-se com a essência. O nosso SER, aquele   verdadeiro, num convite de busca  e encontro nesse  contato conosco.

Calar para se achar, para se cuidar, para se dar a chance de um novo olhar. Repaginar.
Calar para se alimentar do silêncio da alma que precisa de tempo para se expressar. 

Já pensaram quantas possibilidades se abrem num calar? Quantas percepções podem  habitar nesse simples ato de calar... Tem tantas formas de se captar o ato de se calar...

Existe uma regra de trânsito que diz: em caso de dúvida, pare!
Eu aprendi, nesse período uma regra de alma: em caso de não saber se expressar, cale-se sem medo!
Calar não é afronta, é direito! Nesse mundo de palavras vazia lançadas ao léu ou promessas que iludem, é preciso calar par se achar o sentido do que nos cerca.
Sim! Calar pode  ser uma forma de retirada, de entrega, de aceitação ou resistência passiva. Pode ser a busca de algo que se passou despercebido. Contato. Conexão.

Há de se ter paciência de acolher o nosso tempo de calar e o do outro. Há de se ter um olhar além do incômodo que o silêncio do calar traz... Silêncio que nos faz aguçar os sentidos para olhar, ouvir e sentir além... Além de nós e nossos preconceitos e julgamentos,  além do outro. Olhar o espaço de possibilidades que surgem além das palavras e reações imediatas das construções das palavras...
Calar para de fato se permitir, se achar.

É preciso se permitir calar quando a ferida sangra, quando falar dói, quando nos sentimos impossibilidades de manifestar nossa vontade e verdade, quando o argumento não alcança o ouvido do outro que está contaminado por suas crenças valores ou desconfiança.

Calar, quando a vida nos convida a pausa, ao recolhimento. Calar para descansar a alma. Calar para se fazer silêncio.  No Silêncio de pausa na  busca de contato com que é essencial. Calar para não ferir, não romper ou para não se ferir. Tantos calares contém um calar,  tantos significados embutidos e não ouvidos.

Calar pode ser rápido, mas em alguns  momentos,  pode,  nos convida silenciar por um tempo maior. Tudo depende. As vezes, necessitamos atuar  um pouco menos no mundo externo, recolher e pausar, dentro do possível, para se restabelecer  e se fortalecer.

Já parou para observar esse processo em você?
Você tem necessidade de se calar? E, o quanto tempo tem dedicado a isso? O que te faz calar? Como é para você lidar com o seu calar ou o do outro?  Você tem praticado o calar para escutar-se ou tem ido no impulso da vida seguindo?  Você busca a pausa para ter  contato consigo mesmo e  fluir com a vida ou segue impulsos?  Para para perguntar onde está a sua verdade e cala para escutar a resposta?  Onde está o seu termômetro de vida, dos seus atos? E aí, lhe pergunto a pergunta que me fiz: onde encontrar isso a não ser no calor de uma reflexão que surge do calar-se? Aquele tipo de calar  que permite  escutar seu íntimo, a sua verdade,  o que de fato tem haver com você e gera  o  equilíbrio e harmonia com que você é ou busca ser.

Calar pode ser  dar as pausas entre as respostas aos estímulos imediatos que nos afastam do ouvir o nosso desejo interno.

No calar,  no silenciar que surge a possibilidade do encontrar-se De olhar e buscar o seu caminho de verdade, que, às vezes pode estar fora de uma profissão que você pratica,  de uma convivência,  de um grupo de pessoas que frequenta, dos  rumos que toma na vida  seguindo os impulsos sem se questionar e ouvir suas respostas.

Calar nos convida a se conscientizar do  tempo. Ele corre e escorre nos estímulos externos. E muitas vezes esses estímulos  externos nos afasta do nosso desejo real.  A onde está a sua paz e o seu amor? Essas respostas só surgem quando as pausas se fazem no tempo necessário para que elas cheguem.

O convite é: Silencie, cale-se e convide a sua verdadeira voz a responder suas questões e tenha a disponibilidade e coragem para aguardar. Pense nisso, compartilhe suas impressões, aguardo por você!

Um beijo carinhoso e até breve!


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