Sobre o calar...
Começo esse texto de hoje, dando um oi a vocês e, dizendo que depois de muito tempo calada, trago nesse texto algumas observações deste período que gostaria de compartilhar aqui, enquanto escrevo esse artigo.
Sabe, muitas vezes, vamos seguindo a vida a toque de caixa, até que uma hora, não há outra opção se não parar. Talvez, não por conta própria, mas porque a vida traz desafios onde sentimos a necessidade crucial de nos darmos um tempo. E, foi assim que aconteceu comigo. Precisei me recolher, entre outras coisas, e dar uma pausa. Precisei calar a voz de fora, para me escutar e afinar a de dentro. Parar, dentro do que foi possível para elaborar e arrumar minha “casa interna”.
Como tenho a tendência de transformar tudo em aprendizado, nesse olhar, fui percebendo o quanto teimo em resistir a esses momentos de pausa, que podem ser de tanta riqueza! Calar pode ser uma experiência de muitas descobertas e auto observação e se ouvir com mais clareza e olhar para as situações de forma diferente.
Parei, calei e pausei, aguardando. Até que encontrei um pequeno texto, postado no Facebook, escrito por Edna, que ressoou em mim e me inspirou a escrever sobre esse assunto.
“Há um ditado que diz: Quem cala consente... Porém a vida me ensinou que muitas das vezes o silêncio é a arma mais valiosa; calar-se diante de uma discussão evita desgastes emocionais. Posso afirmar a todos que cada vez que me calei, julguei me sábia, pois, tomei decisões favoráveis a mim mesma.” (Edna Zavon).
O calar muitas vezes nos permite assimilar, nos observar, nos refazer. Um momento de nos suspender para refletir e sentir os processos e, quem sabe, seguir o caminho com mais assertividade e equilíbrio.
Nesse tempo que fiquei quieta, tenho aprendido a pausar dando o tempo necessário para que as respostas possam surgir entendendo que é assim que ocorre esse encontro interno.
Observei que calar serve para apurar os sentidos, para curar, para se encontrar, corrigir percursos, principalmente quando não é salutar responder a um impulso. Calar abre as portas para o encontro com a sabedoria, com a vida que mora em nosso interior mas, que esta abafada pelas vozes da correria, que permeia nossos dias sem pausas.
É importante buscar esse tempo para se conectar com a essência, a verdade, sem máscaras, num convite de busca e reencontro nesse contato conosco, nos dando a chance de um novo olhar e evitar se expressar quando não se tem um sentido nas respostas.
Já pensaram quantas possibilidades se abrem quando alimentamos o silêncio? Quantas percepções podem habitar nesse simples ato?
Existe uma regra de trânsito que diz: em caso de dúvida, pare! Eu aprendi, nesse período, uma regra de alma: em caso de não saber o que sente ou se expressar, cale-se sem medo!
Calar não é afronta, é direito! Nesse mundo das palavras vazias lançadas ao léu ou, de promessas que iludem, é preciso calar para se achar o sentido do que nos cerca.
Sim! Calar para gerar contato e conexão com o que importa para nossa vida.
No entanto, há de se ter paciência com o tempo das respostas e acolher o nosso tempo de calar e o do outro. Há de se ter um olhar além do incômodo que o silêncio nos traz, para podermos desenvolver a capacidade de aguçar os sentidos para o olhar, o ouvir e o sentir além das palavras não ditas... Sentir além de nós e dos nossos preconceitos e julgamentos. Olhar para além do outro, para o espaço de possibilidades que surgem além das palavras e das reações imediatas.
É salutar quando podemos calar quando a ferida sangra, quando falar dói, quando nos sentimos impossibilidades de manifestar nossa vontade e verdade, quando o argumento não alcança o ouvido do outro que está contaminado por suas crenças valores ou desconfiança.
Calar, quando a vida nos convida a uma pausa e ao recolhimento para descansar a alma e, se essencial para não ferir, não romper ou para não se ferir sem necessidade.
Enfim, tantos calares contém um calar, tantos significados embutidos e não ouvidos.
Mas como fazer isso? Muitas vezes, precisamos apenas ter a oportunidade de nos retirar um pouco da agitação cotidiana para escutar nossa demanda interna.
Quantas vezes, estamos no corre corre, cheio de estímulos externos, e tomados atitudes sem verificar os caminhos tomados, nos afastando do nosso desejo real. E aí o nosso Ser escorre de nós e perdemos a paz. Pause! Respire! Pare e se pergunte! O que de fato importa? Vale a pena investir tanto nisso? O amor está presente naquilo que faço? O que precisa ser olhado? Essas respostas só surgem quando as pausas se fazem, no tempo necessário, para que elas cheguem.
É preciso treinar dar pequenas pausas entre as respostas aos estímulos imediatos que nos afastam do ouvir o nosso desejo interno. Se preciso, solicitar um tempo. O tempo necessário para poder se olhar e buscar o seu caminho de verdade. E, não se surpreenda se a a resposta estiver fora da profissão que você pratica, de uma convivência, de um grupo de pessoas que frequenta, dos rumos que toma na vida seguindo os impulsos sem se questionar e ouvir suas respostas.
Divido com você alguns dos questionamentos que eu mesma me fiz:
Já parou para observar esse processo em você?
Você tem necessidade de se calar? Acolhe ou foge desse momento?
Já parou para refletir sobre isso?
O que te faz calar? Como é para você lidar com o seu calar ou o do outro?
Você tem praticado o calar para escutar-se ou tem ido no impulso da vida, seguindo sem sentir?
Para para perguntar onde está a sua verdade e cala para escutar a resposta, ou não?
Onde está o seu termômetro de vida, dos seus atos?
Onde encontrar essas respostas?
A não ser quando nos silenciamos internamente para ouvi-las não as acharemos em outro lugar. Precisamos refletir, criar pausas que nos permita escutar o nosso íntimo, a nossa verdade, o que de fato tem haver com conosco e que nos gera equilíbrio e harmonia. Só em nós estão as respostas!!!
O convite é: silencie. Cale-se (5 minutos, 10, o tempo que puder) e convide a sua verdadeira voz a responder suas questões e se permita criar a disponibilidade e coragem para aguardar.
Pense nisso, compartilhe suas impressões, aguardo por você!
Ótimo dia!
Um beijo carinhoso e até breve!
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