Sistema Único de Saúde vai realizar cirurgias bariátricas Juiz de Fora está credenciada pelo Ministério da Saúde
para esse tipo de procedimento
Repórter
30/7/2009
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De 2002 para cá, os pacientes com obesidade mórbida contavam com o Hospital Universitário para a realização de cirurgias bariátricas, ou seja, de redução de estômago, em Juiz de Fora e região. Os procedimentos aconteciam esporadicamente e para fins didáticos. A partir de agora esse serviço está credenciado pelo Ministério da Saúde e o Hospital Maternidade Terezinha de Jesus está devidamente equipado e preparado para a realização desse tipo de procedimento cirúrgico pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
O serviço vai atender à micro e macrorregião de Juiz de Fora, o terceiro município a realizar esse tipo de procedimento em Minas Gerais.
Segundo a secretária de Saúde, Eunice Dantas, a primeira cirurgia bariátrica oferecida pelo serviço credenciado ocorre nesta sexta-feira, 31 de julho. A paciente não é de Juiz de Fora e será necessário esperar as primeiras 48 horas após a cirurgia para se avaliarem os resultados com maior precisão.
O Ministério da Saúde determina que sejam feitas no mínimo oito cirurgias mensais, no total de 50 por ano, para que o credenciamento seja mantido. "É um número pequeno diante da grande demanda que temos, mas é um começo." Não existe um número máximo de procedimentos a serem executados e a verba para a cirurgia é federal.
Existem 380 pacientes na lista de espera pela cirurgia de redução de estômago. Eunice explica que essa lista não é estática. "Os pacientes serão atendidos de acordo com o grau de gravidade de cada caso." Segundo ela, a expectativa é de que sejam realizadas mais cirurgias do que as exigidas pelo Ministério da Saúde, mas isso depende de o hospital credenciado se adequar e estabelecer as ofertas para garantir o direito de realizar as operações.
O Sistema Único de Saúde (SUS) em Juiz de Fora conseguiu o credenciamento graças à luta do juiz Renato Grizoti, que envolvido com um caso específico, entrou na luta para garantir o direito de todos os cidadãos que necessitem desse tipo de cirurgia. Eunice comenta que para a realização dos procedimentos que garantiram o credenciamento, foram realizadas 60 cirurgias, no HU e na Maternidade Terezinha de Jesus, entre 2004 e 2008. "Os 60 casos mais graves foram atendidos com sucesso. A partir de agora será criado um protocolo de conduta. A médica Arise Galil, responsável pelas cirurgias, vai transformar a experiência em um livro, que vai servir de modelo para o Estado", diz.
Para realizar a cirurgia
Para que o paciente possa realizar a cirurgia de redução de estômago ele deve primeiro recorrer à Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima de sua residência. Lá, o médico que o atender vai avaliar o Índice de Massa Corporal (IMC) e os agravantes à saúde causados pela obesidade mórbida. Uma vez identificado como obeso mórbido, o paciente será encaminhado para o Serviço de Controle de Hipertensão, Diabete e Obesidade (Schdo), que fica no 8º andar do Pam Marechal.
No local, uma equipe multidisciplinar composta por endocrinologista, psicólogo e cardiologista fará uma avaliação mais aprofundada do estado físico e emocional da pessoa. Primeiramente, será tentada uma estratégia de mudança de hábitos alimentares, terapia e exercícios físicos. Caso nada disso dê certo, o paciente será encaminhado para a cirurgia. Tanto cuidado tem uma razão. "A cirurgia só pode ser feita com uma avaliação precisa", alerta a secretária.
O SUS vai cobrir os gastos pré e pós-operatórios, inclusive o acompanhamento psicológico e as cirurgias estéticas necessárias depois da cirurgia. "O aspecto psicológico é muito importante porque a pessoa perde 30, 40 e às vezes até 80 quilos em um espaço muito pequeno de tempo e acaba nem se reconhecendo mais diante do espelho. Ou pior, continua se reconhecendo como obesa e, por isso, precisa desse acompanhamento. E depois de perder tanto peso, é preciso uma série de cirurgias plásticas de reparação", explica. O custo por paciente é de R$ 3.700 para cada cirurgia.
Obesidade Mórbida
Segundo a secretária, que também é médica, a obesidade mórbida é uma doença muito grave que requer uma atenção especial. "Muitos são os riscos. O coração não aguenta, aumenta o risco de hipertensão grave, artroses e problemas graves na coluna. Cada quilo a mais exerce uma carga de dez quilos na coluna. Isso, para uma pessoa que pesa 200 quilos, é muito", esclarece.
Eunice alerta ainda para a necessidade de uma mudança na educação desde a infância. Segundo ela, é preciso que a criança aprenda, desde cedo, a se alimentar adequadamente, ter hábitos saudáveis e praticar exercícios físicos.
Os textos são revisados por Madalena Fernandes
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