Infectologista explica quem deve se vacinar contra a febre amarela
Repórter
O surto de febre amarela em Minas Gerais acendeu um sinal de alerta nas autoridades locais. De acordo com o último boletim divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-MG), no dia 16 de fevereiro, já foram confirmados 216 casos da doença, sendo que 76 pessoas morreram em decorrência das complicações, em 41 municípios.
O médico infectologista Guilherme Cortês Fernandes esclarece algumas dúvidas.
ACESSA.com - Quais são os principais sintomas da febre amarela?
Guilherme Cortês Fernandes: A maioria dos casos de febre amarela tem poucos sintomas. Eles são essencialmente febre, mal-estar, náusea e dores no corpo. São sintomas semelhantes as das infecções virais agudas e da própria dengue. O diagnóstico diferencial clínico é um tanto difícil. Em poucos casos, cerca de 20%, trazem uma maior intensidade de sintomas, e o olho fica amarelo, a pessoa apresenta sangramentos e evoluí como uma hepatite. Tem que se pensar nela sempre quando apresentar os sintomas em áreas onde estão havendo transmissão.
ACESSA.com - Qual a forma de se prevenir da doença?
Guilherme: Essencialmente, o uso de repelentes e de roupas de manga cumprida - para evitar exposição ao mosquito. É a mesma preocupação que temos em relação às outras doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. Mas diferentemente da dengue e zica, temos uma vacina muito eficaz, com 97,5% de proteção em uma dose para adultos. A recomendação que existe no estado, há mais de 15 anos, é que toda a população esteja vacinada. Se a gente tivesse conseguido isso, não teriam tantos casos como estão acontecendo agora. A cobertura vacinal estava muito baixa.
ACESSA.com - Até quantos dias a pessoa deve se vacinar, em caso de viagem?
Guilherme: Entre uma semana e dez dias, para garantir a proteção. Mas em qualquer momento que se vacinar é ótimo. Porém, se o paciente for viajar para algum lugar que existe o certificado internacional, ele precisa do prazo de dez dias, ou não vai conseguir embarcar.
ACESSA.com - Quem não tem certeza se tomou as duas doses, o que deve fazer?
Guilherme: Pode tomar a terceira dose, sem problemas. A preocupação maior deve ser em relação à primeira dose, não aquela subsequente. Na dúvida, deve-se tomar uma nova dose.
Saiu informações na mídia de que não é toda a população que deve se vacinar, mas Juiz de Fora não é diferente de onde está acontecendo a epidemia de primatas não humanos com febre amarela. Isso poderia ter acontecido aqui. É por isso que todos devem se vacinar em Minas Gerais. Eu julgo que a cobertura vacinal aqui não seja diferente do que vem acontecendo em outras regiões. Não aconteceu agora, mas pode acontecer.
ACESSA.com - Então o ideal é que todas as pessoas devem se vacinar?
Guilherme: Essa recomendação vem de 2000, quando houve outro surto. A preocupação dessa epidemia atual é sobre o risco da reintrodução da febre amarela urbana no país. Existe o ciclo silvestre do mosquito: o macaco adoece, o mosquito pica o macaco, um homem entra na área onde está o macaco e o mosquito pica o homem. Essa é a forma silvestre, que é o que está acontecendo. O risco é que alguém venha para as cidades e seja picado pelo Aedes aegypti, um mosquito super bem adaptado e transmissor da febre amarela urbana. Se a pessoa doente for picada pelo Aedes, ele será infectado e vai perpetuar: é a mesma forma como o zica e o chikungunya chegou no meio urbano. A única forma de evitar é através de uma elevada cobertura vacinal. O Brasil tem se mostrado ineficiente no controle do Aedes e, entendendo que a incompetência nossa de realizar esse controle, temos que nos vacinar.
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