Mesmo com uma queda substancial no número de vidas perdidas para a Covid-19 em Juiz de Fora, o número de casos confirmados permanece elevado e com estabilidade. É o que aponta a trigésima oitava edição do boletim informativo JF Salvando Todos, desenvolvido por pesquisadores da UFJF. O documento foi publicado na última quarta-feira (13).
No dia 27 de setembro, o município havia registrado 45.437 casos confirmados e 1.982 vidas perdidas. Esses números evoluíram para 46.102 casos e 1.995 óbitos no dia 11 de outubro, representando aumentos de 1,5% e 0,7%, respectivamente, no período de 14 dias. No período anterior, verificado na trigésima sétima edição do boletim, a taxa de aumento era de 2,0% e 1,4% – apontando, assim, uma desaceleração no ritmo de crescimento de ambos indicadores.
A média móvel semanal de novos casos, que figurava em 65,3 casos no dia 27 de setembro, evoluiu para 49,1 casos no dia 11 de outubro. Desta maneira, notou-se uma redução de 75,9% no período aferido, sendo que, no período de 14 dias anteriores, havia ocorrido uma redução de 18,1%. Já a média móvel diária do número de óbitos evoluiu de 2,9 óbitos por dia, em 27 de setembro, para 0,9 óbitos por dia em 12 de outubro. Desta forma, houve uma redução de 69%; nas duas últimas semanas, o índice apresentava estabilidade.
O número de pacientes hospitalizados por Covid-19 diminuiu em comparação com os últimos 14 dias. No dia 28 de setembro, eram 117 internações com 46 leitos de UTI dedicados à Covid-19 ocupados, contra 109 hospitalizações com 45 leitos ocupados no dia 12 de outubro. Marcel Vieira, um dos pesquisadores responsáveis pela elaboração do documento, explica que essas reduções devem ser avaliadas com cautela: “As quedas observadas em alguns dos indicadores podem ser resultantes do feriado prolongado, pois temos observado desde o início da pandemia que os registros caem nesses dias de feriado. Precisamos aguardar as próximas semanas para confirmar se esse movimento continua.”
Transmissibilidade da doença em Juiz de Fora
Diante da classificação estabelecida pelo Centros de Controle e Prevenção de Doenças norte-americano (CDC), o nível de transmissão da Covid-19 na cidade é considerado como “elevado”, tendo em vista que, na 40ª semana epidemiológica, foram registrados 70,3 casos por 100 mil habitantes. Na última edição do boletim, o nível de contágio também era classificado como “elevado”, com 74,3 casos registrados em 100 mil habitantes na 38ª semana epidemiológica.
Ainda analisando a transmissibilidade da doença no município, foi observado que, entre os dias 28 de setembro e 11 de outubro, o Número de Reprodução Efetivo (Rt) estimado para Juiz de Fora esteve igual ou acima de 1 por quatro dias (no período do último boletim, foram registrados por dez dias), com o máximo de 1,18 no dia 29 de setembro (no período anterior, o valor máximo havia sido de 1,61). O documento aponta que, de acordo com a OMS, uma das condições para determinar se a pandemia está controlada é a de que o Rt deve ser menor que 1 durante duas semanas consecutivas. No município, esta condição não foi verificada no período relatado no boletim.
“Infelizmente ainda precisamos informar para a população que a pandemia não acabou. Temos o vírus circulando em nosso país e no município de Juiz de Fora. É importante reforçar os cuidados com o distanciamento social e do uso correto de máscaras de boa qualidade, assim como também é muito importante que aquelas pessoas que, por algum motivo, não tenham tomado a primeira dose, ou estejam com a segunda ou a dose de reforço em atraso compareçam, às Unidades de Saúde para se vacinarem”, complementa Vieira.
Avanço da vacinação em ritmo mais lento
Até o dia 12 de outubro, haviam sido aplicadas 746.089 doses de vacina contra a Covid-19 no município, sendo 439.371 primeiras doses, 248.671 segundas doses, 14.795 doses únicas e 7.252 doses utilizadas como reforço/terceira dose. Sendo assim, 76,1% da população juiz-forana já recebeu ao menos uma dose, e 51,9% já estão com o ciclo vacinal completo, seja com as duas doses ou com a dose única.
Já a média móvel do número de doses aplicadas demonstrou uma redução no ritmo da vacinação. No dia 28 de setembro, a média da aplicação de primeiras e segundas doses era, respectivamente, de 3.626,6 e 3.885,7. Já no dia 12 de outubro, as médias eram de apenas 182 primeiras aplicações e de 1522,6 segundas aplicações. Na 40ª semana epidemiológica, foram aplicadas 2.488 primeiras doses, 17.917 segundas doses e 2.820 terceiras doses, totalizando assim 23.225 doses no município – uma redução de 27,8% no total de doses em relação à semana anterior.
Vieira comenta sobre as possíveis motivações da redução no ritmo da vacinação: “Talvez o principal motivo é que todos os grupos elegíveis para receberem a primeira dose já foram atendidos. Os atrasos nas aplicações do imunizante da AstraZeneca também figura como outro motivo, assim como o ritmo de aplicação das terceiras doses. Para aumentar o número de vacinados com a primeira dose, é importante que aconteça, agora, uma busca ativa de pessoas que pertencem às faixas etárias elegíveis e que ainda não foram vacinadas”, explica o pesquisador.
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