Ana Stuart Ana Stuart 30/05/2008

Culpa ou responsabilidade

Ilustra??o de v?rias m?os apontando o dedo indicador Outro dia, participando de uma palestra no Amor Exigente, esse termo que ? o quinto princ?pio (culpa), foi muito estudado, debatido, internalizado e, finalmente, substitu?do por responsabilidade.

O mais interessante ? que se pararmos para pensar verificaremos que realmente a culpa imobiliza, ao passo que a responsabilidade nos mobiliza para a a??o, seja ela qual for. Normalmente a culpa causa danos irrepar?veis - quando as pessoas param de viver - tornando-se mortos-vivos. O corpo p?ra de funcionar normalmente e instalam-se as doen?as oportunistas que, fatalmente, nos levar? ao ?bito.

Culpa tamb?m est? relacionada com a mentira. Mentir para o outro como tamb?m mentir para n?s mesmos.

Em estudos feitos pelo psic?logo americano Paul Ekman, ele usou a express?o "equ?voco de Otelo", quando o protagonista do drama de Shakespeare interpreta o medo no semblante de Desd?mona como trai??o e culpa e a mata. Portanto, o 'equ?voco de Otelo' ? porque a express?o de Desd?mona era de medo dele e n?o culpa de t?-lo tra?do.

Otelo interpretou a sua express?o de medo como culpa e este equ?voco foi fatal. Ou seja, segundo Ekman podemos, no m?ximo, perceber o que a pessoa est? sentindo, mas n?o o que est? pensando. Enfatiza ainda que a mentira ? detectada nos movimentos da face atrav?s de microexpress?es, mas nem sempre ? poss?vel consider?-las ind?cios significativos de mentira. Todo cuidado ? pouco ao se culpar algu?m.

Muitas vezes tamb?m devido aos nossos mecanismos de defesa contra o que nos incomoda tendemos a acreditar na mentira, justamente para n?o sentirmos culpa. Como por exemplo: o filho chega em casa sem camisa e com os olhos muito vermelhos no dia seguinte ao combinado, e a m?e se assusta e reclama que o filho est? com cara de gripado e corre para buscar agasalho, negando-se a acreditar que este filho est? na verdade chegando drogado.

Outro caso interessante, quando nos referimos a mentiras, s?o as mentiras sociais, digamos as mentiras gentis, como quando fui tratada com muita gentilezas em uma reuni?o social e n?o gostei de nada, achei tudo de mal gosto e ao me despedir dos anfitri?es esbo?o um sorriso e agrade?o. Neste caso, n?o me caberia sair declarando que n?o gostei, visto que os anfitri?es fizeram tudo para me agradar - e se n?o agradei, o problema foi apenas meu. Neste caso vou me responsabilizar internamente e n?o transferir para o outro.

As chantagens emocionais s?o bastante caracter?sticas quando se transfere a culpa por n?o suportar assumir as pr?prias responsabilidades. Isto normalmente acontece entre casais, nos jogos de poder e tamb?m nos jogos de manipula??o entre pais e filhos.

No dicion?rio, culpa significa transgress?o volunt?ria de um princ?pio ou regra e responsabilidade, a obriga??o de responder pelos pr?prios atos ou de outrem. Ent?o, ao dizermos "minha culpa, minha m?xima culpa" vamos substituir por minha responsabilidade minha m?xima responsabilidade. Ser? que estamos preparados? ? assim que estamos educando nossos jovens? ? este o exemplo que estamos dando?


Ana Stuart
? psic?loga e terapeuta familiar

Sobre quais temas (da ?rea de psicologia) voc? quer ler novos artigos nesta se??o? A psic?loga Ana Stuart aguarda suas sugest?es no e-mail viver_psique@acessa.com.




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