Maconha e sua realidade científica
Atualmente, o que mais se escuta entre os jovens é o mito de que a maconha, ou “erva maldita”, “baseado”, “cannabis”, faz menos mal do que o álcool e o cigarro.
Encarar desta forma é um grande equívoco, uma ideia obsoleta e sem parâmetros científicos. Os psiquiatras Ronaldo Laranjeira, da Unifesp; José Alexandre de Souza Crippa, da Unifesp/Ribeirão Preto;Valentim Gentil, do Instituto psiquiátrico do hospital das clínicas e a psicóloga Clarisse Madruga, também da Unifesp, afirmam que o uso da droga afeta cinco áreas do nosso cérebro, sendo elas:
1- córtex - área da cognição –, causando falta de concentração, dificuldade de raciocínio e problemas de comunicação.
2- Hipotálamo – área da sensação de saciedade – gerando o aumento do apetite.
3- Hipocampo – área da memória – ocasionando a perda das lembranças, tanto recentes como as de longa duração.
4- Núcleos da base e Cerebelo – área dos movimentos do corpo – resultando na falta de coordenação motora e desequilíbrio.
5- Amígdala – área do controle das emoções – atuando no aumento ou diminuição da ansiedade.
Vamos, então, imaginar o uso a longo prazo, como desencadeador de prejuízos físicos e emocionais. Para Ronaldo Laranjeiras, as longas tragadas sem filtro, consomem quatro vezes mais alcatrão em relação ao cigarro de tabaco, e cinco vezes mais monóxido de carbono, duas substâncias diretamente associadas ao câncer de pulmão.
Em relação ao consumo do álcool em excesso, seu uso afeta o fígado e o cérebro, no entanto, com a suspensão do mesmo, é possível a recuperação total do fígado. Já no cérebro, o álcool deixa as membranas dos neurônios mais frágeis, porém, com a interrupção do consumo, existe uma alta capacidade de regeneração das mesmas.
Percebe-se que a falta de informação faz com que muitas pessoas, principalmente jovens, tornem-se dependentes dessa substância, sem ao menos imaginar as possíveis sequelas por toda uma vida.
A busca constante da felicidade tem motivado os psicólogos clínicos, nos últimos tempos, a realizarem pesquisas sobre a raiva, inveja e insatisfações, procurando o entendimento dos conteúdos perturbadores. Já os neurocientistas, vêm-se preocupado em detectar, no cérebro, os hormônios desencadeadores da alegria, da felicidade, assim como da mágoa e da depressão.
Portanto, é importante observarmos quais desses fatores nos afeta, atentando principalmente ao comportamento e o sentimento dos jovens, a partir da pré-adolescência, para ajudá-los a lidar de todas as formas com seus sentimentos diante da vida. Buscando, dessa forma, o tratamento adequado, tanto individual quanto familiar, para que nenhum tipo de droga, dita “sensação de felicidade”, os inutilize e limite seu potencial.
Ana Stuart é psicóloga e terapeuta familiar
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