Desbravando um pedacinho da América
O sol estava escaldante na terra do Tio Sam. Eu chegava em pleno verão na cidade que passaria a ser a minha morada pelos seis meses seguintes. O calor era tão intenso que só pensava num suco bem gelado quando chegasse à cidade de Ann Arbor, no estado de Michigan, EUA.
O aeroporto estava movimentando e eu não conseguia avistar minha tia que me esperava ansiosamente na área de desembarque. Depois de onze horas de voo, eu chegava na cidade de Detroit com um mochilão nas costas e um olhar apreensivo para o desconhecido, mas isso logo passou quando ganhei um abraço apertado da pessoa que eu mais queria ver naquele momento: tia Claudia.
Ainda faltava uma hora de viagem de carro de Detroit até Ann Arbor. O cansaço foi passando e comecei a prestar atenção nas estradas e nos carros. Era tudo tão diferente, tão organizado e bonito. Para meu deleite, Billy Holiday cantava um jazz maravilhoso que passaria a ser a trilha sonora da minha vida!
Chegando em Ann Arbor, fomos ao encontro do meu tio americano que nos aguardava num restaurante grego. Lembro-me até hoje de cumprimentá-lo com um beijo no rosto e um abraço e ele me reprimir dizendo: "Aqui não se abraça e se beija no rosto. Damos aperto de mão e de preferência com certa distância". Ainda bem que eu tinha uma tia brasileira que nunca me negaria um abraço e um beijo no rosto.
Depois de lanchar, meus tios foram me apresentar a cidade. Não era um dia qualquer, era o primeiro dia da Feira de Arte Internacional que só acontece uma vez por ano, no mês de julho. A cidade exalava cultura, jazz, blues, línguas de todos os cantos do mundo, cores, texturas e cheiros de comidas que eu nunca havia saboreado. Esse dia foi inesquecível. Nunca presenciei tantas coisas diferentes. Não sabia por onde começar e se não fosse minha tia, eu teria gastado todos os meus dólares em obras de arte (risos).
Nos Estados Unidos as medidas de copos e refeições possuem um tamanho bem diferenciado do Brasil. Neste mesmo dia, fomos a um café pub e, como sempre sou "olho gordo", pedi um ice coffee tamanho "grande". Meu tio pediu para trocar para o tamanho pequeno no mesmo momento em que eu havia feito o pedido, mas minha tia queria que eu tomasse a primeira lição do dia: o tamanho "grande" nos EUA é o equivalente ao "gigante" no Brasil. E assim, chegou um copo enorme de ice coffee (acho que tinha um litro de café gelado!) e para não desperdiçar aquela bebida tão gostosa, tomei todo o conteúdo. Havia apenas um pequeno detalhe, eu não imaginava que aquilo me faria ficar acordada por mais de 24horas...
Depois de andar durante horas entre lojas e barracas, o dia chegava ao fim e eu queria eternizá-lo em minha memória. Como sempre gostei de fotografia e naquele momento não tinha uma câmera, minha tia resolveu presentear-me com um quadro que seria a nossa própria caricatura. Fomos à barraca de um artista local e nos sentamos alegremente esperando pela arte final. Éramos três pessoas completamente diferentes umas das outras, porém tínhamos uma coisa em comum: a alegria estampada no rosto e na alma.
Eduarda Guerra é jornalista, amante da natureza e apreciadora de bons vinhos, livros e esportes ao ar livre. Com sua mochila inseparável, adora conhecer novos lugares e pessoas de culturas diferentes.
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