Um novo rumo profissional Mudar de ?rea profissional depois de alguns anos de trabalho n?o ? incomum, mas ? preciso vontade de fazer a diferen?a para se destacar no mercado

A psic?loga e consultora em RH, Maria Aparecida Frade Pires, comenta a escolha de quem acaba mudando o rumo profissional em que atua. Assista ao v?deo, clicando no ?cone ao lado.

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S?lvia Zoche
Rep?rter
08/01/2007

Um dia, todo mundo precisa escolher a carreira profissional que vai seguir na vida. Quem faz o Ensino M?dio j? sabe que ? necess?rio ter em mente a ?rea que deseja seguir. Entre os 17 e 18 anos, quem presta vestibular possui a dif?cil tarefa de decidir o curso superior que vai estudar. Talvez, seja cedo demais para alguns; outros, pelo contr?rio, j? t?m certeza do que querem. H? quem recorra a orienta??o vocacional, o que ? uma boa pedida para quem perceber suas ?reas de interesse.

Mas, e quem j? est? no mundo profissional e j? come?ou a constru??o de uma carreira e percebeu que n?o ? nada disso que deseja para si mesmo? Isso aconteceu com o cabeleireiro Miqu?ias Adilson (foto ao lado), que demorou oito anos at? chegar a atividade profissional em que est? hoje.

Aos 18 anos, ele nem cogitou que seria cabeleireiro. "Antes disso, fiz curso t?cnico em Inform?tica. Aos 18, entrei para a Aeron?utica, porque minha fam?lia tem militar. Meu pai ?, meu irm?o...". Ele comenta que esta ? a velha hist?ria do filho que faz Direito, porque o pai ? advogado e acredita que necessariamente, est? ser? sua voca??o.

Ele percebeu que ser militar n?o era sua praia. Come?ou a trabalhar em uma empresa de seguran?a eletr?nica, entrou para a faculdade de Sistema de Gerenciamento de Inform?tica Empresarial. "Como eu j? tinha feito curso t?cnico na ?rea, resolvi me aprimorar, mas precisava de um emprego durante o dia para pagar o curso".

E Miqu?ias conseguiu como manobrista de uma franquia de sal?o de beleza que abriu em Juiz de Fora h? alguns anos. "Nem manobrista eu era. Como o sal?o estava em obras, ajudei na parte administrativa". E assim foi at? se formar na faculdade, depois de dois anos e meio. O problema ? que ele n?o via perspectiva nenhuma no diploma que recebeu.

"Um dia, no churrasco l? em casa, brinquei com o Fernando, um dos cabeleireiros do sal?o, que se n?o desse certo, eu ia ser cabeleireiro. Mas falei brincando e ele me deu for?a. A a Angelina - atual esposa, na ?poca, namorada -, tamb?m apoiou". O conv?vio no sal?o ajudou Miqu?ias a tomar a decis?o. Isso foi h? quase oito anos e hoje ele ? s?cio-propriet?rio de seu pr?prio sal?o. "Sempre tive a vis?o de ter o meu pr?prio neg?cio".

A s?cia de Miqu?ias ? a cabeleireira Angelina Chianello (foto ao lado), que tamb?m teve o destino profissional modificado ao longo dos anos. "Eu prestei vestibular pra Belas Artes na UFMG e pra Educa??o Art?stica na UFJF. Eu passei nos dois. Eu queria ir pra BH, mas meu pai queria que eu ficasse aqui". Resultado. Ela n?o fez o curso com t?o boa vontade e ainda teve uma gravidez n?o planejada, mudou de cidade e teve que trancar a faculdade.

"Quando eu quis voltar, estava mudando de coordenador, e ele disse que eu n?o poderia voltar mais. Fiquei arrasada", conta. Bem mais tarde, ela soube que o coordenador estava errado e que poderia ter terminado o ?ltimo semestre do curso. Mas n?o d? para ficar sem trabalho e ela conseguiu emprego em uma loja de roupas e depois em um call center.

Certo dia, o pai de Angelina sugeriu que ela fizesse um curso de cabeleireiro. "Nossa! Eu n?o queria fazer de jeito nenhum. Imagina! Eu sabia desenhar, tocar viol?o, um monte de coisas... Eu n?o queria isso". Mas, hoje, ela viu que o pai dela teve vis?o. "Ele me convenceu, falou que pagava pra mim. Um dia fui na Feira em S?o Paulo. E vi que poderia colocar o que eu sabia em pr?tica. ? pura Arte!", fala. Para ela, al?m do sonho, ? importante a remunera??o. "Mas s? passei a ganhar dinheiro, porque sou feliz com o que fa?o", garante.

J? o empres?rio F?bio Ara?jo aliou a faculdade de Publicidade e Propaganda, que est? quase terminando, com a de Sistemas de Informa??o. "Vi que era necess?rio uma pessoa para desenvolver software, mas tamb?m uma que soubesse sobre layout". Atualmente, ele presta servi?os na ?rea de Inform?tica em uma empresa e abriu uma ag?ncia de publicidade. O sonho de F?bio ? trabalhar somente com a publicidade, no futuro. "A comunica??o ? o foco principal. O Sistema de Informa??o com o tempo vai se transformar o Sistema de Comunica??o", diz.

"Pessoa certa no lugar certo"

Foto 
da psic?loga e consultora em RH, Maria Aparecida Frade Pires "O s?culo XXI ? o s?culo da informa??o, do conhecimento. H? uma gama de possibilidades que o mundo oferece. Por um lado ? bom, mas por outro, os jovens, muitas vezes, n?o recebem uma orienta??o sobre o que escolher", diz a psic?loga e consultora em RH, Maria Aparecida Frade Pires (foto ao lado).

Ela ressalta que algumas escolas do Ensino M?dio j? oferecem algum tipo de orienta??o vocacional a partir do segundo ano. "Existe tamb?m um trabalho interessante dentro de algumas empresas. A ?rea de RH percebe a 'pessoa certa no lugar errado' e faz um trabalho para redirecionar a ?rea ideal dentro da pr?pria empresa. Existe uma preocupa??o em administrar os conflitos, at? para que os funcion?rios se sintam satisfeitos, n?o s? financeiramente".

Seguir a profiss?o que algu?m deseja, como pai, m?e, irm?o...; ou achar que precisa ser m?dico, porque ? tradi??o de fam?lia, pode at? n?o interferir no sucesso de sua carreira, mas pode deix?-lo frustrado. "Outro exemplo ? do jovem inserido na sociedade cada vez mais cedo e vemos muitas meninas gr?vidas. Elas, muitas vezes, precisam procurar um trabalho por cobran?a da fam?lia, p?ra de estudar e n?o pode dar prioridade ao seu sonho".

Para a psic?loga, idade n?o ? empecilho. "O conhecimento est? aberto para qualquer um. H? pessoas que justificam que n?o podem e n?o tentam mudar e outras que arrega?a as mangas e faz aquilo que deseja". Se a pessoa n?o est? satisfeita com sua carreira, se sente incomodada, n?o sabe como mudar, mas tem vontade, ? aconselh?vel buscar uma ajuda de um profissional de RH ou psic?logo. "O importante ? perceber qual o seu foco. Mas tem gente que tem como lema a letra da m?sica do Zeca Pagodinho 'Deixa a vida me levar'", diz Aparecida, que usa este exemplo em palestras.

Se quer mudar, pense sobre as perspectivas de vida e suas ?rea de interesse. Se sozinho estiver complicado, procure orienta??o vocacional. "As faculdades de Psicologia oferecem a orienta??o a um pre?o mais acess?vel". A consultora aconselha perceber o que chama sua aten??o, o que te d? prazer de fazer no dia-a-dia, seja ir a um cinema, gostar de leitura, de computador... Notar se gosta de trabalhar mais em grupo ou sozinho, notar quais as caracter?sticas que as pessoas admiram em voc?, o que cobram para sua melhoria... "? estar atento ao seu lugar no mundo".

Ent?o, nada de colocar a culpa no poder, na sociedade, no governo, na fam?lia e tente mudar esta condi??o que o incomoda. "O mercado ? cruel na quest?o da exig?ncia, da qualidade. Voc? encanta o outro com aquilo que voc? faz. A vontade de fazer a diferen?a traz o aperfei?oamento cont?nuo", conclui Maria Aparecida.


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