do que a pr?pria doen?a"
De seis em seis meses. Esse era o per?odo em que o engenheiro Jos? M?rcio Braga Bastos fazia um check up completo. "Isso permitiu definir com uma precis?o muito grande o per?odo em que a contagem de leuc?citos come?ou a alterar", esclarece.
Em janeiro de 1990, Jos? M?rcio recebeu o exame que constatava esse desvio. Se por um lado o diagn?stico foi precoce, a conclus?o final sobre o que deveria ser feito para controlar essa altera?es dos padr?es celulares demorou.
"No in?cio foi tudo muito confuso. Naquela ?poca, os conhecimentos eram muito escassos. Os pr?prios m?dicos n?o souberam conduzir o fato. Sabiam que eu tinha uma leucemia, mas n?o conheciam o tipo e nem sabiam o que deveria ser feito".
Foram v?rios m?dicos consultados, de acordo com o engenheiro, "at? que achei um que conseguiu detectar exatamente que eu tinha uma leucemia miel?ide cr?nica. Foi ele quem me explicou como era esse tipo de c?ncer e concluiu que, por estar numa fase inicial, eu poderia fazer um controle da doen?a".
Ang?stia e incertezas
A solu??o que restou, conta Jos? M?rcio, foi um tratamento paliativo com um rem?dio chamado Hydrea. "O que acontece com a leucemia ? que os gl?bulos brancos come?am a se multiplicar muito rapidamente e acabam tomando 'espa?o' dos gl?bulos vermelhos. Esse rem?dio bloquearia essa reprodu??o celular, permitindo um certo controle, mas seria um tratamento tempor?rio, considerando a capacidade que o organismo tem de se adaptar e de se tornar resistente ao rem?dio".
Jos? M?rcio lembra que esse foi um per?odo muito dif?cil. "Al?m de toda a fam?lia estar abalada, o fato de voc? n?o ter op??o para tratar a doen?a traz uma sensa??o de que o mundo est? contra voc?. Voc? se sente abalado, mas ao mesmo tempo adquire um certa for?a. ? medida que a doen?a avan?a, voc? se fortalece".
O fato de ter somente tr?s anos de vida pela frente modificou o comportamento do engenheiro. Ele conta que passou a ver a vida de outra forma, observando e dando mais valor aos pequenos detalhes, al?m de pensar o futuro de um jeito mais pragm?tico. Com os pais j? com uma certa idade e, sendo filho ?nico, tentou prepar?-los para o que iria acontecer e preocupou-se tamb?m em garantir uma certa estabilidade para os filhos.
Durante o primeiro ano foram essas as atitudes que Jos? M?rcio tomou. Nesse tempo tamb?m, procurou outras alternativas e possibilidades de tratamento para o c?ncer que n?o escondeu de ningu?m. Cadastrado num banco mundial que constatava a compatibilidade entre medulas ?sseas, o engenheiro chegou a encontrar um doador na Fran?a. "Essa era uma chance remota de um para um milh?o, mas ele j? tinha morrido quando o encontraram". Sem esperan?as, resolveu parar de procurar outra solu??o.
Uma luz no fim do t?nel
At? que um dia, um amigo indicou-lhe um m?dico rec?m-chegado dos Estados
Unidos que teria dados de uma pesquisa nova sobre a leucemia miel?ide
cr?nica. Depois de analisar o caso, o m?dico chegou ? conclus?o de que a
t?cnica que estava sendo aplicada em Houston, no Hospital MD Anderson,
poderia amenizar a situa??o de Jos? M?rcio.
O hospital ? um centro avan?ado de tratamento para o c?ncer. L?, depois de uma batelada de exames, os m?dicos norte-americanos estimaram mais cinco anos de vida para o engenheiro que poderiam vir a ser mais dez. "Eles me apresentaram duas possibilidades, o auto-transplante que era uma t?cnica muito recente e o congelamento da medula, o mais indicado para o meu caso. As c?lulas da minha medula foram ent?o congeladas para serem utilizadas se fosse o caso de fazer um auto-transplante mais tarde".
Al?m dessas alternativas, no MD Anderson, Jos? M?rcio foi apresentado a um outro m?dico que estava desenvolvendo a bioterapia, um tratamento biol?gico com uma prote?na chamada Interferon que poderia inclusive cur?-lo. Essa prote?na, segundo o engenheiro, tinha chance de ter resultado em 5% dos casos de leucemia. "O Interferon corrigia a anomalia celular do cromossomo Filad?lfia, justamente o meu caso".
Era a not?cia de que precisava para acabar de vez com a ang?stia pela falta de esperan?a. "Passei ent?o a fazer o uso desse medicamento e, um m?s depois, ap?s passar por novos exames, os m?dicos constataram que, na amostra colhida, 40% das c?lulas j? n?o possu?am mais o defeito. Isso foi uma vit?ria". Vit?ria que n?o parou por a?, seis meses depois, os exames verificaram que a prote?na tinha interferido em 100% das c?lulas.
Enfim, a cura
Mas foi h? dois anos, ap?s um longo tempo de tratamento e depois de um novo exame para an?lise dos Cromossomos Filad?lfia que veio a not?cia mais esperada. "Eu estava curado". Por precau??o, Jos? M?rcio tomou o Interferon at? o ?ltimo m?s, e considera-se uma exce??o. "Eu tive uma sorte muito grande, fui contemplado por uma gra?a que n?o tem justificativa. Pessoas boas como eu, amigos meus n?o conseguiram sobreviver. Eu conheci muita gente que morreu pela mesma doen?a, tendo acesso ao mesmo tratamento que eu. At? hoje eu n?o sei o que aconteceu comigo".
A li??o que tirou disso tudo, o engenheiro conta para todo mundo. "O c?ncer ? mais um tabu do que uma doen?a. Se as pessoas conseguirem compreender que v?o morrer de qualquer maneira, conseguem passar por esse percal?o com muita tranq?ilidade. O c?ncer mata mais na cabe?a do que a pr?pria doen?a".
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