Superando preconceitos para brilhar Nina Bombom é drag queen há dois anos e conta que, apesar de todas as barreiras, não desiste desse sonho por nada
*Colaboração
12/08/2008
Foi aos 15 anos, quando assistia a vídeos da drag queen Lisa Bombom, que Bruno se encantou pelo universo drag. Um ano mais tarde resolveu se montar. Uma peruca aqui, um brinco ali, uma maquiagem acolá e o garoto foi se transformando lentamente.
Mais um ano e Nina Bombom estava devidamente montada e Bruno definitivamente transformado. O que era um sonho de um jovem homossexual, se transformou no projeto de uma carreira. Se antes Bruno escondia sua verdadeira identidade, a partir dali já não dava mais, Nina Bombom já havia criado vida.
No começo a mãe ficou preocupada, achando que ele fazia programa, mas quando ele explicou que sua função era animar festas, ela se acalmou e hoje é responsável pelos figurinos dos shows de Nina Bombom.
Entre os amigos heterossexuais as reações foram variadas, mas Nina tirou de letra. "No começo todo mundo estranhou, depois se acostumaram. Tem uns que nem me chamam mais de Bruno, só de Nina. Outros me chamam para animar festas de formatura, mas tem uns que ainda estranham e outros que nem sabem"
.
Com quase 19 anos, Nina Bombom faz apresentações performáticas e na terça-feira, dia 12 de agosto, fez sua estréia como atriz no espetáculo Drag's School Musical que abriu as festividades da semana que valoriza o orgulho GLBT em Juiz de Fora.
Preconceito
O universo das drags nem sempre é colorido como se pensa. O tempo todo elas têm que lidar com o preconceito, o desrespeito e a falta de conhecimento em relação ao trabalho que realizam.
Nina conta que a maioria das pessoas associa o trabalho de drag queen ao contexto de promiscuidade e drogas, reservando uma série de humilhações para elas. "Tem muita gente que faz chacota, que não acredita que a gente faz um trabalho legal. Temos sempre que nos superar e fazer o melhor"
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Muitos são os "nãos" que Nina já ouviu, muitas portas se fecharam ao longo dos dois anos em que ela se dedica à carreira, mas ela não desistiu porque acredita que ser drag "é ter consciência do que estou fazendo, de que não estou fazendo nada de errado"
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Nas relações pessoais Nina já enfrentou situações difíceis. "Já aconteceu de eu estar ficando com um menino e quando ele descobriu, não quis mais ficar comigo. Mas eu sempre pensei: antes de tudo, eu. Prefiro seguir minha carreira do que ficar por conta dos outros"
, afirma.
Mesmo com toda essa auto-cofiança, Nina já pensou em desistir pela falta de recursos da cidade em que nasceu. Mas, quando veio trabalhar em Juiz de Fora, suas energias revigoraram e Nina Bombom surgiu mais forte do que nunca. "Em Juiz de Fora as portas se abriram mais"
, comemora.
Assim que chegou na cidade, Nina participou de um concurso para drag queen, realizado em uma casa noturna, mas não chegou nem às eliminatórias. Com coragem e determinação, ela persistiu no sonho e se inscreveu novamente. Neste ano, está na final, que acontece nesta sexta-feira, 15 de agosto.
Apesar das dificuldades, Nina Bombom segue seu caminho, se divertindo como drag queen. "Ser drag é diferente, é bom, é divertido. Na parada gay é legal porque as pessoas acham curioso, querem tirar foto e o calor do povo é contagiante. Ser diferente é bom"
, revela.
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