Com oito dias, greve dos Correios em Juiz de Fora causa transtorno aos usuários

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Com oito dias, greve dos Correios em Juiz de Fora causa transtorno aos usuáriosSe o cliente provar que foi lesado ou sofreu algum prejuízo com a impontualidade, ele poderá solicitar ressarcimento

Jorge Júnior
Repórter
22/9/2011

A greve do Correios, que já dura oito dias em Juiz de Fora, está causando transtorno aos usuários do serviço. A estudante de Direito Ariella Pereira conta que está esperando o cartão bancário, previsto para chegar há cerca de 15 dias. "Estou enfrentando filas, para efetuar as minhas transações bancárias." Segundo Ariella, ela entrou em contato com o banco, mas o departamento responsável justificou que o atraso é devido à greve dos Correios.

A indignação também é ressaltada pela estudante do curso de Desing de Moda, Natália Raposo, que recebeu uma notificação dos Correios, informando que haveria uma encomenda para ela resgatar na agência dos Correios. "No dia que eu fui buscar, os Correios entraram em greve, e a minha data limite era no dia 18. Agora terei que esperar, por tempo indeterminado, para pegar o documento."

Para a estudante de jornalismo, Amanda Magalhães, a situação não foi diferente. Ela conta que, no dia 14 de setembro, sua amiga a encaminhou os ingressos para o show do Rock in Rio 2011, evento este que começa nesta sexta-feira, 23. A encomenda deveria ter chegado a sua residência na segunda-feira, dia 20, já que o prazo dado pela empresa foi de quatro dias úteis, mas não foi isso que ocorreu.

"Esperei até o dia 21 e como não chegou, fui até a agência central dos Correios, na rua Marechal. No local, me disseram que eles não sabiam e nem tinham previsão para a chegada dos meus ingressos", conta a estudante, que tem a data de validade para o seu par de convites para o sábado, 24. Com a aproximação do prazo, na quarta-feira, 22, Amanda registrou uma reclamação na Ouvidoria dos Correios. "Meu pedido foi cadastrado em caráter de urgência." diz.

Na tarde desta quinta, enquanto concedia a entrevista ao Portal ACESSA.com, a estudante foi surpreendida com a passagem do carteiro, que depositou em sua caixa de correspondência, os dois ingressos, comprados pela jovem, no valor de R$ 380. Caso a encomenda não chegasse, Amanda teria o prejuízo dos ingressos, além das taxas dos Correios. "Meu medo era porque não tem mais ingressos à venda para o dia. Eu perderia o evento", lembra.

Como proceder

O diretor de atendimento da Agência de Proteção e Defesa do Consumidor de Juiz de Fora (Procon/JF), Oscar Furtado, diz que, em caso de ingresso, a maioria dos contratos informam que se ocorrer atraso, o consumidor deve procurar o fornecedor e agendar um local para retirar o convite. "É uma questão de bom senso de ambas as partes. Se a pessoa recebeu o pedido, mesmo com atraso, e não gerou nenhum tipo de prejuízo, ela não tem do que reclamar. O caso também vale para cartas, documentos e qualquer tipo de entrega que estão atrasadas." Segundo Furtado, se o cliente provar que foi lesado ou sofreu algum prejuízo com a impontualidade, ele poderá solicitar ressarcimento.

Em caso de contras atrasadas, Furtado destaca que o consumidor deve honrar seus compromissos, respeitando os prazos acordados. Se as contas não estão chegando à residência do consumidor, pelo fato de os Correios estarem em greve, o próprio consumidor deve procurar seu credor e solicitar outra forma de pagamento. Seja utilizando o caixa eletrônico, a internet ou o código de barras em supermercados, a pessoa precisa cumprir sua obrigação. O órgão diz ainda que, se o credor, apesar de tudo, não fornecer outra alternativa de pagamento, o consumidor pode procurar o Procon para formalizar queixa e pedir ressarcimento das taxas pagas por atraso, já que não teve outra alternativa.

Com relação às compras que foram feitas pela internet, o Procon informa que, se a encomenda demorar muito a ser entregue, o cliente deve entrar em contato com a empresa em que comprou o produto. O Procon entende que a empresa não pode ser responsabilizada pela demora, apesar de ter contratado o serviço. Se o consumidor for vítima da má prestação de serviço, pode abrir reclamação junto ao Procon. Caso não receba a compra, pode cancelá-la e pedir o dinheiro pago de volta. De qualquer forma, os Correios disponibilizaram, no site, um espaço para que o próprio cliente faça o rastreamento da aquisição. É preciso digitar apenas o número do pedido fornecido pela empresa.

Funcionamento

Em nota, os Correios informaram que, nesta quinta-feira, o percentual de adesão nacional à paralisação encontra-se em 22%. A carga entregue corresponde a cerca de 65% do total referente aos dias de paralisação, ou seja, cerca de 35% do total deixou de ser entregue e segue com atraso. Ainda estão suspensos os serviços Sedex 10, Sedex Hoje e Disque-Coleta, por se tratar de serviços com horário marcado.

Em Minas Gerais, a paralisação está concentrada na região metropolitana de Belo Horizonte e nos municípios de Juiz de Fora, Montes Claros, Uberaba e Uberlândia. A média de adesão do estado é menor que a nacional: 10%. A média de carga que segue com atraso em Minas também é inferior à nacional; dos 3,5 milhões de objetos postais que circulam diariamente no estado, apenas 18% seguem com algum atraso.

Os textos são revisados por Thaísa Hosken