Toda experiência é valida

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Toda experi?ncia ? valida
Jussara Hadadd 15/10/2013

Toda experiência é valida

Já é tarde, tarde. Mas não é tarde demais para entender o porque dos processos da vida. De como as coisas acontecem e o significado das pessoas em nossa caminhada.

Mania nossa, humana e pequena, ingrata por vezes, de desprezar a participação positiva daqueles que nos relacionamos em períodos diversos de nossa jornada.

No amor e no sexo, acontece sobremaneira.

No início, o príncipe e a princesa do conto de fadas, que sonham em viver felizes para sempre, pintam em suas mentes e em seus corações o tipo ideal, imagem de seus sonhos, sua própria imagem, enfim.

No final, os demônios que nos tomaram tempo, nos entorpeceram e nos levaram à ruína, marca, mágoa, dor e teor do que nos transformamos e, coitadinhos de nós. "Você destruiu a minha vida".

Há uma linha tênue na percepção da influência do outro em nossa vida, no sentido de sairmos melhores e maiores e não arrasados de uma relação amorosa.

Se entendêssemos a vinda do outro como uma escola, que pode ser como um cursinho intensivo ou uma faculdade, com todas as suas extensões e especializações, a justiça se faria, e as relações intimas ao invés de degradadas e mal faladas, claro, quando a perdemos, seriam reverenciadas e a pessoa que partiu seria amada e respeitada pela contribuição em nosso aprendizado.

Querem exemplos? Eu sei.

Da mulher fria e materialista, ao homem capaz de testar sua retidão e posicionamento em sair, antes de ferir. Em agir em favor da união, antes de trair.

Do homem distante e pouco carinhoso, a mulher auto superável capaz de derreter o gelo da ignorância de seu amado com sua doçura e sensibilidade.

Da mulher louca, ao marido resignado, a paciência, a compreensão e a gratidão pela presença de outra mais tranquila e dedicada, algum dia, após o trauma em sua vida.

Do homem sisudo, covarde e pouco habilidoso, a mulher resistente, capaz de crescer em sua solidão, com força para sorrir.

Do amor conturbado, conflitado, pouco correspondido, a capacidade de renascer em amor e viver com outro como se nada tivesse acontecido. De não julgar, de não castigar.

Ninguém é ruim de cama, beija mal ou é de todo insensível. Talvez não tenha ainda chegado o perfeito encaixe. Do sexo atabalhoado, mecanizado e desprovido de emoção, a vontade enorme de levar para o futuro e a um amor de seu merecimento, toda beleza do amor expresso em suores, salivas e lagrimas de contentamento.

Que o amanhã seja o palco da vida ensaiada, observada e provida de toda educação que o não compreensível oferece. Que a compaixão seja o sentimento maior e o desejo sincero de toda felicidade do mundo para os incapazes de amar que passaram pela sua vida.

Toda experiência soma, todo perdão é valido, todo respeito tem lugar, toda vontade de ser e ir além do que o outro pareça poder ou pretenda ou você entenda que ele vá mudar no seu destino, que tudo isto seja superado pelo que você realmente é capaz de se proporcionar ao se ver um observador atento, um aluno aplicado que aprende, que depura e decanta, cada ensinamento oferecido, mesmo que em forma de sofrimento.

Ninguém pode nos ferir, ofender ou magoar, porque está em nós, a leitura que fazemos da incidência do outro em nossa existência.

Que ainda assim, traçada a mais pura realidade, não seja proibido sonhar. Que o acordar se faça, exista, venha nos fazendo fortes, inteiros e prontos para de novo amar.

Nada dura para sempre, nem a dores, nem as alegrias. Tudo na vida se supera.

Caio Fernandes Abreu


Jussara Hadadd é filósofa clínica, psicoterapeuta, especialista em sexualidade feminina, escritora, palestrante.
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