Cecília Junqueira Cecília Junqueira 16/3/2011


Sustentabilidade empresarial e a responsabilidade dos consumidores 

Imagem de globo e luzA evolução do conceito de sustentabilidade corrobora com a ideia de que o lucro não deve ser o único objetivo da empresa. Aceitar este fato é reconhecer valores intrínsecos à gestão empresarial, que vão além de aspectos quantitativos (numéricos). A capacidade de percepção desses valores gerenciais subjetivos (que não são matematicamente quantificáveis) é responsável por gerar o grande diferencial competitivo, transformando o desafio em oportunidade e o risco em conveniência...

Para que seja contemplada a visão holística empresarial, de que ainda pouco vos falava (focada não apenas no lucro), os aspectos sociais, ambientais e econômicos devem andar de mãos dadas, estruturando o tripé da sustentabilidade. Agora sim podemos começar a pensar em falar em projetos de melhoria, visão de longo prazo, ética empresarial, imagem corporativa...

O caldeirão interdisciplinar de plano de ação é que determina, não só o lucro, mas também o desempenho não financeiro e a longevidade da empresa. Esses dois últimos, chamados de intangíveis (aquilo que não se pode tocar, quantificar), representam o ativo mais precioso de empresa, porque são os que fazem os clientes apaixonarem-se pelo serviço/produto, fidelizando com a marca.

Nós clientes, consumidores, nunca antes estivemos tão bem informados e engajados, com o advento da internet e das redes sociais, todas as máscaras caem rapidamente, não adianta as empresas burlarem nosso senso crítico. O marketing de fachada está com os dias contados.

Como diz o pai do marketing moderno, Philip Kotler, em seu livro Marketing 3.0!, "o consumidor é mais que um simples comprador, ele tem preocupações coletivas e ambientais e aspira por uma sociedade melhor..."

Sabe-se que 85% dos consumidores de primeiro mundo preferem marcas socialmente responsáveis (aquelas que pagam honestamente seus funcionários, que são parceiras de projetos sociais, que dividem o lucro...), 70% dos consumidores pagariam mais por ela (estou neste grupo, que prefere pagar um pouquinho mais caro no Mercado Mascarenhas — sim, este mesmo — mas sabendo que estou colaborando com a agricultura familiar, setor mais preocupado com a qualidade do que com a quantidade, valores estes também intangíveis, se lembra?).

Agora, gostaria de deixar umas dicas para você, ser humano que consome, ao entrar num supermercado (ai, eu vejo cada coisa, meus deus), loja de conveniência ou num magazine, observe:

  • Se não existe um rodízio intenso de funcionários;
  • Se a empresa faz parcerias com projetos sociais;
  • Se capacita seus funcionários;
  • Se oferece benefícios para o trabalhador (plano de saúde, cesta básica, cursos...);
  • Se oferece condições básicas de salubridade e segurança;
  • Se os funcionários são bem tratados e felizes (acho esta fundamental);
  • Se oferece soluções inovadoras para seus problemas;

Se a empresa compartilha com o cliente a responsabilidade ambiental de descarte dos eletroeletrônicos, pilhas, lâmpadas, objetos perfurocortantes, remédios.

Se a maioria das suas respostas foram "sim", você vive em um lugar com práticas de responsabilidade socioambiental. Agora, se você acha que este teste é de outro planeta, porque você nunca viu nada parecido em sua cidade, está na hora de mudar este cenário, evitando comprar em empresas sem responsabilidade. Comprar determinado produto ou serviço, é muito mais do que adquiri-lo, é estar, mesmo que sem saber, de comum acordo com as práticas gerenciais da empresa e nem sempre ela nos beneficia. Portanto, exercite suas escolhas, o poder de compra é como o voto, decisivo para nosso futuro comum!

Boa sorte em suas seleções!

Abraços verdes!


Cecília Junqueira é gestora ambiental, pós graduanda em problemas ambientais urbanos
e integrante da "Mundo Verde projetos ambientais".