Quanto(s) tempo(s)
E não é que a minha garganta foi pro brejo esta semana? Sucumbiu à primeira friagem do outono na gélida Juiz de Fora, que outrora era quente, que outrora era chuvosa, que outrora, que outrora... Não sei como os meteorologistas ainda não desistiram de trabalhar por aqui. As previsões em torno do tempo e da quantidade de variações climáticas que acontecem em nossos perímetros, permitem anagramas similares às combinações que podem gerar os números da Mega Sena. Ou seja, acertar o clima é pura loteria...
Devia mesmo era ter levado um moletom ou ter andado com uma bermuda debaixo da calça. Só assim, suportaria a variação frio-calor-frio-calor-frio que sempre acontece por essas bandas. Guarda-chuva também seria uma boa, mas odeio ter que disputar na zarabatana o espaço entre as marquises nas calçadas movimentadas em dia de chuva. Defendo a ideia ventilada pelo amigo Filipe Delage de instaurar sentido de mão dupla nas calçadas, com todos os pedestres andando pela direita da via. Acho que seria uma boa, principalmente, nos dias de chuva.
Brincadeiras à parte, já estou medicado e a voz já está ficando menos nasalada. Só espero que não haja nova variação climática brusca que comprometa todo o trabalho dos analgésicos e antitérmicos utilizados no combate à infecção da garganta. No entanto, como bem sabemos, Juiz de Fora é afeita às quatro estações em 24 horas. Então, assim como na loteria, cabe uma boa dose de sorte e acompanhar o céu. Ora nublado, passando a parcialmente nublado, ora com sol, coberto por nuvens, com total possibilidade de chuvas. E com a temperatura devendo ficar entre 0º e 40º.
Mudando do tempo climático para o tempo cronológico, a Zona da Mata recebeu a boa notícia de que a cidadã mais idosa do mundo vive por aqui, mais precisamente em Carangola. Está lá, atestado pelo Guinness World Record. Maria Gomes Valentim ou, simplesmente, Vó Quita, com seus 114 anos de vida, talvez não imaginasse que míseros 48 dias fizessem a diferença para que ultrapassasse a concorrente ao posto que ora lhe é credenciado, a norte-americana, Besse Cooper. Tempo, relativo tempo.
Vendo as declarações da Vó Quita nas matérias disponibilizadas nos veículos de comunicação, deu pra perceber a sabedoria de quem está nesta dimensão há muito mais tempo do que nós. "Cuidar da própria vida, em vez da vida dos outros" me parece algo que devemos realmente levar a cabo para viver melhor. Vale destacar também o estilo de vida da senhora mais idosa do mundo: mora em uma região que propicia boa qualidade para passar seus dias, sem grandes restrições alimentares, inclusive. Suspeito até que ela não deve conhecer a essas invencionices alimentares a que nos acostumamos nos últimos anos, como refrigerantes, salgadinhos, arroz parboilizado e outras coisas que estragam os dentes e o estômago.
Com um exemplo tão positivo, sinto-me até mais inspirado para cuidar da vida e da saúde. Acho que nem as variações climáticas da cidade e da região são páreas para quem zela por si e somente por si mesmo. Mesmo com chuvas, tempestades, sol, seca e qualquer outro tipo de intempérie. Dá para aguentar quantos tempos vier. Seja o climático, seja o cronológico.
Juliano Nery pretende retirar as nuvens e arrumar "um tempo" ensolarado para ter "tempo" para si mesmo.
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Juliano Nery é jornalista, professor universitário e escritor. Graduado em Comunicação Social e mestre na linha de pesquisa Sujeitos Sociais, é orgulhoso por ser pai do Gabriel e costuma colocar amor em tudo o que faz.
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