Juliano Nery 9/4/2012 Primeira impressão
Queria mesmo era ser recebido com biscoitos e achocolatado, após uma semana intensa de trabalhos nas cidades e estradas mais setentrionais da Zona da Mata Mineira. No entanto, como sei que é pedir demais tais iguarias já na chegada, gostaria que, ao menos, fosse recebido com uma imagem mais bonita da cidade: o acesso da BR-267 para os bairros Floresta, Retiro e Santo Antônio não são nada agradáveis. Com vias escuras, mal sinalizadas e cuidadas, a primeira impressão para quem chega a Juiz de Fora não é das mais agradáveis e nem mesmo seguras. Até os moradores manifestam-se, instalando faixas e avisos no trajeto, com manequins ensanguentados, pedaços de carenagem simulando acidentes, tudo para alertar os passantes dos perigos no trecho. E pensa que é só por ali? — É só dar uma olhada nas outras entradas e saídas do município para perceber que a primeira recordação não é das melhores.
Quem pega a MG-353, aquela que dá acesso a avenida Juiz de Fora, passando pelo Filgueiras e pelo Grama, por exemplo, percebe que a sinalização da entrada da cidade é bastante precária por ali, restando ao viajante a dúvida se ele já chegou ao município, se ainda está em Coronel Pacheco... Não há um pórtico, um portal, uma placa de boas vindas. Biscoitinho e achocolatado passam longe dali... E não fica só nisso. A BR-040, toda pomposa no trecho de Juiz de Fora para o Rio de Janeiro, não encontra o mesmo requinte nos acessos nos trevos de acesso aos bairros Jockey Clube, Santa Cruz, Benfica e Barreira do Triunfo. Não chamam a atenção ao chegar ao destino e nem dá ideia do que a cidade pode proporcionar. A exceção à regra, na mesma rodovia, é a saída do km 799, aquela tradicionalmente utilizada por quem vem do Rio de Janeiro, pela Deusdedit Salgado. O resultado da obra que parecia não ter mais fim ficou muito bom e merece uma positiva menção. Por que não revitalizar as demais vias de acesso ao município? Fica a pergunta, com um relato da minha experiência pessoal...
Ali pelos idos de 1999, tive o meu primeiro contato com a Manchester Mineira. Embora nem conhecesse o lugar, já havia eleito Juiz de Fora para morar. A tríade universidade pública, bom curso superior e relativa proximidade de São Lourenço foram determinantes para a escolha, que até o momento vem demonstrando fazer sentido, já que tenho vínculos de sobra nesta terra. Minha primeira impressão na chegada, no entanto, não foi lá muito boa, quando a pompa da BR-040 se encerrou ali no km 784 e deu lugar aos buracos do acesso à JK, às pixações e aos maus cuidados das vias... Muito tom de cinza para um lugar que parecia ser tão bom e que é, comprovadamente a posteriori, muito bom! Minha sorte foi não nutrir preconceitos...
O supracitado exemplo da entrada pela Deusdedit Salgado e até mesmo as vias do acesso sul e norte da Universidade Federal de Juiz de Fora demonstram que um capricho com a entrada, cartão de visitas de qualquer lugar, faz muito bem para os olhos e para as impressões de quem acabou de chegar. A Copa do Mundo está aí e Juiz de Fora tem pretensões em abocanhar fatias do bolo deste grande evento. Quiçá com uma boa entrada que servirá, principalmente, para os que aqui habitam, os que vão e voltam.
Juliano Nery sonha com pórticos, portais, placas de boas-vindas e biscoitos com achocolatado.
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Juliano Nery é jornalista, professor universitário e escritor. Graduado em Comunicação Social e Mestre na linha de pesquisa Sujeitos Sociais, é orgulhoso por ser pai do Gabriel e costuma colocar amor em tudo o que faz.