Recém-nascido deve ou não dormir na cama dos pais?

Pediatras afirmam que dormir sozinho é forma de proteger o neném, já antropólogo americano diz que compartilhar a cama ajuda no desenvolvimento do bebê

Angeliza Lopes
Repórter
09/05/2015
bebe

A hora de dormir é sagrada, principalmente, para os recém-nascidos. Mas é certo é deixar os bebês dormirem sozinhos ou não? De acordo com recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) as mães devem acostumar os filhos a dormirem sozinhos desde bem pequenos, principalmente, na posição de barriga para cima. Com esta atitude os bebês estariam mais protegidos quanto a possíveis riscos de sufocamento ou aspirações, caso a criança 'golfe' ou tenha vômito durante a noite. No entanto, a pesquisa do professor antropólogo e diretor do Laboratório Comportamental do Sono Materno-Infantil da Universidade de Notre Dame, nos Estados Unidos, James J. McKenna, comprovou mudanças positivas no comportamento dos bebês quando utilizado, de forma segura, a cama compartilhada entre o neném e os pais.

Conforme avalia o estudioso norte-americano tocar um recém-nascido provoca mudanças em sua respiração, temperatura corporal, taxa de crescimento, pressão sanguínea e níveis de estresse. Em outras palavras, o corpo da mãe é o único ambiente ao qual o bebê humano está adaptado. As pesquisas iniciais feita com separação de mãe e recém-nascidos de macacos de forma breve causava efeitos fisiológicos negativos no macaco bebê (ritmo cardíaco, respiração, temperatura corporal, níveis de cortisol, digestão e crescimento).

Logo, McKenna liderou uma equipe de cientistas que documentaram efeitos no comportamento do bebê humano quando dormia sozinho e como ficava o sono em um contexto de cama compartilhada e de amamentação. "Mostramos como as diferentes modalidades sensoriais de mães e bebês afetam a umas e outros mutuamente. Não é apenas a mãe que modifica o status de sono e fisiológico do bebê, mas também o bebê que regula o comportamento e o status fisiológico da mãe", explica. As pesquisas confirmaram que a respiração da mãe e do recém-nascido são reguladas pela presença de ambos. Em artigos científicos, o professor argumentou que este é mais um sinal para lembrar aos bebês da necessidade de respirar, servindo como um sistema de 'back-up' para o caso de as transições respiratórias internas do bebê vacilarem.

Contraponto

Já a pediatra e coordenadora do berçário do Hospital Albert Sabin, Márcia Mizrahy, orienta que a mãe pode deixar o bebê próximo, nos dois primeiros meses de vida, para facilitar na amamentação. "No entanto, é importante frisar que podem estar próximos, mas em um carrinho ou caminha/berço separado. A mãe muito cansada pode se debruçar na criança, causando sufocamento. Até a posição dele pode ficar incorreta se estiver sobre a cama. Ele não deve ser acostumado a dormir no peito ou colo", ressalta. Segundo estudos da SBP, dormir de barriga para cima reduz em até 70% o risco de morte súbita – uma das principais causas de óbitos de crianças com até um ano.

Diferente das pesquisas do antropólogo, Márcia orienta que o bebê deve ser acostumado a dormir em seu quarto, no berço, sendo acalentado com carinho no rosto e nos pés. As rotinas devem ser bem precisas e o recém-nascido deve dormir cedo, pois o período de melhor desenvolvimento é entre 23h e 1h. "O ritual com oração, música de ninar pode acontecer, sempre próximo à sua cama, e se ele despertar, não é aconselhável retirá-lo do ambiente. Os pais devem tentar fazê-lo dormir no quarto mesmo". Ela conclui que também é importante deixar o bebê na luz de dia e no escuro a noite, para que entenda a diferenciação e mais aconselhado são ambientes com cheiro neutro.

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