Juiz de Fora terá exibição especial do documentário Território do Brincar, no dia 28
Renata e David percorreram o Brasil em busca da essência coletiva das brincadeiras, em comunidades e metrópoles, revelando o país através do olhar das crianças
Repórter
23/05/2015
Faltando uma semana para o aniversário de Juiz de Fora, que é comemorado no dia 31 de maio, a ACESSA.com reflete sobre o futuro das crianças e dos adolescentes do município e uma das atividades mais importantes para o crescimento lúdico nesta idade são as experiências do brincar. Com esta temática que os documentaristas Renata Meirelles e David Reeks, acompanhados de seus filhos, percorreram o Brasil em busca da essência coletiva das brincadeiras, que ainda vencem o ostracismo dos videogames e computadores. O projeto "Território do Brincar", que se tornou longa-metragem - 90 minutos, reúne imagens realizadas entre abril de 2012 e dezembro de 2013, em comunidades rurais, indígenas, quilombolas, grandes metrópoles, sertão e litoral, revelando o país através dos olhos de nossas crianças. A sessão especial em Juiz de Fora será exibida na próxima quinta-feira, 28, no anfiteatro João Carriço, na Funalfa, às 19h, mesmo dia em que o longa estreia oficialmente nos cinemas de São Paulo e do Rio de Janeiro. Após o filme será feita uma mesa-redonda para discutir o assunto.
A doutora em educação e especialista em pedagogia Waldorf, Nina Veiga, explica que as exibições do filme por todo o Brasil é uma ação do Instituto Alana, que é correalizador do projeto, com o apoio do Aliança pela Infância. A vinda do filme para a cidade é importante por trazer a discussão do potencial do brincar para os educadores e pais de Juiz de Fora. O documentário resgata brincadeiras feitas em todo o Brasil. Os documentaristas percorreram, durante os dois anos de viagens, as cidades de Pomeranos do Espírito Santo (ES), Recôncavo Baiano (BA), Terra Indígena Panará (PA), Vale do Jequitinhonha (MG), Costa da Lagoa (SC), Paria de Tatajuba (CE), Maranhão e Jaguarão (RS). "O filme reúne brincadeiras de norte a sul do país. Além disso, o resgate e espontaneidade do brincar faz parte de um grande movimento em favor da infância, onde a saúde da criança pode ser preservada de forma integral", destaca Nina.
O casal Renata e David registrou as sutilezas da espontaneidade do brincar, sendo que em cada encontro surgiam intensas trocas e diálogos, por meio de gestos, expressões e saberes que foram cuidadosamente registrados em filmes, fotos, textos e áudios. Conforme a documentarista Renata Meirelles, a ideia do longa é falar de todas as pessoas por meio dos gestos de crianças brincando, como um retrato humano através dessas brincadeiras que dizem respeito a arquétipos e a um inconsciente coletivo do homem.
A equipe do Território percorreu, durante 21 meses, comunidades rurais, indígenas, quilombolas, grandes metrópoles, sertão e litoral e em cada região eles permaneciam de um a três meses no local, criando vínculos e interação com as crianças e adultos. Ao mesmo tempo que as filmagens eram realizadas, seis escolas acompanharam em tempo real o trabalho de campo da equipe e criaram um diálogo mensal com o grupo do longa, via teleconferência, como formação continuada de seus educadores.
- Abandono e violência física contra a criança são denúncias mais comuns em JF
- Brincar e desenvolvimento infantil: uma relação potente
- Projeto de peças infantis sobre cuidados com a saúde chega à Juiz de Fora
"O que encanta nesse projeto é perceber como a criança tem um brincar potente, sério e estruturante para eles. Mesmo ouvindo dos adultos que a criança de hoje não brinca mais, percebeu-se o contrário quando a pergunta é dirigida às crianças, independente de ser de grandes metrópoles ou pequenas comunidades do interior do país. Também é interessante perceber como as crianças nos apresentam gestos e brincadeiras muito semelhantes entre si, que estão por trás das diversidades regionais", destaca.
Novos planos
Além do lançamento do longa, o casal continua com outras ramificações do projeto, com a produção de dois livros e duas séries infantis para TV. Além disso, uma exposição itinerante está viajando o Brasil para levar um pouquinho do Território para escolas, festivais, praças, etc. Dando continuidade a essa pesquisa, a equipe do Território do Brincar seguirá rumo a terras distantes, além das fronteiras nacionais, e continuará produzindo materiais que tragam a infância de todos nós para dentro de escolas, instituições e famílias.
Brincadeiras digitais
Nina Veiga fala que as brincadeiras em celular, tablets, vídeogame e televisão tem o seu espaço, dentro do rol das brincadeiras das crianças da contemporaneidade. Mas, elas são saudáveis quando associadas a uma série de outras brincadeiras. A doutora em educação destaca que a brincadeira digital não ativa todos os sentidos da criança, favorecendo apenas a visão. Além disso, dependendo da idade da criança, a mesma precisa se esforçar, para executar alguns aplicativos, além do que o seu intelecto está preparado para suportar, deste modo, ela se torna precocemente solicitada a desenvolver determinada atividade, produzindo um endurecimento do pensar.
"Pensar reflexivo depende de uma série de experiências cognitivas. E estas experiências cognitivas, não são só intelectivas, mas também estésicas, olfativas, táteis. Então, quando o brincar acontece de forma dinâmica, uma série de outras faculdades são desenvolvidas na criança, mas quando a distração é com aplicativos de celular, tablets ou assistindo filmes, apenas o intelecto e a visão são acionados, sendo um brincar limitado", completa.
Ela acrescenta que as brincadeiras antigas trazem uma sabedoria do corpo, então nelas uma série de desafios corporais, sensoriais, auditivos, táteis se incorporam nas brincadeiras. A criança pode amadurecer de forma mais plena. Estas brincadeiras incorporam o social e o cultural e permitem a criança se desenvolver mais saudavelmente. "As brincadeiras ficam mais complexas conforme a idade da criança, vão ficando mais desafiadoras, andando muito junta com as suas faculdades. Tipo a brincadeira com o bebê, quando tapa seu rostinho e fala - "Achou!", é muito simples mas daqui a pouco ela vai estar com a mesma fralda e brincando de cabra cega. Quantos desafios nesta ação, como coragem, destreza, audição que abre, a sensação, a intuição. Tudo isso envolvido em um simples brincar".
Entre na comunidade de notícias clicando aqui no Portal Acessa.com e saiba de tudo que acontece na Cidade, Região, Brasil e Mundo!