Moradores das ruas da cidade
A maioria das pessoas que mora nas ruas vem da periferia de JF. Prefeitura ainda n?o tem o levantamento de quantas vivem nas ruas. A?es t?m como base pesquisas feitas em outras cidades



S?lvia Zoche
27/10/04

Evandro de Abreu Cust?dio est? no N?cleo Herbert de Souza, mas diz que tem vontade de sair e ter sua pr?pria casa. Leia a hist?ria!

Leia!

Foto de Marcelo Fraz?o 
site: http://geocities.yahoo.com.br/ocentrodomeurio/x03.php Ainda n?o existem estat?sticas de quantas pessoas moram nas ruas de Juiz de Fora. De acordo com a chefe do Departamento de Gest?o Social da Prefeitura, Gisele Machado Tavares, a equipe est? discutindo uma metodologia de pesquisa com as entidades que ajudam essas pessoas, para que seja feito um trabalho cuidadoso.

"Temos uma escala de prioridade que, atualmente, ? o bolsa fam?lia. Na escala de gravidade est? a quest?o da popula??o de rua, que veremos com todo cuidado assim que a quest?o do bolsa fam?lia estiver resolvido", explica.

A coordenadora do N?cleo Cidad?o de Rua Herbert de Souza, Meirijane Teodoro, acredita que esse levantamento ? importante e ressalta: "J? pedimos ao Departamento de Pol?tica Social da prefeitura para que avaliassem dados importantes, como onde comem, onde tomam banho, o que fazem para se divertir... Por enquanto, trabalhamos com os modelos de pesquisa de Belo Horizonte, Rio de Janeiro e S?o Paulo. Mas n?o ? o ideal. O ideal ? saber quantas pessoas existem nas ruas de Juiz de Fora". (Veja os ?ltimos dados)

Meirijane Teodoro A coordenadora (foto ao lado) conta que em 1995 existiam 80 vagas no albergue e todas as pessoas que procuravam ajuda eram atendidas. As que n?o procuravam eram chamadas pela equipe de abordagem, indicando a possibilidade do albergue.

Atualmente, Meirijane diz que existem 130 vagas, mas n?o s?o suficientes para atender a procura. "Acredito que o processo de empobrecimento do pa?s esteja contribuindo para isso", diz.

Motivos
A maioria das pessoas sai da periferia da cidade e, normalmente, elas chegam sozinhas ao albergue. Meirijane explica que ? mais comum que o homem saia de casa, por estar desempregado e n?o ter como sustentar a fam?lia. "S?o quest?es morais. ? a hist?ria de achar que o homem ? quem tem a obriga??o de sustentar a fam?lia. Quando n?o consegue, ele vai embora".

Segundo Meirijane, a mulher sai de casa fugindo dos maus tratos ou porque o marido a expulsou por beber demais, por exemplo. Em Juiz de Fora ainda n?o se encontra uma fam?lia inteira na rua. "Este n?o ? o perfil da cidade. Quando vemos um casal, ? porque se conheceram na rua mesmo".

Ela lembra que muitas pessoas que vemos nas ruas, pedindo esmolas, possuem uma casa para morar. "?s vezes, a pessoa tem fam?lia e casa, mas prefere ficar na rua e s? volta em casa para dormir. ?s vezes, s?o fam?lias que praticam a mendic?ncia, mas possuem um lugar fixo de moradia".

Outras n?o pedem esmolas e trabalham informalmente vendendo algod?o doce, el?sticos para cabelo, mas s?o pessoas sem domic?lio. De acordo com a assistente social, estas costumam dizer que o primeiro dia na rua ? o mais dif?cil, mas que rapidamente se adaptam. "Isso porque o la?o familiar j? n?o era t?o forte, quando a pessoa resolveu sair de casa. Ao chegar at? o n?cleo pedindo comida, banho e outras coisas que oferecemos, a gente sabe que ser? mais dif?cil conseguir faz?-las morar novamente em fam?lia. Eu converso e digo que eles n?o podem achar que v?o morar o tempo todo no albergue. Mas isso sempre ? um longo processo", explica Meirijane.

Conhe?a Evandro de Abreu Cust?dio que est? mudando sua hist?ria

Migrantes
Foto site:
http://mx.geocities.com/aquiahora2000/boletines/boletin5/boletin5.php Muitas pessoas que procuram ajuda no n?cleo s?o migrantes. S?o pessoas que passam pela cidade em dire??o a outros lugares, em busca de trabalho ou voltando para Juiz de Fora. "O retorno de pessoas para cidade ? tr?s vezes maior do que de pessoas que passam por aqui indo em dire??o a outros lugares, procurando trabalho".

O perfil atual do migrante ? da pessoa que, em algum momento, j? teve a carteira assinada. Antigamente, o migrante n?o possu?a nenhum tipo de qualifica??o, segundo Meirijane. "Eram pessoas que vinham de trabalhos bra?ais".

Os migrantes procuram o n?cleo por n?o terem mais dinheiro para viajar ou alimentar-se. Eles podem ficar at? sete dias no dormit?rio S?o Vicente de Paulo e ganham uma passagem para o destino desejado, desde que custe no m?ximo R$ 40. "? o que conseguimos ajudar. Normalmente, as viagens a este pre?o s?o dentro de Minas Gerais ou para o Rio de Janeiro", conta Meirijane.


No caso dos moradores de rua, o albergue ? no pr?prio n?cleo. S?o 116 vagas para homens e 16 para mulheres. "Para as mulheres, tem dia que at? sobra lugar, mas para homem sempre falta vaga", explica Meirijane.

Em 2003, passaram pelo n?cleo 1889 migrantes e foram distribu?das 1431 passagens. Desse total de pessoas, 1117 pessoas n?o possu?am renda, 124 pessoas possu?am renda de at? um sal?rio m?nimo e 29 pessoas tinham renda de mais de um sal?rio m?nimo. A situa??o ocupacional: 27 pessoas empregadas e 1332 desempregadas; a instru??o escolar: 1119 pessoas com alfabetiza??o b?sica, 201 pessoas com ensino m?dio e 15 pessoas com ensino superior.

Meirijane diz que Juiz de Fora n?o tem o perfil de uma cidade em que se encontram pessoas que moram nas ruas e que tenham vindo de uma classe m?dia e com n?vel superior. "Nesses anos em que trabalhei aqui, se n?s recebemos tr?s pessoas de classe m?dia, foi muito. E, normalmente, s?o pessoas que se encontram nesta situa??o devido ?s drogas".