Juiz de Fora envelhecida

"Temos que fazer mais"
Para o geriatra M?rcio Borges, a cidade carece de profissionais voltados para a Terceira Idade


O m?dico geriatra, M?rcio Borges (foto ao lado), credita a dois fatores o r?pido envelhecimento de Juiz de Fora. "O primeiro fator ? a expectativa de vida. Uma crian?a que nasce hoje, segundo a prefeitura, tem expectativa de viver 82 anos, as mulheres, e 73 anos, os homens.

O segundo, ? a diminui??o da taxa de fecundidade, de natalidade da popula??o. Isso ? um dado estat?stico do IBGE: enquanto, na d?cada de 70, a taxa de natalidade era de 5,8 filhos por mulher, o Censo de 2000 nos mostra que nascem 'apenas' 2,3 filhos por mulher atualmente", informa.

Para ele, Juiz de Fora supera, em m?dia, a taxa nacional de idosos pela qualidade de vida. "A cidade tem uma melhor qualidade de vida, um dos melhores ?ndices de desenvolvimento humano do Brasil, um ?timo servi?o de sa?de, um n?vel de escolaridade acima da media do pa?s", comenta. Contudo, o munic?pio ainda apresenta defici?ncias.

"O que se tem feito na cidade nos ?ltimos 10 anos n?o ? o bastante para atender a esse p?blico. A cidade carece de profissionais voltados para os idosos como geriatras e pessoal treinado em geriontologia. Ainda existe muita dificuldade para se lidar com idosos... Na mentalidade da maioria da popula??o, o idoso ? um peso a mais na sociedade, n?o olha para ele, a economia n?o se volta para ele, n?o ? tratado bem", confessa.

Para ele, ? necess?rio que se cumpra a Pol?tica Nacional do Idoso, de 1994, e o Estatuto do Idoso, de 2003. "A lei tem que ser cobrada, tem que pegar. Temos que fazer mais, se fizermos s? o que for cobrado, n?o vamos evoluir", alerta. O mais importante, segundo ele, ? o desenvolvimento de projetos visando a qualidade de vida de todos n?s. "A popula??o jovem, os governantes e os intelectuais de hoje, tem que pensar no seu futuro, pois ser?o idosos daqui a 20 anos. Eles t?m que come?ar a pensar nos problemas do idoso n?o como problemas dos outros, mas como seus problemas tamb?m", diz M?rcio.


Quebrando mitos
Projetos ajudam a desmitificar a rela??o de idoso com improdutividade


Para a professora do N?cleo de Pesquisa de Envelhecimento da UFJF, M?rcia Deotti (foto ao lado), Juiz de Fora est? "se abrindo para o p?blico idoso, mas ainda falta adequar alguns setores da sociedade". Ela tamb?m cita a melhoria na ?rea da sa?de como um dos principais fatores do envelhecimento da popula??o. "Antes, a pessoa aposentava e, logo depois, morria. Hoje, a expectativa de vida ? muito grande e, com os recursos na ?rea de sa?de, as pessoas est?o vivendo mais tempo com qualidade de vida", diz.

O N?cleo de Pesquisa come?ou a ser desenvolvido no munic?pio em 1991 com a implanta??o do Curso de Extens?o "Universidade com a Terceira Idade". Hoje, o P?lo Interdisciplinar na ?rea do Envelhecimento exerce diversas atividades voltadas para esse p?blico, como atividades f?sicas, cursos de inform?tica, de l?nguas estrangeiras, coral, oficinas de m?sica, artesanato, dentre outros. Ao todo s?o 18 projetos, al?m de um trabalho de pesquisa nas comunidades pr?ximas a UFJF buscando dados mais precisos sobre os idosos (esse ano, foi realizado um estudo com 543 idosos, entre abril e maio, no per?odo da Campanha Nacional de Vacina??o Contra Gripe).

"A d?cada de 90 apresentou um aumento de trabalhos de extens?o relacionados ao tema, dentro das universidades. Cresceu o n?mero de trabalhos de pesquisa sobre a popula??o idosa e cursos voltados para o seu enriquecendo cultural, al?m de informativos sobre o processo de envelhecimento", comenta M?rcia. Segundo ela, as aulas dadas pelo P?lo apresentam uma forma de ensino diferenciada, de mais f?cil aprendizado, voltadas para as expectativas dos idosos.

"? uma rela??o de troca muito grande entre o N?cleo e os idosos. As respostas dadas dentro das salas, s?o baseadas em experi?ncias de vida das pessoas, a gente aprende muito... E o mais prazeroso, para n?s, ? que temos um retorno muito r?pido, vemos uma mudan?a na express?o das pessoas, da forma delas reagirem com a vida. Vemos que est?o felizes", diz.

Ela v? como um processo natural o envelhecimento da sociedade e o aumento de programas para atender a demanda dessa parcela da sociedade.

Ressalta que quanto mais idosos a cidade possuir, mais servi?os ser?o disponibilizados. "Os idosos t?m que se conscientizarem de que ? necess?rio solicitar seus direitos, cobrar da sociedade, pois tendo essa demanda, a sociedade vai corresponder", informa.

Para M?rcia, a sociedade est? mudando a vis?o preconceituosa de velhice. "Cada vez mais as pessoas buscam espa?os de conviv?ncia, de lazer e, com isso, a sociedade est? mudando sua vis?o sobre os idosos, o envelhecimento. Ainda existem muitos mitos que a pessoa velha 'acabou para a vida', mas, hoje, est? comprovado que esses mitos n?o t?m raz?o de ser", comenta.

Segundo ela, os desafios do envelhecimento demogr?fico devem ser encarados da forma mais r?pida poss?vel, pois ? quest?o a ser discutida. "As pessoas t?m que entender que ? um processo natural, aqueles que sobreviverem v?o chegar l?. E, para chegar com qualidade de vida, temos que nos preparar para isso, temos que participar mais das quest?es relacionadas ? Terceira Idade", conclui M?rcia.


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