No dia 27 de janeiro de 2006 celebraremos 250 anos do nascimento de
Wolfgang Amadeus Mozart, talvez o mais popular de todos os
compositores chamados de cl?ssicos. Por todo o mundo, festivais, concertos,
?peras celebrar?o esta data confirmando a popularidade do g?nio e mais de
uma centena de novas grava?es e interpreta?es de suas obras vir?o ao
mercado.
? curioso o fasc?nio que este compositor exerce sobre o p?blico. Mesmo
aqueles que n?o apreciam quotidianamente a m?sica de concerto conhecem
alguma de suas melodias e n?o raro escuto algu?m cantarolando ou assoviando
um tema do compositor austr?aco, que morreu com 35 anos e deixou um n?mero
soberbo de composi?es, entre concertos para instrumentos solistas, ?peras,
missas e outras composi?es sacras, concertos, sinfonias, m?sica de c?mara,
enfim, para todos os g?neros e formas (um selo alem?o vende sua obra
completa em 170 CDs).
J? vi estudos que falam da rela??o da m?sica de Mozart com o desenvolvimento
infantil e que esta m?sica ?, inclusive, aconselh?vel para rec?m-nascidos
como forma de acalm?-los e abrir-lhes os sentidos para a m?sica.
O mito Mozart rendeu muitas outras hist?rias. H? alguns anos, um filme
chamado Amadeus (n?o me lembro o nome do diretor) ficou imensamente
famoso e difundiu uma id?ia um pouco equivocada do compositor. No filme ele
parecia um daqueles g?nios loucos (tipo cientista maluco), pervertido e
desregrado. E o pior, o filme refor?a a fal?cia de que Mozart teria tido a
morte provocada por Salieri, pintado no filme como um invejoso inimigo do
jovem compositor. Pois bem, ficamos com a falsa imagem e muita gente boa
pensa que Salieri era um compositor menor que n?o suportava a sombra
ofuscante do g?nio austr?aco.
? importante recordar que esta id?ia n?o ? novidade. Em 1898, o compositor russo Rimski-Korsakov j? havia escrito uma ?pera chamada Mozart i Salieri, em cujo enredo o diretor do filme se baseou. O libreto desta ?pera ? da pena de Puschkin, famoso libretista e poeta russo. O resultado: confundimos a literatura com a realidade. J? ouvi inclusive professores de m?sica comentarem a "inimizade" entre os compositores. Uma pena que tal hist?ria prevale?a. Salieri acaba sendo pouco ouvido e com isso perdemos a chance de conhecer um compositor magn?fico. Nascido em Legnago Veneto, na It?lia, em 1750, transferiu-se posteriormente para Viena, onde tornou-se m?sico na corte de Leopoldo II e quando conviveu com Mozart. Morreu na mesma Viena em 1825. Nos ?ltimos anos, Cec?lia Bartolli nos brindou com lind?ssimas interpreta?es de ?rias para soprano extra?das de suas ?peras.
E por falar em equ?vocos, li um an?ncio para um concerto aqui, em Juiz de Fora, realizado por um projeto social, que tem no programa a "Sinfonia dos Brinquedos de Haydn". Pois bem, sejamos mais criteriosos, justos, e respeitadores das autorias. O autor da Sinfonia dos Brinquedos, cujo nome original ? Kindersinfonie, ? Leopold Mozart, o pai de W. A Mozart e n?o o tamb?m austr?aco Haydn. Durante anos esta sinfonia foi atribu?da a este, por?m pesquisas musicol?gicas e documentais comprovaram a autoria da obra. N?o h? d?vida, ? mesmo de Leopold.
O pai de Mozart, nascido em Augsburg, Alemanha, em 1719, transferiu-se em
1737 para Salzburg, para estudar na famosa Universidade. L? se tornou tamb?m
m?sico da Capela Real. Tocava violino e compunha. Casou-se e teve dois
filhos, Maria Anna e Wolfgang. Educou musicalmente a ambos. A filha foi
sens?vel musicista e o filho, j? o conhecemos. Foi um grande did?ta musical
e entre outras obras deixou esta deliciosa sinfonia que utiliza brinquedos
infantis como instrumentos musicais. O resultado, quando bem executado, ?
lindo.
Sejamos justos: vamos dar concertos dignos a Mozart em 2006, vamos deixar de
falar mal de Salieri e vamos atribuir corretamente as obras a seus
autores.
Bons concertos.
Jo?o Sebasti?o Ribeiro
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