No bom e velho Parque Halfeld
A terceira idade se re?ne para contar e relembrar hist?rias no Parque. Depoimentos de quem vai ao local h? mais de 20 anos

Fernanda Leonel
Rep?rter
23/03/2006

Sr.Rubens e D? Olga e o grupo Forr? Halfeld. Personagens conhecidos por muita gente da cidade. Ou?a a m?sica e os depoimentos dos ilustres freq?entadores do Parque!

Veja!


Parque Halfeld ou cora??o da cidade. Tanto faz! O que se sabe ? que esse lugar t?o conhecido pelos juizforanos ocupa um lugar especial na vida de muita gente. O "cora??o da cidade" faz muito "cora??ozinho" que anda devagar bater mais forte: pra muita gente da terceira e melhor idade, o encontro di?rio ou espor?dico no Parque ? um dos momentos de maior alegria do dia.

? s? tentar puxar a mem?ria para ter certeza. Entre 11h e 17h essa turma de cabelos brancos ocupa a grande parte dos bancos do ponto tur?stico central. Nesse mar de sabedoria, h? aqueles que se sentam s? por minuto, que aproveitam as muitas sombras do local para pegar um f?lego; mas h? principalmente aqueles que j? tem o descanso no Parque Halfeld como atividade obrigat?ria do calend?rio di?rio.

Essas hist?rias s?o a maioria. N?o ? nada incomum, entre uma entrevista e outra com os pessoal da "melhor idade" presente no Parque, ver muitos deles se cumprimentando por nome, brincando que iam sair na imprensa, lembrando da ?ltima vez que foram entrevistados. H? casos e casos de amizades contru?das entre os di?logos nas tardes do local, muitas delas, com mais de 20 anos.

Esses 20 anos, por exemplo, ? o tempo que o casal mais famoso do Parque Halfeld freq?enta as sombras que o ponto central oferece. De segunda a s?bado, Rubem e Olga Ferraz seguem uma rotina quase que religiosa: almo?am ?s 11h em um restaurante no centro da cidade e depois "sem nem lavar os pratos", como brinca um deles, partem para o descanso di?rio do almo?o nos bancos do Parque.

"Se eu n?o vier fazer a cesta por aqui, parece que o dia est? incompleto. Eu e a Olguinha sentamos aqui para lembrar do tempo em que ?ramos jovens e que vinhamos para esse lugar namorar", comenta Rubem, sem nunca largar a m?o da esposa.

Eles afirmam que conhecem quase todos os senhores e senhoras de mais idade que freq?entam o Parque, j? que gostam sempre de puxar papo com quem quer que seja. "Primeiro eu converso s? com a Olguinha, depois a gente vai fazer amigos", fala o aposentado de 94 anos.

Mussoline Conte (foto), de 72 anos, confirma as informa?es do colega de Parque Halfeld, enquanto senta para bater um papo com o casal. Ele lembra que um dia estava sentando sozinho em um dos bancos at? que o casal se aproximou. Conversaram sobre as chuvas que ca?am fortes naquele ano em Juiz de Fora por horas e, desde ent?o, ficaram amigos.

Sr. Mussoline n?o freq?enta o local h? tantos anos como Sr. Rubem, mas acredita que tamb?m vai chegar aos 20 anos de visitas di?rias ao Parque. Ele que ? presen?a cativa nos bancos da pra?a h? cinco anos resume bem porque gosta tanto do local:

"J? trabalhei muito e agora n?o tenho vergonha de dizer que estou ? toa. Sem nada pra fazer, comecei a vir pra c?. Mas agora venho porque gostcidade/arquivo/jfhoje/2006/03/23-idade/o, porque aqui tem alguma coisa diferente todo dia. Aparece ambulante, crian?a, tudo. Essa ? a hora do dia que mais dou risada".

Virou banda!
Eles encontraram mais que amizade: como mesmo definiram, se tornaram conhecidos, ganham algum "troco", se divertem e colocam a conversa em dia. O grupo, batizado informalmente de Forr? Halfeld j? faz parte do cast de artistas populares da cidade.

Hoje eles s?o quatro, mas esse n?mero de componentes nem sempre foi o mesmo. Os integrantes foram aparecendo ? medida que as conversas das tardes no Parque descobriam mais algu?m que sabia tocar algum instrumento. Nessa conversa daqui e dali, eles incorporaram at? duas sanfonas para a execu??o dos repetentes cantados em alto e bom tom para quem est? ou passa pelo local.

O grupo j? tem dez anos e nos ?ltimos tr?s se apresenta todas ?s quintas-feiras no Parque Halfeld. Ali eles ensaiam, inventam, comp?em e executam as melodias e repentes por aproximadamente quatro horas.

"M?sica faz bem pra cabe?a e o que a gente n?o quer ? ficar velho", brinca Teodoro Dias (foto abaixo e a esquerda), de 77 anos, que freq?enta o Parque h? 15 anos. Complementado por Francisco Rodrigues (foto abaixo e ao centro) que afirma que a m?sica fez com que ele "esteja com a mem?ria melhor que de muito garotinho a?", eles provam que encontram uma maneira de viver bem na terceira idade.

A id?ia contagiou at? mesmo um morador da cidade vizinha de Santos Dumont. Sr. Sebasti?o (foto acima e ? direita). Sabendo do encontro dos amigos m?sicos da terceira idade nas tardes de quinta-feira, ele se desloca at? Juiz de Fora para soltar a voz no meio dos repentes.

"Essa cidade tem que valorizar esse Parque bonito. Venho porque gosto de cantar, mas tamb?m porque esse lugar ? de fam?lia e muito bonito. ? um ponto de encontro da terceira idade", resume.