Prédio desaba e deixa 30 pessoas desabrigadasBombeiros trabalham com a suspeita de um dos moradores estar embaixo dos escombros. Rapaz, que permaneceu na hora da queda, sofreu apenas escoriações

Pablo Cordeiro
*Colaboração
13/01/2010

Na manhã desta quarta-feira, 13 de janeiro, por volta das 7h, um prédio localizado na rua Aurora Tristão, 1.065, no bairro Bandeirantes, região Nordeste de Juiz de Fora, desabou e deixou cerca de 30 pessoas desabrigadas. A edificação possuía cinco andares, sendo que no térreo funcionava uma garagem para dois carros e um ferro velho. Não houve vítimas fatais. Um rapaz de 26 anos estava dentro do prédio na hora do incidente. 

Maycon Daniel da Silva foi levado para o Hospital de Pronto Socorro (HPS) minutos após o desabamento, com escoriações múltiplas. Ele foi atendido pela traumatologia, estava lúcido e passa bem. Outra informação revelada pelos moradores e vizinhos é a possibilidade de um idoso também estar dentro da edificação na hora do desabamento. Os Bombeiros não confirmaram a informação, mas os trabalhos do Quarto Batalhão de Bombeiros Militar (4º BBM) estão voltados para esta possibilidade.

"O prédio não estava condenado. Os moradores disseram que ouviram estalos e rachaduras começaram a aparecer. Foi quando fomos acionados. A informação é de que estavam no prédio 22 pessoas mais o desaparecido. Não podemos afirmar se ele estava no local, pois, segundo a proprietária, ele não dormia todos os dias lá", explica o comandante do setor operacional do 4° BBM, tenente Paulo Roberto Ribeiro.

O oficial não aponta causas claras do desabamento, já que o terreno é plano, não existem barrancos no entorno e não é área de risco.  Moradores dizem que atrás da construção existe um brejo, o que também poderia ter contribuído para o acidente. Entretanto, o principal motivo pode ter sido uma obra no último andar. "Neste momento, estamos removendo os escombros até 2º andar. Depois, vamos abrindo a área de pesquisa até termos novos dados. Vamos ficar no local o dia todo e retornar nesta quinta", ressalta o tenente.

Segundo a chefe do departamento de Fiscalização da Secretaria de Atividades Urbanas (SAU), Rita Guedes, o acréscimo da construção foi embargado pela Prefeitura (PJF). "O prédio possuía licença para os três andares, além do térreo. O outro andar estava embargado e a responsabilidade técnica é do engenheiro", explica. Rita complementa que a fiscalização é complicada para o departamento, pois as obras são feitas no interior dos terrenos. "Os embargos são feitos geralmente através de denúncias. Contamos com a cooperação da população para que alerte o departamento sobre construções desta natureza", destaca. O prédio existia há 20 anos.

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Drama e correria
"Todos foram pegos de surpresa. Quando minha esposa disse que o prédio estava caindo, não acreditei"

"Todos foram pegos de surpresa. Quando minha esposa disse que o prédio estava caindo, não acreditei", diz o morador José Timótiu de Oliveira, de 56 anos, residente do quarto andar. "Às 6h teve um barulho igual a um saco de cimento caindo na laje e alguns estalos. Como o andar de cima estava em obras, achei normal. Minha esposa ouviu outro barulho e pensou que minha sogra estava passando mal. Ela abriu a janela e o pessoal na rua estava apavorado", relata. O morador só acreditou quando saiu de casa e viu todas as portas dos apartamentos abertas e as pessoas na rua gritando: "Sai que vai cair". "Quando saí, caiu um pedaço do prédio. Quinze minutos depois o prédio caiu de uma vez só", conclui.

pessoalOs moradores e vizinhos acompanharam o trabalho dos Bombeiros e da Defesa Civil por todo o tempo. Nas duas esquinas, os moradores recebiam o apoio de vizinhos e parentes, com ofertas de alojamento e comida. Fatonir de Mello, de 50 anos, morava no terceiro andar com mais três pessoas e estava chegando em casa quando aconteceu o desastre. "As paredes racharam e os barulhos começaram de madrugada." O vizinho que mora em frente ao prédio, Igor Filgueira Machado, de 19 anos, filmou todo o desabamento do terraço. "Escutei uma confusão e peguei a câmera. Foi quando começaram a cair pedaços. A parte da frente tombou e deu pra ver um quarto. O prédio foi envergando, mas não caiu para os lados, foi como uma implosão. Ouvi um barulho muito alto e muita fumaça surgiu." Segundo os bombeiros, moradores de duas casas no entorno foram orientados a voltarem para as residências apenas após avaliação de riscos dos danos estruturais.

 

*Pablo Cordeiro é estudante do 9º período de Comunicação Social da UFJF

Os textos são revisados por Madalena Fernandes