Antigos casar?es d?o lugares a estacionamentos Para arquiteta, JF se desenvolve, mas tende a concentrar servi?os no centro, supervalorizando terrenos de casas antigas
Rep?rter
25/05/2007
Aos 64 anos, dona Neli dos Santos Neves lembra com saudade da ?poca em que andava pela avenida Bar?o do Rio Branco e olhava os casar?es "enormes e lindos" enquanto passeava com a fam?lia.
Para a senhora, olhar casas que fizeram parte da sua mem?ria de inf?ncia ? uma maneira de relembrar o passado e matar um pouco da saudade.
"Quem ? mais velho, fica mesmo mais saudosista. No meio de tanto pr?dio alto
e de tanta correria, colunas e janelas grandes s?o a minha maneira de
recordar meus amigos e minha juventude"
, comenta.
Vizinha do antigo Col?gio Magister, hoje demolido para a constru??o de um novo shopping na cidade, Dona Neli se classifica como algu?m que ? contra as demoli?es em excesso.
Para a professora aposentada, ? preciso ter em mente que uma cidade tamb?m se faz de mem?ria, e que o juizforano j? modernizou mais de 95% do espa?o da cidade.
Seu vizinho de andar discorda. Para Hernandes da Gama, de 58 anos,
o corte das
?rvores que ficavam em frente ao antigo Col?gio foi bem-vindo, assim como
a demoli??o. "Esse lugar ficava cheio de morcego. Quem mora aqui sabe muito bem.
A vista do
meu apartamento melhorou, est? mais clara. Eu sou a favor do que aconteceu"
Dono de uma mercearia entre a rua Braz Bernadino e a Batista de Oliveira, Hernandes ainda levanta uma quest?o que classifica como de sa?de p?blica: baratas em excesso nas redondezas. Para o comerciante, quem ? a favor de casas antigas, que contam a hist?ria de Juiz de Fora, deve compr?-las e cuidar da sua manuten??o. Caso contr?rio, n?o vale ? pena lamentar demoli?es.
Como Neli ou Hernandes, h? centenas de juizforanos com uma opini?o sobre o assunto. Em tese, o que se tem de concreto ? apenas que a grande maioria dos antigos casar?es do centro da cidade acabaram se transformando em estacionamentos ou pr?dios de grande porte.
Caracter?sticas em Juiz de Fora
Para a arquiteta Roberta Lopes, a especula??o imobili?ria
que se percebe em rela??o aos pr?dios antigos e particulares da cidade
reflete caracter?sticas do pr?prio espa?o urbano local.
Segundo Roberta, como a cidade se desenvolve cada vez mais, mas tende a concentrar servi?os no centro, esses espa?os acabam muito valorizados. Na maioria das vezes, s?o ocupados por com?rcios eventuais, como os estacionamentos, para depois serem negociados e transformados em grandes lojas e pr?dios.
"A preserva??o e o tombamento de bens culturais n?o devem ser
vistos como uma amea?a ao desenvolvimento urbano"
, defende a arquiteta, complementando
ainda que "tamb?m falta apoio e incentivo ao poder privado em rela??o ? pol?tica
de preserva??o do patrim?nio hist?rico e cultural em Juiz de Fora".
Na verdade, segundo informa?es da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), n?o h? muito o que o poder p?blico
possa fazer para evitar demoli?es de pr?dios antigos. Os casar?es dos
quais dona Neli tanto tem saudade
fazem parte de propriedades particulares, tratados de forma igual - independente da "idade" -
pela administra??o.
E na escolha dos bens tombados em Juiz de Fora, de acordo com informa?es da Funalfa, mais do que o tamanho ou a idade da casa, igreja ou col?gio, ? preciso levar em conta os valores arquitet?nicos, hist?ricos e a signific?ncia cultural que cada im?vel adquire.
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