Examinadores e instrutores de trânsito serão avaliados A cada três anos será aplicada uma prova para reciclar os conhecimentos relativos às funções de instrutor e examinador de trânsito
Repórter
22/7/2009
Uma nova resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) torna obrigatório o exame de avaliação para os instrutores e examinadores de trânsito. O objetivo da Resolução número 321 do Contran é forçar esses profissionais a estarem constantemente atualizados em relação às funções que exercem.
Além disso, o Contran pretende permitir que os órgãos executivos de trânsito federal e também os estaduais acompanhem o nível de qualidade dos serviços prestados à comunidade por profissionais credenciados.
Para o presidente da Comissão Municipal de Segurança e Educação para o Trânsito de Juiz de Fora (Comset), Mário Jacometti, a resolução vem em boa hora. "Aqui em Juiz de Fora é comum presenciarmos coisas horríveis como instrutores que param o carro da autoescola na frente de um bar, pedem uma bebida alcoólica e saem dirigindo normalmente, instrutores que avançam o sinal com o carro da autoescola e andam sem cinto, entre outras coisas. O exame vai obrigá-los a ficarem mais atentos no trânsito", diz.
O delegado de trânsito da cidade, Hermes Machado da Fonseca, concorda com Jacometti. "Só de saberem que estarão sendo avaliados, eles vão trabalhar melhor", acredita. Fonseca explica que ainda não sabe como vai ser o exame em Juiz de Fora porque esta é uma decisão que cabe ao Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran/MG) e será resolvida em uma reunião que ocorre na próxima quinta-feira, 23 de julho, em Belo Horizonte.
De acordo com o documento do Contran, a prova será de múltipla escolha e a média de pontos que garante a aprovação é 70. Os profissionais que não atingirem esse limite mínimo serão obrigados a se submeterem a uma atividade de requalificação e ficarão suspensos do exercício da profissão até que apresentem ao órgão responsável o certificado de participação na referida atividade.
Para Fonseca, essa vai ser uma maneira de garantir a excelência dos exames de motorista. "Os entendimentos das funções estão desatualizados. Isso vai melhorar a qualificação dos profissionais envolvidos na avaliação", afirma.
Didática
Instrutor há dez anos, Marcos Aurélio vê nessa medida uma oportunidade de os profissionais se atualizarem e renovarem o conteúdo e ressalta a importância da requalificação quanto à didática. "Cada aluno é diferente do outro e a forma de ensinar varia de pessoa para pessoa. Nem todo instrutor leva isso em consideração."
Jacometti também considera relevante a questão da forma de ensinar , especialmente para os examinadores. "Falta paciência com o candidato. É preciso entender que o aluno fica nervoso, ansioso na hora que está sendo avaliado. O examinador tem que chamar o instrutor e o aluno e dizer o porquê da reprovação, explicar tudo direito,com calma, e aprovar e reprovar seguindo os critérios estabelecidos pelas determinações do Contran".
O estudante Guilherme Dias está na expectativa de que com essa reciclagem ele consiga finalmente tirar a tão sonhada carteira de habilitação. O rapaz tenta pela segunda vez ser aprovado no exame e reclama: "Esses examinadores nos reprovam por qualquer coisa e ninguém entende o porquê. Espero que isso mude agora que serão obrigados a se submeter a essa reciclagem".
Fonseca vê a Resolução 321 como uma alternativa para que os profissionais envolvidos na avaliação se obriguem a ficar atentos às constantes mudanças nas leis de trânsito. "Esse processo de atualização para o instrutor e o examinador vai trazer benefícios para o candidato porque a legislação muda todos os dias. É preciso ficar atento".
Jacometti alega que os instrutores precisam rever a maneira como estão ensinando. "Eles têm que ter consciência de que estão formando novos profissionais para o mercado, porque tem muita gente que vai tirar carteira por exigência do trabalho. Hoje se ensina a tirar a carteira de motorista e não a dirigir", alfineta.
Marcos Aurélio tenta defender a categoria. "Não é que não se ensine a dirigir. O que acontece é que a forma de aprendizagem para tirar carteira é diferente do dia-a-dia no trânsito", justifica.
Segundo o documento do Contran, o profissional que não comparecer ou deixar de se inscrever para o exame terá suspenso seu credenciamento para exercer as funções de examinador e instrutor, até que seja cumprida a atividade. O Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) editará as instruções necessárias para que a Resolução seja colocada em prática. A aplicação do exame fica a cargo dos órgãos executivos de trânsito dos Estados ou do Distrito Federal ou por instituições credenciadas.
Os textos são revisados por Madalena Fernandes
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