Terça-feira, 27 de abril de 2010, atualizada às 19h

Juiz de Fora registra dois acidentes envolvendo bicicletas a cada 72 horas

Aline Furtado
Repórter

De acordo com dados da Secretaria de Transporte e Trânsito (Settra), Juiz de Fora registra dois acidentes envolvendo ciclistas a cada três dias. Este número tem como base o ano de 2008, quando 239 acidentes foram registrados. O levantamento revela que os registros deste tipo de acidente vêm caindo nos últimos anos. Em 2007 foram 259; em 2006, 367; em 2005, 323; e no ano de 2004, 352.

Com base nestes números, foi realizada, na Câmara Municipal de Juiz de Fora, nesta terça-feira, 27 de abril, audiência pública, proposta pelo vereador José Tarcísio Furtado (PTC). "A bicicleta é um meio de transporte e de lazer que faz parte do nosso dia a dia, mas é preciso que haja respeito às normas, ainda que não haja legislação própria para este tipo de veículo", defende.

Para Furtado, dois dos principais problemas que podem ser apontados como causas de acidentes são a circulação de bicicletas na contramão do trânsito e o tráfego em locais destinados à passagem de pedestres. No caso de Juiz de Fora, a cidade não conta com regulamentação referente às bicicletas que circulam pela cidade, o que impede a ação fiscalizadora. Conforme previsto no Código de Trânsito Brasileiro (CTB), é dever dos municípios regulamentar o trânsito de veículos, pedestres e animais, além de promover o desenvolvimento da circulação e da segurança de ciclistas.

De acordo com o secretário da Settra, Márcio Gomes Bastos, as características culturais e topográficas da cidade fazem com que o uso do veículo para deslocamento seja pequeno. "Dados de 1996 apontam que apenas 0,8% da população faz uso de bicicletas." Ele lembra que, em cidades onde a utilização é grande, a regulamentação, que exige o registro e o emplacamento, não tem trazido eficácia. "Existem problemas que devem ser analisados antes da regulamentação, como o valor da multa aplicada no caso de infração, que chega a ser quase o preço da bicicleta. Além disso, há muitos casos de crianças fazendo uso do veículo, o que dificulta a aplicação da pena."

Para o secretário, no caso de Juiz de Fora, especificamente, existe um fator limitador provocado pelo espaço viário saturado, devido às demandas oriundas do transporte coletivo e de automóveis particulares. A opinião é partilhada pelo presidente da Associação de Condutores Autônomos de Serviço de Táxi de Juiz de Fora, Luiz Gonzaga Nunes da Costa. "Há vias na cidade que não oferecem espaço para o tráfego de bicicletas."

Incentivo

Para o presidente da Associação dos Agentes de Trânsito de Juiz de Fora, José Dias, a regulamentação das bicicletas vai fazer com que a fiscalização ocorra, contudo, pode incentivar o uso do veículo. "Isso é inconcebível para o trânsito local." Dias defendeu também a necessidade de ações mais intensas de educação no trânsito.

Para a usuária de bicicleta no deslocamento para o trabalho, Marluce de Souza, as ações educativas devem envolver não só os ciclistas, mas também os motoristas. "Muitos acidentes são provocados pelos ciclistas ao se defenderem de motoristas que não respeitam as leis de trânsito."

Ciclovias

Devido ao achatamento viário na região central da cidade, a Settra considera inviável, devido à falta de espaço físico, a criação de ciclovias ou ciclofaixas. De acordo com Bastos, existem projetos de implantação de duas ciclovias na cidade, uma na Zona Norte, que ligará o Distrito Industrial aos bairros Benfica, Santa Cruz e Nova Era, e uma na Cidade Alta. "Há, ainda, a proposta de integração de bicicletas e transporte coletivo, com a possibilidade de criação de uma unidade de transbordo", afirma Bastos.

Os textos são revisados por Madalena Fernandes


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