Quinta-feira, 7 de outubro de 2010, atualizada às 11h50

Diagnóstico sobre situação dos flanelinhas na cidade aponta renda superior ao esperado

Isabela Lobo
Colaboração*

Na manhã desta quinta-feira, 7 de outubro, foi anunciado o resultado do diagnóstico sobre a situação dos flanelinhas em Juiz de Fora. Um dos dados que chamou a atenção dos pesquisadores foi a renda mensal dos flanelinhas. Cerca de 30% dos trabalhadores alegaram receber de R$ 200 a R$ 510, 18% disseram ganhar entre R$ 510 e R$ 1.000 e 3% dos entrevistados afirmaram recebem entre R$ 1.000 e R$ 1.500. Dessa forma, 61% dos entrevistados recebem acima de R$ 510.

Segundo a Secretária de Assistência Social da Prefeitura de Juiz de Fora, Silvana Barbosa, alguns têm o salário muito bom. "Acredito que não é qualquer proposta que será interessante." Para Silvana, os resultados serão importantes para construir um retrato dos trabalhadores na cidade. "O tempo que tivemos foi curto, mas temos que trabalhar com os dados que conseguimos, que já é um documento importante", afirma.

Através do questionário, foi possível delinear o perfil dos flanelinhas na cidade. Dentre os entrevistados, 49% são jovens e possuem entre 19 e 30 anos. A pesquisa também apontou que 91,6% são negros ou pardos, 49% são de Juiz de Fora, 95% são do sexo masculino, 65% não possuem ensino superior completo e 52% são solteiros.

Outro dado interessante foi o número de flanelinhas que possuem moradia própria, cerca de 44%. Além disso, foi detectado que 81,6% possuem residência fixa e 31% moram na região Leste da cidade.

Ainda foi apontado que 43% dos flanelinhas exercem a profissão há mais de 9 anos. Entretanto, 65% dos entrevistados gostariam de mudar de profissão, sendo que 27% desejam serviços formais, com carteira assinada. Outro ponto importante levantado pela equipe responsável pelo estudo foi quanto à eficácia dos benefícios. Cerca de 76% dos flanelinhas não recebem nenhum tipo de benefício.

Quanto à saúde, apenas 36% dos entrevistados alegaram fazer tratamentos de saúde, sendo que 23% apontaram o trabalho como causador da doença. Além disso, 73% não fazem uso de medicamentos. Outro dado levantado foi o número de flanelinhas com alguma deficiência, cerca de 17%.

Pesquisa

A pesquisa foi realizada entre os dias 16 e 26 de setembro. Cerca de 28 profissionais trabalharam na coleta dos dados em diferentes bairros da cidade. A pesquisa detectou 61 flanelinhas na cidade. Dentre os dados estavam renda, situação civil, sexo, raça, escolaridade, idade, origem, entre outros.

Os bairros que fizeram parte do roteiro do diagnóstico foram: São Mateus, Mariano Procópio, Manoel Honório, Morro da Glória, Grambery, Alto dos Passos, Jardim Glória, Francisco Bernardino e Benfica (ver mapas). As visitas foram feitas durante todo o dia e nenhum flanelinha se recusou a responder o questionário.

Ações futuras

Diante dos resultados do estudo, a equipe pretende traçar ações que sejam eficientes e condizentes com a realidade de Juiz de Fora. "A preocupação dos grupos é se as propostas que existem estão adequadas ao quadro da cidade", afirma a Chefe do Departamento de Medidas Sociojurídicas, Rita Fajardo. Porém, segundo o vereador Roberto Cupolillo (Betão), a situação não é tão alarmante. "Os dados não remetem a uma catástrofe, não é um quadro degradante. Temos que pensar agora como vamos desenvolver o trabalho daqui para frente", afirma.

*Isabela Lobo é estudante do 8º período de Comunicação Social da UFJF.

Os textos são revisados por Thaísa Hosken