Falta de sinalização na Independência deixa motoristas e pedestres perdidosSegundo o Código de Trânsito Brasileiro, a via deveria estar fechada à circulação, por falta da sinalização horizontal. PJF pode ser responsabilizada em casos de acidentes

Clecius Campos
Repórter
21/1/2011
Foto de via sem faixa de pedestre

A falta de sinalização horizontal na avenida Independência pode deixar motoristas e pedestres perdidos em relação às normas de trânsito. Desde o início das obras de recapeamento do asfalto, a via tem passado por deficiências de sinalização. A conclusão do asfalto na via ocorreu em novembro de 2010, mas até esta sexta-feira, 21 de janeiro, em vários pontos, onde deveria haver pinturas no chão, indicando como se portar na via, o asfalto não traz qualquer informação, como, onde o pedestre pode atravessar com segurança, em que ponto o motorista deve parar ou se é permitida ou não a ultrapassagem.

O vice-presidente da Comissão Municipal de Segurança e Educação para o Trânsito (Comset), Mário Jacometti, afirma que o Código de Trânsito Brasileiro diz que vias públicas que já eram sinalizadas e passaram por recapeamento só podem ser abertas à circulação, após estarem devidamente sinalizadas. "Se ocorre um acidente e é provado que aquela via tinha sinalização e, por conta de mudança feita pelo poder público, não tem mais, o município pode ser responsabilizado. Fora o problema legal, tanto o motorista quanto o pedestre ficam à deriva com a falta de informação. A sinalização é a carta de leitura da via, sem ela é como entrar numa mata, sem mapa e sem bússola. A pessoa fica perdida."

O militar Adalberto Barra concorda que a sinalização horizontal faz falta. Ele tentava atravessar a avenida Independência, na esquina com a avenida Rio Branco, uma das regiões mais movimentadas da cidade. "Aqui está sem faixa. Faz falta para o pedestre e para o motorista, que não consegue saber onde é o limite dele. Acredito que o motorista respeita mais quando há uma sinalização e o pedestre atravessa com mais confiança." A secretária Maria Cristina compartilha a opinião. "O motorista realmente tem mais respeito quando a faixa está pintada na rua." Com pressa, outra pedestre diz com esperança. "Eles [a Prefeitura] devem colocar, já que estão asfaltando agora. Está precisando", diz sem se identificar.

Travessias estão identificadas apenas por rebaixamento

A reportagem do Portal ACESSA.com percorreu o trecho da avenida Independência entre a Rio Branco e a Getúlio Vargas. Não há faixas de pedestres nas travessias da Rio Branco, em frente ao Procon, em frente aos Correios, em frente à rua Henrique Sureiros, no entrocamento entre a Batista de Oliveira e a Espírito Santo e na esquina com a Getúlio Vargas (veja as fotos abaixo). As travessias só são identificadas porque há rebaixamento da calçada. "O rebaixamento da calçada não é suficiente como sinalização", avisa Jacometti. No trecho percorrido, há duas escolas. "Daqui a pouco as aulas começam e a rua está aí, sem a faixa", reclama uma pedestre.

De fobia do trânsito ao prejuízo à educação

Segundo Jacometti, para o condutor, a falta de sinalização pode causar graves problemas no trânsito. "O tráfego fica confuso, há retenção, engarrafamento, estresse e até pode causar problemas psicológicos em motoristas, como a fobia do trânsito. Sem as pinturas no asfalto, o motorista não sabe onde deve parar para o pedestre passar, em que distância deve se manter afastado do acostamento, se deve virar à esquerda ou à direita, se precisa seguir em frente, que velocidade não deve ultrapassar. Se o cidadão for um turista, ele terá que adivinhar os movimentos ou seguir o condutor da frente. Se este estiver errado, erram os dois."

O representante da Comset acredita que, além de causar problemas práticos, a falta da sinalização compromete a realização das campanhas de educação para o trânsito. "Trabalhamos com educação e queremos ensinar as pessoas a respeitar o código. Para isso, a cidade precisa ter um cenário em dia e o cenário de Juiz de Fora não está em dia." À população, ele orienta cautela. "Enquanto estiver desse jeito, é melhor que o motorista tire o pé do acelerador e que o pedestre tenha mais atenção, para evitar um acidente, que pode ser fatal."

A assessoria de comunicação da Secretaria de Obras (SO), responsável pelas intervenções na avenida Independência, afirma que a implantação da sinalização horizontal na via será iniciada neste sábado, a partir das 22h. As pinturas serão feitas exclusivamente à noite, até as 5h. Durante esse período, a via funcionará em meia pista. As intervenções só podem ser feitas com tempo seco.

Sinalização é deficiente em toda a cidade

Jacometti denuncia que tanto a sinalização quanto a condição das vias juiz-foranas são deficientes. "Asfalto e sinalização estão ruins em toda a cidade. As vias sempre sofrem após um momento de muita chuva e é necessário ter um esquema que permita que as vias sejam recuperadas o quanto antes. Percorremos a cidade e identificamos muitos pontos com prejuízo. Hoje [sexta-feira, 21], percorri bairros da Zona Norte que precisam de recapeamento, e não vi pessoas fazendo esse serviço."

A assessoria de comunicação da Empresa Municipal de Pavimentação (Empav) afirma que há seis equipes da operação tapa-buracos atuando diariamente em Juiz de Fora. O gasto mensal com a manutenção da malha viária juiz-forana gira em torno de R$ 300 mil. O órgão justifica que os constantes problemas com buracos são fruto de muito tempo sem investimento no asfalto da cidade. A substituição do asfalto tem sido realizada por meio do Programa Rua Nova, que já pavimentou 265 ruas em 62 bairros. Recursos estão sendo captados para o recapeamento das grandes vias. A intenção é iniciar, em março, a recomposição asfáltica de toda a rua Diva Garcia, no Linhares, e do trecho da Juscelino Kubitschek, entre a BR-267 e o Distrito Industrial.

Os textos são revisados por Thaísa Hosken