Integração marca o primeiro dia de trote em Juiz de Fora

Doação de sangue, brinquedos e ajuda direta dos veteranos são marcas do ato nesta segunda

Lucas Soares
Repórter
30/09/2013
trote

Se nos últimos anos o trote da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) foi marcado por polêmicas envolvendo novos alunos, o segundo semestre de 2013 parece caminhar para outro lado. Nas ruas da cidade na tarde desta segunda-feira, 30 de setembro, calouros faziam abordagens acompanhados de perto pelos veteranos, recebendo dicas, cuidados e atenção dos alunos mais experientes.

Esse foi o cenário do curso de biologia, por exemplo. Pedro Cardoso, de 18 anos, aluno do segundo período, estava acompanhando a caloura Fernanda Vandanesi, 19, lado a lado. "Vim para dar o lanche à caloura, verificar se ela está se sentindo bem, além de dar dicas para conseguir mais dinheiro e dar ajuda em qualquer coisa que ela venha a precisar", afirma. Fernanda reconhece que a atitude era inesperada. "O trote foi uma surpresa, superou minhas expectativas. Está bem divertido, promove uma integração com a faculdade. Parece que somos amigos há anos", revela.

No curso de Educação Física, o calouro Lúcio Reis, 19, escolheu participar do trote. "É uma forma mais fácil de arrecadar dinheiro para fazer a calourada", diz. Veterana de Lúcio, Ana Carolina, 18, falou que o trote é o mais saudável possível. "Nós doamos as camisas dos meninos para instituições de caridade, recolhemos agasalhos e brinquedos para crianças. Também incentivamos muito o trote solidário, que é a doação de sangue."

Doação de sangue, no trote, que mudou a vida do veterano Lucas Cruz, 25, do curso de Farmácia. Aos 25 anos e cursando o décimo período, ele revela que foi na oportunidade que se tornou doador efetivo. "Nunca tinha doado sangue, o trote solidário foi a primeira vez. A partir dali, comecei a ir frequentemente ao Hemominas. Participo de todos os trotes incentivando os calouros a seguirem por este caminho", conta o aluno, que considera o trote um ritual de passagem.

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População dividida

Se entre os calouros e veteranos da UFJF é praticamente unanimidade a importância do trote como um ritual de passagem, a população se mostra dividida à ideia. O promotor de vendas, Matheus Barbosa, 22, acredita que tudo depende de como os trotes são aplicados. "A partir do momento que é um conjunto de pessoas envolvidas, não é algo humilhante. Assim, acho que é válida a participação", pontua.

Por outro lado, o aposentado Eli Neves, 68, criticou o trote. "Não é legal ver esses alunos nessas situações. São jovens em situação de humilhação perante a sociedade, pedindo dinheiro." Quem também não concorda com o ato é a administradora de empresas Carolina Cardoso, 32. "Passei por isso e não gostei. Não fiz com meus calouros por achar que de nada me acrescentou no percurso da faculdade."

Por outro lado, o vendedor Carlos Azevedo, 29 é a favor do trote. "Vejo calouros e veteranos passando juntos aqui e tudo é num clima de muita paz. De fora, não vejo nada demais e parece uma atitude bem bacana para integrar os novos alunos."

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