Quinta-feira, 14 de novembro de 2013, atualizada às 15h59

Violência e bom humor: página no Facebook indica "melhores lugares" para ser assaltado em Juiz de Fora

Eduardo Maia
Repórter
101 lugares para ser assaltado em JF

Destacar os locais dos assaltos correntes em Juiz de Fora utilizando de ironia e bom humor. A receita utilizada pelos criadores da página 101 lugares para ser assaltado em Juiz de Fora tem conquistado o gosto dos usuários do Facebook. Criada em outubro passado, a página já soma quase 9 mil curtidas em pouco mais de um mês. A cada dia, os moderadores recebem de cinco a dez sugestões de lugares da cidade, onde o risco de escape pode ser quase nulo.

Cada postagem é identificada por um número e apresenta um local de Juiz de Fora onde casos de assaltos são correntes. Os moderadores fazem referência a personagens e histórias representadas em filmes e livros, além de citações musicais. Um dos posts (foto abaixo) compara o Parque Halfeld ao cenário da trilogia O Senhor dos Aneis.

Segundo um dos moderadores, que preferiu não se identificar, a proposta da página é colocar em voga a discussão sobre violência urbana. "Juiz de Fora deixou de ser uma cidade pacata, para se tornar um município onde as pessoas se veem cada vez mais com medo e precisando alterar sua rotina para não serem assaltadas. A questão da briga de gangues é um ponto preocupante que também gostamos de dar ênfase. Travestido no bom humor, há uma vontade de criar um serviço de utilidade pública ou, pelo menos, extravasar a indignação da população que se vê cada vez mais acuada pela inércia das autoridades", explica.

101 lugares para ser assaltado em JF Parque Halfeld

Interação

A interação dos usuários em cada post tem sido satisfatória aos dois moderadores. Cada postagem recebe, em média, 6 mil visualizações, 150 curtidas e 60 compartilhamentos. "É impressionante, todo local que postamos - por mais ermo que ele possa ser - sempre há alguém comentando que já sofreu algum incidente naquele lugar. Muitos são repetidos, o que comprova que algumas áreas os índices de criminalidade são maiores", analisa.

Os criadores da página afirmam que apesar da indicação dos posts ajudar às pessoas a tomarem cuidado nos locais, a intenção é promover uma discussão geral sobre a criminalidade e a segurança pública. "Não é uma questão específica, de se resolver o problema apenas em regiões pontuais. Essa onda de criminalidade vem de fatores mais profundos do que a infraestrutura ou patrulhamento policial dos locais postados. Tem toda uma questão histórica social por trás."

101 lugares para ser assaltado em JFAvaliação dos locais

Cada local postado na página recebe uma avaliação dos moderadores, levando em conta os seguintes quesitos: presença policial, violência, possibilidade de escape, prejuízo médio e "emoção". Os pontos são representados por caveirinhas. Os moderadores explicam que a "avaliação é empírica e baseada nas mensagens inbox que recebemos. Temos nossos métodos para quantificar estes quesitos, mas levaria cinco horas pra te explicar", brinca.

Vindos do futuro

A identidade dos criadores da página é um mistério. Tratam-se de "quiropráticos e terapeutas holísticos que decidiram voltar no tempo para tentar fazer algo de bom por este município. Na verdade viemos do futuro, do ano de 2923", brincam.

Leia, na íntegra, a auto apresentação dos moderadores.

"Somos quiropráticos e terapeutas holísticos que decidiram voltar ao tempo para tentar fazer algo de bom por este município. Na verdade viemos do futuro, do ano de 2923.

Neste tempo, Juiz de Fora está dividida entre Juiz de Fora Ocidental x Oriental.

Isso aconteceu após a famosa guerra dos 200 dias, entre o município e a cidade de Santos Dummont.

Um grande muro foi erguido onde hoje é a linha férrea e sentinelas armados de pistolas de raio UX fazem o patrulhamento dos dois lados.

Tudo isso para evitar que as populações não se unam para derrubar a dinastia de Henrique Duque XXI.

Vale lembrar que o Raio UX foi descoberto por estudantes jamaicanos de neurocência da UIJF (Universidade Internacional de Juiz de Fora) ao cruzarem, acidentalmente, uma espécie de planta Jamaicana com células tronco de codornas albinas.

Nossa missão de voltar ao tempo é justamente abrir os olhos da população para que enxerguem que, com a segregação gerada pela violência urbana, um futuro ditatorial e de trevas a aguarda. Se trancar não será a melhor solução. É preciso mudar esse presente se unindo."

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