Segunda-feira, 21 de setembro de 2015, atualizada às 16h33 e às 17h21

Cinco pessoas são indiciadas no caso Matheus Goldoni

Angeliza Lopes e Lucas Soares
Repórteres 

O titular da Delegacia Especializada de Homícidios, Rodrigo Rolli, indiciou cinco pessoas no caso envolvendo a morte do jovem Matheus Goldoni, encontrado sem vida na cachoeira do Vale do Ipê na manhã do dia 17 de novembro de 2014, após ficar desaparecido por 56 horas.

Segundo Rolli, irão responder pelo crime de homicídio duplamente qualificado por motivo fútil dois seguranças da casa, um ex-segurança, o gerente operacional da noite e um flanelinha, que foi indiciado por falso testemunho. "O inquérito tem 328 páginas, com um relatório final com 49 páginas, com todas as provas. O laudo aponta morte violenta por afogamento. Ele tinha uma lesão na região torácica, causada por um instrumento contundente. Os quatro que foram indiciados por homicídio desceram até a parte de baixo da avenida e cercaram o jovem. Eles negam a prática do delito e não temos testemunhas do que aconteceu dentro da mata, mas é um local de difícil acesso. O Matheus nunca tinha ido aquela casa noturna, não conhecia a região e não tinha como achar uma passagem, muito difícil de ser encontrada até durante o dia, para chegar lá. Somente quem tem conhecimento do local poderia achar. Uma testemunha chave ouviu o gerente operacional dizendo que "Pegamos, lá dentro eu te falo" para outro segurança. O flanelinha foi indiciado pois estava no ponto principal da investigação, temos certeza que ele estava no local e ele nega a presença, mesmo sendo reconhecido por frequentadores da boate. Nenhuma testemunha viu o Matheus quebrando retrovisores de carros, que foi a alegação dos seguranças para irem até a vítima. Eles correram atrás do Matheus, algo que destoa da forma usual que eles trabalham. Apenas os investigados afirmam que ele quebrava os retrovisores", conta Rolli.

Durante os 10 meses de investigação foram ouvidas 49 testemunhas e feitas 14 acareações, além dos laudos criminalistas e do Instituto Médico Legal (IML), com vários questionamentos para a avaliação correta do resultado dos laudos. "Além disso, fiz várias observações, descritas no relatório, sobre a omissão de informações e partes importantes do inquérito por testemunhas. Uma das pessoas narrou vários fatos importantes para a mãe de forma informalmente, mas no depoimento negou. Na acareação entre eles, vimos que a testemunha estava exaltada, enquanto a mãe de Goldoni relatava tranquilamente", afirma. Os laudos não acusaram uso de bebida alcoólica ou de drogas por Matheus e mostraram que ele teria caído na água com vida.

Também ficou confirmado nas investigações, segundo Rolli, que a moto vista descendo em direção ao adolescente pertencia ao ex segurança, a mesma usada para trazer de volta a casa o gerente. O inquérito será enviado nesta terça-feira a Justiça e ao Ministério Público.

O caso

De acordo com o irmão da vítima, Leandro Goldoni, Matheus, que era morador do bairro Santa Efigênia, na Zona Sul da cidade, teria se envolvido em uma briga no interior da casa e os seguranças o convidaram para sair, em uma sexta-feira, dia 14 de novembro de 2014. "Perguntei ao segurança o que aconteceu, eles disseram que ele tinha arrumado atrito com um segurança, correram atrás dele, não alcançaram e ele entrou no mato. Na hora eu não contestei, apenas comecei a procurar, a gritar, chamando para ir embora e não achei. Fiquei um tempo em frente à Privilège e pensei que ele já tivesse ido embora para casa ou ido direto para o trabalho. O telefone dele está desligado desde as 3h da manhã, quando ele saiu", relatou, à época, o irmão.

Em nota, o Privilège Juiz de Fora esclarece que foi procurado pelos pais do jovem, na madrugada de sábado para domingo, que informara que ele estava desaparecido desde a noite anterior. "O jovem se envolveu com uma briga sem gravidades dentro da casa e foi convidado a se retirar. O club foi informado que do lado de fora, ele desceu em direção ao Centro quebrando retrovisores de automóveis estacionados na Estrada Engenheiro Gentil Forn. Ao tomar conhecimento sobre este episódio, um segurança desceu a estrada, mas o jovem já não foi localizado. No livro de ocorrência da casa foram registrados os números das placas dos veículos danificados", diz a nota.

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Alívio

Em contato telefônico, a mãe de Matheus, Nivea Goldoni, afirma se sentir aliviada com a decisão do delegado. "A gente está bem aliviado. Essa é só a primeira etapa que foi conquistada, a gente esperava isso desde o início, sempre buscando a verdade e esperando que a justiça fosse feita. Essa notícia nos dá um grande alívio. Esperamos que agora na promotoria haja denúncias", diz.

Em nota enviada a redação, a boate afirma que irá se pronunciar sobre o assunto após ter acesso ao documento com o resultado final das investigações.

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