Jovens de Juiz de Fora na JMJ da Polônia: uma experiência extraordinária!
Dia 25 de julho, uma segunda-feira, chegamos a Cracóvia, sede da Jornada Mundial da Juventude 2016. Os peregrinos juiz-foranos, emocionados, desceram do ônibus e beijaram o chão daquela abençoada terra, como fazia João Paulo II, todas as vezes que visitava algum novo lugar. Obedecendo à boa organização polonesa, fomos recebidos com carinho e encaminhados aos locais de hospedagem. Alguns foram acolhidos por simpáticas famílias, outros recebidos em bons alojamentos universitários. De minha parte, fui muito bem acolhido na Casa Provincial das Irmãs Servas de Maria Imaculada, com mais dois bispos brasileiros e um Malasiano. Havia também na casa um grupo de jovens franceses com seu sacerdote.
Era como o dia de Pentecostes, narrado pelo livro dos Atos dos Apóstolos (Cf Atos 2, 1-12). Línguas, costumes, tipos físicos, culturas diferentes, mas todos se entendendo pela força da fé e a linguagem da fraternidade, do amor de Cristo. Em tudo, respirava-se Deus como Pai de todos!
A Jornada se desenvolveu como de costume, com as catequeses e as atividades próprias da programação. Quinta-feira, à tarde, aconteceu o primeiro encontro com o Papa Francisco, sexta-feira a Via Sacra, sábado a Vigília Eucarística e Domingo a Missa do Envio. Todas estas celebrações foram presididas pelo Sucessor de Pedro, que dirigia palavras de grande profundidade e importância pastoral e missionária para os jovens. Incentivava-os a ter coragem para transformar este mundo através da força do amor, do compromisso e da misericórdia. O lema da jornada foi Bem-aventurados os misericordiosos, porque encontrarão misericórdia (Mt 5,7). Era emocionante participar do canto desta frase, entoado por milhares de pessoas reunidas no mesmo lugar!
Na cerimônia de abertura, a queda do Papa no altar recordou as três quedas de Jesus que, levantando-se, salvou o mundo. Alguém escreveu: “O Papa caiu, mas continua firme à nossa frente, na estrada da evangelização da humanidade”.
A multidão de cerca de dois milhões de jovens, a presença de mais de mil e quinhentos bispos, milhares de presbíteros, diáconos, seminaristas, religiosos e religiosas, leigos e leigas, eram como que a visão da Igreja viva, confiante e alegre, que vai singrando os mares da história com sua barca invencível mesmo diante de qualquer tempestade, pois seu timoneiro é Cristo.
Essa Jornada foi diferente. Uma série de circunstâncias, lugares, fatos históricos localizados geograficamente deram um caráter especial a tudo o que aconteceu nesta semana em terras polonesas.
Visita aos lugares relacionadas a João Paulo II e a Santa Paulina
A visita a Wadovice, terra natal de Karol Woytyla, levou a todos a experiências muito especiais, ao adentrar à sua casa natal, hoje um moderníssimo museu que possibilita ao visitante, como que mergulhar no ambiente da infância do futuro Papa e percorrer toda a sua trajetória de vida até encontrar, na última estância, a emocionante cena das batidas do coração de João Paulo II, visualizando as últimas imagens de suas aparições na janela da residência pontifícia em Roma. Ao lado da casa de seus pais, está a bela Matriz de Nossa Senhora do Carmo, onde Karol, que em família era apelidado Lolek, foi batizado, fez a primeira comunhão, foi crismado e onde celebrou na alma o chamado para ser sacerdote.
Associa-se a isto, a visita ao Santuário de São João Paulo II, construído depois de sua canonização, ao lado do Mosteiro da Misericórdia, onde viveu e morreu Santa Faustina Kowalka. Bela arquitetura decorada internamente com dezenas de cenas da vida de Jesus e de João Paulo em mosaicos de Marko Ivan Rupinik, jovem sacerdote jesuíta, artista sacro dos tempos atuais, autor também da logomarca do Ano da Misericórdia. Ali se encontram alguns objetos pertencentes ao Papa santo, mas a vitrine que mais atrai é onde está a batina ensanguentada que o Pontífice usava no dia do atentado contra sua vida acontecido em 13 de maio de 1981, na Praça São Pedro.
Ao visitar o Santuário da Divina Misericórdia, o sentimento de contemplação invade naturalmente o coração do peregrino e o predispõe a rezar contritamente, ouvindo, em língua polonesa, idioma materno de Faustina e João Paulo, o canto do lema Jesus, eu confio em Ti, presente no quadro de Jesus Misericordioso, da forma ditada pela vidente.
Auschwitz
Outro lugar que os jovens da JMJ visitaram em grandes grupos foi o ex-campo de concentração e de extermínio nazista de Auschwitz. Programação especialmente preparada pelos diretores do local para os jovens da Jornada possibilitou a visualização de prédios, de locais de fuzilamento, de câmaras de gás, crematórios, onde mais de um milhão e cem mil pessoas foram torturadas e mortas, inocentemente, vítimas do regime nazista opressor, desumano, brutal, violento, terrorista, diabólico comandando pela loucura do poder e da força de ideologias políticas obtusas e intolerantes que causaram a segunda guerra mundial entre os anos de 1939 a 1945.
Ali foi martirizado o Padre Maximiliano Kolbe, a filósofa e teóloga Edit Stein (Irmã Benedita da Cruz-OC), hoje canonizados, e tantos seres humanos, incluindo padres e freiras, prisioneiros de guerra ou gente de etnias não agradáveis a Hitler e a fanáticos de sua raça. O sentimento de quem visita um lugar destes é de tristeza e a prece natural é esta: que nunca mais aconteça isto na humanidade!
As celebrações
As celebrações da JMJ foram realizadas em dois espaços. Até a sexta-feira, com a belíssima Via Sacra, na esplanada de Blounia e as grandes concentrações da Vigília Eucarística de Sábado e a Missa do Envio de Domingo foram realizadas no Campus Misericordiae, capaz de receber mais de dois milhões de peregrinos.
Cinco imagens foram contempladas pela juventude católica e vibrante naqueles dias: a cruz da Jornada e o ícone de Nossa Senhora dados por João Paulo II desde as primeiras versões, a imagem de Jesus Misericordioso, os rostos de São João Paulo e de Santa Faustina.
Ao final da Missa, o Papa anunciou o local e a data da próxima JMJ que será no Panamá, em fevereiro de 2019, a primeira a ser realizada na América Central.
Não há dúvida. A JMJ da Polônia deixou marcas indeléveis e inenarráveis no coração da juventude e disposições muito especiais nos jovens peregrinos de nossa Arquidiocese de Juiz de Fora!
Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora
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