Livro resgata hist?ria da imigra??o alem? em Juiz de Fora Conhecido pela presen?a da col?nia alem?, o bairro Borboleta ? retratado em cr?nicas e mem?rias de seus moradores pelo advogado Vicente de Paulo Clemente


Marinella Souza
*Colabora??o
04/09/2008

Trazer a p?blico o que ele sabia e proporcionar ao leitor as mesmas emo?es que teve ao escrever. Estes s?o os motivos que levaram o advogado Vicente de Paulo Clemente (foto abaixo) a escrever Os alem?es e a Borboleta. "N?o adianta nada saber v?rias coisas e n?o passar para frente, por isso escrevi o livro. Lendo-o as pessoas v?o poder sentir tudo o que eu senti", diz.

A ancestralidade alem? foi fundamental para que Clemente come?asse sua investiga??o que durou 20 anos entre entrevistas, pesquisas hist?ricas, documenta??o e, por fim, a viagem no caminho inverso ao que foi feito por seu trisav?.

Os alem?es e a Borboleta trata da hist?ria da imigra??o alem? em Juiz de Fora, direcionada ? antiga col?nia D. Pedro II que engloba as ruas Paula Lima, Bernardo Mascarenhas, o Morro da Gl?ria, a regi?o do Mariano Proc?pio, Borboleta e S?o Pedro.

Para o autor, a coloniza??o alem? em Juiz de Fora "? um diamante de v?rias facetas". Uma delas ? o livro que, como ele explica, tem muitas coisas que n?o foram ditas pelos entrevistados, mas sentidas e percebidas pelo narrador, que ? uma testemunha dos fatos contados nos livro.

Foto de Vicente Clemente "Eu posso dizer que moro no bairro Borboleta h? mais de 150 anos porque sinto como se tivesse presenciado tudo o que eu conto no livro". Os alem?es e a Borboleta est? divido em quatro partes. Na primeira, Clemente conta a sa?da dos alem?es de sua terra natal e a chegada ao Brasil, quando misturavam saudade e esperan?a no olhar.

A segunda parte trata das dificuldades iniciais ao chegarem na cidade e as est?rias dessas pessoas contadas em cr?nicas. Essas cr?nicas foram escritas ao longo de 20 anos e divulgadas na m?dia local. ? nesse momento, tamb?m, que Clemente relata a viagem que fez de volta ? Alemanha com sua esposa em 2007.

Foto da p?gina do livro com uma
 das listas de embarque J? na terceira parte, o autor apresenta uma rel?quia garimpada no porto de Hamburgo pelo engenheiro Manfred Lewalter: uma lista de embarque de passageiros de 1858. "S?o 1.200 nomes, idades, profiss?o e sexo dos passageiros de cada um dos cinco barcos que chegaram ao Rio de Janeiro naquele ano".

Entre os tripulantes, estava o trisav? de Clemente, que era cantoneiro, ou seja, trabalhava dando forma ? pedra bruta. Atividade fundamental para a constru??o da Estrada Uni?o Ind?stria, motivo pelo qual esses alem?es vieram para Juiz de Fora.

Na quarta parte, Clemente traz uma mem?ria fotogr?fica e hist?rias das fam?lias que habitavam a col?nia D. Pedro II. "Havia um interc?mbio muito grande entre as pessoas desses bairros. Eram comuns os casamentos entre eles", comenta.

De sua viagem ? Alemanha, Clemente acrescentou fotos e relatos de cada cidade que passou em um retorno nost?lgico aos locais que seus antepassados viram pela ?ltima vez antes de chegarem em Juiz de Fora.

Foto de p?ginas do livro O livro foi lan?ado na ?ltima ter?a-feira, 03 de setembro, mas os moradores do Borboleta ainda n?o tiveram acesso a ele e a expectativa, segundo Clemente, ? grande. "A gr?fica s? me entregou o livro ontem e as pessoas est?o me ligando, querendo saber do livro. Tem gente que j? pagou sem ver", diverte-se.

Parte da renda do livro vai ser destinada ? Associa??o Cultural Brasil e Alemanha, pelo apoio dado ao autor e outra parte vai para os vicentinos da Associa??o S?o Vicente de Paulo. "Sei das necessidades que eles passam e tenho certeza de que o dinheiro que chegar ali vai ser bem utilizado", declara.

Por que os alem?es vieram para Juiz de Fora?
Foto de p?ginas do livro

Segundo o autor, os alem?es vieram para c? contratados por Mariano Proc?pio para abrir a estrada que existia na localidade. "A produ??o cafeeira estava aumentando e era transportada no lombo dos burros, o que demorava muito tempo, por isso a necessidade da constru??o de uma estrada.

Como era muito amigo de D. Pedro II, Proc?pio conseguiu o financiamento para construir a Companhia Uni?o Ind?stria em 1858. Mas o imperador fez uma exig?ncia: era preciso contratar colonos germ?nicos porque eram um "povo s?rio, trabalhador, honesto e de muitos of?cios" , conta. E mais, era preciso que houvesse fam?lias cat?licas e luteranas em igual propor??o para respeitar a cultura alem?.

O livro Os alem?es e a Borboleta est? dispon?vel na Festa Alem?, que acontece at? o dia 07 de setembro de 2008, no bairro Borboleta e no estande da Associa??o Cultural e Recreativa Brasil Alemanha.

*Marinella Souza ? estudante de Comunica??o Social na UFJF