Paulo César Paulo César 22/10/2012

Atividade Paranormal retorna aos cinemas com roteiro fraco e, o pior, sem sustos

Tudo o que é considerado novidade no cenário cinematográfico hollywoodiano e consegue fazer sucesso considerável nas bilheterias, acaba por desencadear uma onda de "continuações", para pegar o vácuo do oásis financeiro do original. O bom Atividade Paranormal, idealizado pelo então cineasta estreante Oren Peli em 2007, mesclou o estilo aclamado da "câmera na mão", utilizado em A Bruxa de Blair (1999), com artifícios da cibercultura, o que fez de sua obra um estrondoso sucesso. Cinco anos e mais três filmes na conta (um japonês), o quarto filme da saga chega para tentar explicar os motivos das tais atividades, entretanto, sem apresentar algo diferente e muito menos assustar.

Neste novo longa, a adolescente Alex (Katryn Newton) grava o cotidiano de sua família, ao lado de seus pais, do pequeno Wyatt (Aiden Lovekamp) e de seu namorado Ben (Matt Shively). Mas, quando o estranho menino Robbie (Brady Allen), recém-chegado à vizinhança, precisa ficar alguns dias em sua casa, fenômenos inexplicáveis começam a aparecer e atormentar a menina, que vai gravar tudo o que acontece e perceber que é melhor não ficar sabendo de certas coisas.

Nada do que fizeram os roteiristas Christopher Landon e Chad Feehan trouxe algo que não tenha sido usado e dito nos filmes anteriores. Os acontecimentos são premeditados, quase cronometrados, dando a oportunidade de os espectadores se livrarem da maioria dos sustos. O mote criado para que a assustadora Katie (Katie Featherston), que teve um final inconclusivo no primeiro filme e foi tendo sua história desvendada de forma homeopática nas duas sequências, fosse introduzida neste longa acabou sendo sem emoção, com cenas mal elaboradas. Além disso, o dia-a-dia da família é totalmente ensaiado e pueril.

A tensão está sempre lá no alto com este estilo de filmagem. A câmera na mão, os closes intimistas e o silêncio mortal, até em um drama incomoda (vide os "hip-hop montagem" de Darren Aronofsky, em Cisne Negro). Mesmo não surtindo o efeito que se esperava, os diretores Henry Joost e Ariel Schulman conseguem ser competentes no único ponto admirável do filme, pois a veracidade alcançada com esta "simulação" de gravações reais asseguram os raros sustos.

Esse cansaço em relação à qualidade de Atividade Paranormal 4 era de se esperar, ainda mais depois de ter exemplos claros com as franquias Jogos Mortais, Premonição e Pânico, outros terrores teen que ninguém aguenta mais. E, como a quinta parte estará provavelmente nas telonas daqui a algum tempo devido ao final sugestivo, o público fiel estará à espera de mais do mesmo, só que muito mais enfadonho e com menos sustos.



Paulo César da Silva é estudante de Jornalismo e autodidata em Cinema.
Escreveu e dirigiu um curta-metragem em 2010, Nicotina 2mg.

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