Extraordinário
Eu me lembro de quando assisti “O Quarto de Jack”. Fiquei tão embasbacado com o trabalho da Brie Larson, que devo ser honesto e dizer que, por mais fofo que Jacob Tremblay possa ter sido, ele passou meio batido para mim.
Então, fui até uma telona recentemente, e o vi maquiado (muito), em “Extraordinário” (“Wonder”). E ali sim eu percebi Jacob. Eu o VI. E o mais engraçado é que ele “não estava” ali. Num primeiro momento, eu não tinha certeza de onde me lembrava do nome. Mas tudo naquele menino me remetia a alguém que eu conhecia. Até que, num “flash”, percebi. É o Jack! É o filho da Brie em “O Quarto de Jack”. Caramba! Como? Como conseguiram tamanha mudança e tamanha semelhança ao mesmo tempo?
“Extraordinário” conta a história de August Pullman (Jacob), apelidado de Auggie, filho de Isabel e Nate (Julia Roberts – amo – e Owen Wilson), que, em virtude de uma rara combinação biológica, nasceu com inúmeras “deformações” (não sei se esse é o melhor termo a ser usado). Após uma educação básica realizada em casa, seus pais decidem que já é hora de deixá-lo frequentar a escola regular. É lógico que, se nós, adultos, que somos muito mais aptos a refletir e tolerar, já possuímos tantas ignorâncias, imagina o que o menino passa no filme, diante de crianças, que ainda estão em processo de desenvolvimento da personalidade. Ele passa a sofrer muito aquilo que tanto se fala atualmente por aqui – Brasil, no caso - (infelizmente, na maioria das vezes, com muita falta de propriedade e conhecimento), o bullying.
Um detalhe muito interessante, na forma como tudo foi colocado, é que, mesmo que o menino seja o centro da história, ou seja, de sua família e das vivências na escola, o filme também aborda os elementos que o circundam. Isso torna aquela ambientação muito mais emocionante e rica, porque a obra é claramente feita para isso: arrancar o máximo possível de choro da plateia. Então, após uma introdução sobre August, fala-se sobre sua irmã, a amiga dela, sua mãe, seu amigo. Cada momento dos personagens secundários é muito tocante, e ajuda-nos a perceber que, em nossas vidas, temos que respeitar todas as histórias, de todas as pessoas. Não somos únicos no mundo. Não somos os únicos a ter problemas e alegrias. E ao ter essa consciência, facilita muito a tomada da atitude de procurar os nossos, para saber sobre suas vidas, contar uma boa notícia, perguntar como estão.
Baseado no livro “Wonder”, de R. J. Palacio, dirigido por Stephen Chbosky, e roteiro de Jack Thorne, Steve Conrad e Stephen Chbosky, o filme não será o melhor da vida de ninguém. No entanto, vale muito a pena assisti-lo, basicamente pela sensibilidade que ele trata as questões das pessoas. É muito interessante a importância que ele dá a todos os personagens. E também por nos mostrar os porquês de uma criança maltratar tanto outra, na medida que educação deve-se ter principalmente em casa.
Além disso, “Extraordinário” tem aquele sorriso inacreditável de Julia Roberts. Como não amar?
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