Operação Red Sparrow
Devo dizer que, em um primeiríssimo momento, eu julguei “Operação Red Sparrow” (“Red Sparrow”) como um fortíssimo candidato a mais um filme bobo. Mas, por ter Jennifer Lawrence como condutora, é claro que eu me daria duas horas (ou mais) de prazer assistindo-a na telona, independente do que fosse. Aí ela vai, e se arruma para uma apresentação de balé. Eu penso: “pare Jennifer, não permita que te comparem com Natalie Portman (“Cisne Negro”), serão cruéis! ”. Mas não. É claro que ela não permitiria. Jennifer não se daria a esse luxo. Então ela entra no palco, e inicia não somente um espetáculo de dança, mas um breve momento que já é um grande resumo do tipo de história que se seguiria. Com paixão e violência, podemos perceber a qualidade que está por vir.
Recheado de atores de peso (Jeremy Irons, Joely Richardson, Matthias Schoenaerts, Charlotte Rampling, entre outros), e dirigido por Francis Lawrence - amo (não, ele não é pai da protagonista), em termos de nomes, era bem provável que o filme funcionasse. A insegurança que tive no início logo se esvaiu.
“Operação Red Sparrow” conta a história de uma ex-bailarina russa, Dominika Egorova (Jennifer) que, por necessidade de ajudar a si e a sua mãe, se envolve com o Serviço de Inteligência Russo, por sugestão do tio, que vê nela uma possível candidata a se aproximar de um poderoso inimigo do governo. No entanto, em virtude da sucessão dos acontecimentos, ela vai se vendo cada vez mais encurralada, sem ter a menor possibilidade de fazer escolhas. Encaminhada para ser treinada e tornar-se uma Sparrow, ela se destaca dos demais, e recebe a missão de descobrir um traidor dentro do Serviço Secreto. Para tanto, ela deveria conseguir se aproximar de um agente da CIA, Nate Nash (Joel Edgerton), pois constatou-se que ele é quem lida com o traidor.
O filme tem uma característica bem marcante. Ele é muito perceptivelmente adaptado de um livro. Você não precisa ter esse pré conhecimento para observar isso. E, quando aparece nos créditos a proveniência do roteiro, somente confirmamos a impressão. Ele tem uma forma bem narrativa de mostrar os acontecimentos. Mesmo com várias cenas de ação, é possível dizer que é um filme calmo. Ele é um filme calmo. Flui. Foi muito interessante entender os critérios de formação dos “Sparrows”, porque, se há qualquer mínimo de realidade ali, é muito crível que haja uma cientificidade psicológica nas afirmações sobre as pessoas apresentadas (aliás, devo me conter com relação a outros comentários, porque são muitas as possibilidades de estragar a graça de quem venha a assistir).
Se eu pudesse arriscar um pequeno defeito do filme, é o fato de que, muitíssimo provavelmente, ele, explicitamente, tem a intenção de mostrar uma Rússia onde só se tem valor quando servimos aos poderosos e, implicitamente, que tal situação também acontece no resto do mundo. Existem silêncios entre algumas falas que permitem esta interpretação. Só que eu não sei até que ponto esse implícito ficou implícito demais, caso tal intenção realmente tenha ocorrido. Talvez devesse ter sido mais claro um pouco, porque aí essa pitada de filosofia aumentaria o tchan do filme.
O que posso tranquilamente dizer é que vale a pena assisti-lo. É um filme legal, emocionante, mas emocionante no sentido de te deixar curioso, desperto. Ele foi muito bem dirigido, bem no estilo dos trabalhos do diretor mesmo. Só não se deve esperar dele grandes momentos de lições de vida, catarses, nada disso. É uma ida ao cinema, sem a sensação de aborrecimento de filmes chatos, apesar de eu, particularmente, pensar que Hollywood está maltratando Jennifer Lawrence, já há muito tempo sem dar-lhe um roteiro a sua altura.
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