Ameaça profunda

Victor Bitarello Victor Bitarello 21/01/2020

"Ameaça profunda" ("Underwater") conta a história de um pequeno grupo de sobreviventes de um acidente ocorrido em uma broca das indústrias Tian, na qual são empregados, extratora de recursos naturais, a 11 quilômetros de profundidade marítima. O filme se desenvolve com o grupo seguindo em busca de sair da situação com vida, deparando-se com os infortúnios que a profundidade do oceano é capaz de oferecer.

Kristen Stewart é a estrela do longa e chamarisco de público. Além de ser uma atriz bem popular, ela vem crescendo cada dia mais, e está apresentando um desenvolvimento bem interessante. Também encontra-se no elenco o carismático e maduro ator francês Vincent Cassel.

Me sinto na necessidade de alertar o leitor de que vou expor bastante o filme neste texto. Enquanto trabalho de ação, a película não é boa. É chata, arrastada e aborrecida.

Para conseguir ver graça no filme, eu percebi que é possível observar nele um "que" de crítica aos EUA, em especial sua característica bélica, aliada ao capitalismo (e os EUA são ótimos em convencer o mundo de que suas guerras são justas). As indústrias Tian podem simbolizar um EUA sem limites, sendo isso representado pela enorme profundidade em que se encontram - 11 quilômetros - e pela quantidade de minério extraído - algo na faixa dos bilhões de toneladas. O bélico em nome da pátria pode ser percebido em momentos em que os personagens demonstram que estar ali e defender aquilo tudo chega a ser mais importante até mesmo que a própria vida. Em vários trechos, frases como "temos que fazer isso pela empresa", ou, "se não fizermos isso, tudo se perderá", são ditas. A Tian também esconde da imprensa e da crítica pública tudo o que diz respeito ao acidente, agindo sempre de maneira escusa (coisa bem típica dos EUA). Os funcionários, ao se depararem com o estranho, com o novo, assustam-se, e partem do princípio de que o estranho é que está errado. No entanto, foi o estranho é que teve seu espaço, sua morada, invadida, para satisfazer a vontade de lucro da Tian. A reflexão crítica, a todo tempo, fica por conta da personagem Norah, de Kristen. Ao final, o filme nos mostra que eles sempre colocam o desconhecido como um problema impossível de ser resolvido a não ser matando-o.

Finalizando esta minha humilde interpretação, basta analisar como os personagens (ou o exército), vão morrendo ao longo da obra. Os três primeiros, na seguinte ordem: um ator negro; um ator gordinho; um ator estrangeiro. E o sacrifício final, pelo bem estar de todos (sacrifício este que o roteiro não deixa dúvidas quanto à nobreza do ato de quem o faz), é feito por quem? Uma atriz homossexual.

Agora lhes pergunto. Os dois sobreviventes quem são? É muito fácil acertar: um casal, branco, heterossexual.

Eis, para vocês, "Ameaça Profunda". Um filme bem ruim, que não vale a pena gastar com ingresso. Nem com pipoca.

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