Poesia de Juiz de Fora ? refer?ncia nacional Poetas juizforanos se destacam no cen?rio nacional e tamb?m ganham destaque em pr?mios internacionais
Colabora??o*
02/07/2008
A obra de Iacyr Anderson Freitas (foto abaixo), Quaradouro, esteve entre as 12 mais votadas para o pr?mio Portugal Telecom 2008. O livro de contos que Fernando Fiorese acaba de ganhar o pr?mio Bolsa do Escritor, Pequenas Mortes, concedido pela Funda??o Biblioteca Nacional, para que seja conclu?do. Esses s?o apenas dois dos muitos exemplos de sucesso da literatura de Juiz de Fora.
Doutor em Ci?ncia da Literatura, Fiorese atribui o sucesso de Juiz de Fora no ramo das letras se deve ao surgimento de autores que desenvolveram obras de grande f?lego e num trabalho continuado ao longo dos ?ltimos 25 anos.
"Isso nos remete aos anos 80 quando o folheto de poesia Abre
Alas e a revista
D'Lira principiaram a literatura na cidade. Essas publica?es divulgaram o
movimento de literatura da cidade"
.
Para o poeta Iacyr Freitas, a explica??o para o fato de Juiz de Fora ter se tornado refer?ncia no cen?rio liter?rio nacional e internacional reside no fato de termos autores que publicam em editoras de circula??o nacional, com bom resultado de cr?tica e tendo suas obras citadas por grandes nomes da literatura.
Os nomes do folheto Abre Alas e da revista D'Lira tamb?m s?o lembrados por Iacyr
como respons?veis pelo destaque. "Luiz Ruffato (prosador); Edmilson Pereira,
Fernando Fiorese, J?lio Polidoro (poetas), foram importantes para que a cidade
pudesse ter essa relev?ncia"
. Fiorese acrescenta ? lista, o nome do pr?prio
Iacyr. Para ele, Iacyr e Edmilson s?o os respons?veis por levar o nome
da cidade para um lugar de destaque.
Falta de mercado
Iacyr e Fiorese lamentam a falta de mercado que a poesia tem dentro da literatura. Os autores alegam que, embora o g?nero receba pr?mios, n?o tem prest?gio no mercado porque atende a um p?blico muito espec?fico.
Para Iacyr isso se deve ao pr?prio modo de produ??o do texto po?tico. "Para
a poesia, importa que existam leitores capazes de preencher os vazios sem?nticos
dos textos, de levar para a sua experi?ncia de leitura uma parcela consider?vel
da sua viv?ncia biogr?fica"
, explica.
Segundo o poeta, esse leitor produtor de sentido n?o faz parte da cultura atual do
mercado liter?rio, em que se prioriza o que ele chama de fast food
textual. "? a l?gica de consumo que se imp?e em todas as rela?es. A lista dos
mais vendidos ? indicadora dessa tend?ncia: raramente encontramos t?tulos
eminentemente liter?rios no topo"
, diz.
Fiorese acredita que a poesia genu?na nunca teve mercado porque a sociedade nunca
quis valorizar nada que incomodasse, que interferisse no status quo.
"H? uma falsa impress?o de que a poesia tenha sido refer?ncia em algum momento.
Talvez por alguns setores, mas ? preciso perguntar que tipo de poesia: aquela
que refor?a a cultura dominante, que n?o provoca, essa sim, foi refer?ncia. Mas
no seu sentido mais vigoroso, a poesia ? um discurso contra o discurso dominante,
transtorna aquilo que est? estabelecido. Esse tipo de poesia nunca foi consumido
por grande parte da popula??o, nunca teve espa?o na sociedade"
.
Futuro
Apesar de um panorama geral pouco favor?vel, Iacyr ainda acredita ser poss?vel tornar a poesia mais palat?vel para as pessoas. Para ele, programas de incentivo ? leitura podem e devem ser aplicados para ampliar o n?mero de leitores. Mas o poeta ressalta que essa ? uma responsabilidade da escola.
"Quase a totalidade desses programas deve passar pela escola porque ? preciso
formar leitores ativos, capazes de interpretar efetivamente um texto liter?rio,
sen?o n?o faz sentido"
.
O poeta garante que todo leitor comum pode encontrar uma poesia que lhe agrade
na estante, basta que tenha a boa vontade de procurar. "Hoje h? muitas formas
de produzir poesia. Entre Manuel de Barros e Jo?o Cabral de Melo Neto existem
'n' estilos, maneiras de se fazer poesia. Um deles h? de calar fundo no seu
esp?rito"
, diz.
Iacyr adverte para o poder humanizador dessa poesia que ? "tudo de intranq?ilo
que existe na sociedade e que ? mais as verdades intestinas do homem e da sociedade
do que a reafirma??o de valores pr?-estabelecidos"
, como diz Fernando Fiorese.
"A grande for?a da literatura ? seu car?ter humanizador, que permite que
a pessoa veja determinada situa??o com os olhos do outro. A poesia ? fundada
em um eu-l?rico que tem origens e hist?rias diversas e essa diversidade po?tica
d? a no??o de conjunto"
.
Para o poeta, o discurso po?tico est? isolado no mercado liter?rio e, hoje,
nem mesmo o clich?, destacado por Fiorese como ponto forte em tempos passados,
tem for?a. "O mercado n?o dita todas as regras, a poesia ? um horizonte est?tico
muito vasto"
, avalia.
*Marinella Souza ? estudante de Comunica??o Social da UFJF