Asfalto, pedras e natureza na rotina da Constantino Paleta Ligação entre a Olegário Maciel e a Santo Antônio,
a rua termina aos pés do Morro do Imperador


Guilherme Arêas
Repórter
30/12/2008

Cercada pelas principais ruas do centro de Juiz de Fora e a poucos metros do coração da cidade - o parque Halfeld - a rua Constantino Paleta ainda preseva a tranquilidade da época em que foi batizada, em 1940. Aos pés do Morro do Imperador, mais conhecido como Morro do Cristo, que sustenta o principal mirante da cidade, as ladeiras da Constantino Paleta guardam os registros da história de Juiz de Fora.

Para os juizforanos que nunca tiveram a oportunidade de chegar ao topo da rua, o contato com a natureza em meio ao caos do cotidiano urbano pode surpreender. Essa é a rotina diária de Luis Fernando Coutinho Silva (vídeo ao lado), que trabalha entregando panfletos nas ruas do centro.

Morador do bairro São Pedro, Luis Fernando sobe diariamente a rua Constantino Paleta até o seu fim, onde começa a pé a trilha pelo meio da mata, que leva até ao Mirante do Cristo.

"Eu faço esse trajeto há três anos todos os dias. Você vai subindo e vendo a cidade cada vez mais distante. É uma visão muito bonita", recomenda.

Antes de começar a subida que demora cerca de 30 minutos, Luiz Fernando percorre boa parte da rua que ainda conserva as pedras características do século XIX. Entre as pedras surge o verde da vegetação, um sinal do que está por vir mais acima, com o que ainda restou da Mata Atlântica em Juiz de Fora.

Luis Fernando e outros trabalhadores e aventureiros realizam cotidianamente a subida que o imperador Dom Pedro II já fez em 1861, ato que batizou o morro. Os desafios da subida ainda continuam os mesmos, mas quem já subiu garante que o visual vale a pena.

Foto da rua Constantino Paleta Foto da rua Constantino Paleta

Também atraída pela tranqüilidade do local, a jornalista Lívia Maia acabou de se mudar novamente para a Constantino Paleta. Durante dois anos ela viveu no início da rua, próxima à rua Santo Antônio. Desta vez ela preferiu morar um pouco mais acima.

"Escolhi esta rua porque estamos na cara do centro, perto do Parque Halfeld. Como ela é uma descida, você não ouve o barulho dos carros", comenta.

Nem a inclinação da rua, que aumenta após o cruzamento com a Tiradentes, desanima. "Ao subir todo dia você acaba se acostumando".

Foto da rua Constantino Paleta Foto da rua Constantino Paleta

Há um mês com uma lanchonete instalada no local, o empresário Marcelo de Araújo se diz satisfeito com o movimento do negócio. Apesar da tranqüilidade, os clientes das diversas clínicas que se encontram na rua garantem o faturamento.

"Agora nós estamos em período de férias escolares, mas também tem o movimento do colégio mais para cima e dos próprios moradores dos prédios", revela.

Foto da rua Constantino Paleta Foto da rua Constantino Paleta
Quem foi Constantino Paletta?

Constantino Luiz Paletta nasceu em Simão Pereira, em 1863. Filho do farmacêutico Felipe Luiz Paletta e Tereza Pedrassi Paletta, foi casado com Maria Bertha Halfeld Paletta. Trabalhou como advogado, jornalista e foi eleito deputado federal, quando participou da elaboração do texto da Constituição de 1891.

Acumulou a função de Agente Executivo quando o governo provisório de Minas Gerais, através de seu delegado, dissolveu a Câmara Municipal e criou em substituição um “Conselho de Intendência”. O cargo também foi desempenhado por Antero José Lage Barbosa, Luiz Artur Detzi, Francisco Isidoro Barbosa Lage e Francisco Cândido Alves.

Constantino Luiz Paletta faleceu em 1938.

Fontes: Prefeitura e Câmara Municipal de Juiz de Fora