Artista faz arte de sucata Exposi??o Ballet ? composta de esculturas feitas com pe?as
descartadas de uma empresa automotiva


Marinella Souza
*Colabora??o
18/06/2008

Artigos automotivos cinzas e pesados s?o transformados em pe?as suaves, leves, fluidas pelas m?os do artista pl?stico Marcelo Aquino. Em sua exposi??o Ballet, Aquino apresenta m?sicos e bailarinas feitos de pe?as automotivas descartadas pela empresa de sua fam?lia.

Aquino conta que a habilidade adquirida com o trabalho associado ao gosto pela arte, adquirido desde o ber?o, atrav?s do incentivo materno, o ajudaram a desenvolver a exposi??o. "Minha m?e sempre gostou de arte, especialmente a m?sica cl?ssica, essa exposi??o ? quase uma homenagem ? ela", revela.

O artista comenta que o primeiro m?sico que fez tinha um metro e sessenta de altura e vinha acompanhado de uma bailarina de quase dois metros, que dan?ava para ele. "Ao ver essas pe?as, minha m?e se emocionou muito e isso foi um incentivo para que eu continuasse criando esse tipo de pe?a".

Ao todo, Aquino exp?e 27 pe?as, sendo 20 bailarinas e, para ele, essa ? o diferencial da exposi??o, ? o que a torna especial. "Acho que a inten??o de colocar 20 bailarinas ? in?dita porque s?o pe?as iguais, sem que cada uma tenha a ver com a outra. ? o mesmo material, mas com tamanhos e formas diferentes".

Foto: ACESSA.com Foto: ACESSA.com Foto: ACESSA.com

A id?ia de expor basicamente bailarinas surgiu da percep??o do artista quanto ao interesse do p?blico por esse tipo de pe?a. Em uma exposi??o anterior a Ballet, Aquino colocou cinco bailarinas, vendou todas e teve que criar mais quatro.

O artista pl?stico, que est? completando 18 anos de carreira, conta que sempre trabalhou com sucata e, hoje, o olhar j? est? agu?ado a ponto de ver partes de uma pe?a em um monte de ferro inutilizado e, a partir da?, sai garimpando o restante de que necessita para fazer a obra de arte.

A inspira??o

Marcelo Aquino explica que a inspira??o dele surge de duas maneiras: ou ela vem da pr?pria pe?a, que d? a id?ia inicial do que vai ser feito, ou da imagina??o. "Esse ? o jeito mais dif?cil, porque voc? imagina a escultura na cabe?a e tem que sair buscando mat?ria-prima para ela".

Sem conhecer as t?cnicas e posi?es do bal?, o artista parte da mera observa??o para criar as esculturas que podem ser consideradas sua marca registrada. Na verdade, Aquino est? menos preocupado com a verossimilhan?a de suas mulheres dan?antes com a realidade do que com a est?tica do produto final.

Foto: ACESSA.com Foto: ACESSA.com Foto: ACESSA.com

Para dar forma ?s bailarinas, o artista pl?stico procura ver o que d? mais leveza ao material com que trabalha. Ele revela que n?o usa nenhum tipo de rascunho, n?o desenha, n?o usa medida, faz tudo com base na propor??o, na intui??o. "Quando vejo uma bailarina na televis?o, procuro prestar aten??o na postura, posi??o de m?os e p?s, mas n?o me prendo a isso. Tem posi??o que eu nem sei se existe, mas achei que ficou bonito na pe?a e fiz", conta.

Foto: ACESSA.com Foto: ACESSA.com Foto: ACESSA.com

E nessa viagem emp?rica na incessante busca pela leveza de suas esculturas, Marcelo Aquino desenvolveu uma maneira de dar ainda mais sensibilidade ?s pe?as. Com habilidade e criatividade, o artista criou um revestimento de poliester e acr?lico que d?o um efeito de um verniz craquel? nas pe?as. Mas Aquino garante que essa n?o foi sua inten??o, o que queria era tornar a pe?a mais fluida.

A hora do capitalismo na arte

Para ele, cada pe?a tem uma emo??o diferente e ele n?o sabe explicar como consegue dar leveza e movimento a uma pe?a bruta. "? uma coisa que est? dentro de mim", declara. Acostumado ? respirar arte desde muito cedo, Aquino n?o se considera um artista e admite ter dificuldades na hora de colocar pre?o em suas pe?as.

"Para mim, n?o tem pre?o que pague a emo??o de ver uma pe?a pronta. Quem cuida disso para mim ? minha irm?. S? n?o quero que os pre?os sejam muito altos para que qualquer pessoa que se interessar por elas possa comprar".

Foto: ACESSA.com Foto: ACESSA.com Foto: ACESSA.com

A exposi??o fica em cartaz at? o dia 29 de junho, no Centro Cultural Pr?-M?sica (Av. Bar?o do Rio Branco, 2329 - Centro), de 08h ?s 11h e de 13h ?s 22h (segunda a s?bado) e de 14h ?s 21h (domingo).

*Marinella Souza ? estudante de Comunica??o Social da UFJF