Obra do Berço: grupo confecciona 350 enxovais por ano

Fundado há quase 50 anos pela Associação de Ex-Alunas do Colégio Santa Catarina, a Obra do Berço entrega kits feitos para recém-nascidos a 30 instituições de caridade

Raphael Placido
Repórter
21/5/2013
obra do berço

Todas as tardes de terça-feira são especiais para um grupo de cerca de 40 mulheres juiz-foranas. Entre 13h30 e 17h elas se reúnem em uma sala do Colégio Santa Catarina e confeccionam enxovais para serem doados a recém-nascidos carentes. Além de ajudar pessoas necessitadas, o grupo tem a oportunidade de conviver em um ambiente repleto de conversas, histórias, alegria e a famosa troca de receitas.

A Obra do Berço foi fundada em 1964, e é mantida pela Associação de Ex-Alunas do Colégio. Mas não é necessário ter estudado no Santa Catarina para fazer parte. Boa parte mantém um vínculo com a escola, como é o caso das mães de atuais alunos, mas nem isso é obrigatório. Qualquer pessoa interessada em ajudar pode ser voluntária. Na confecção dos materiais a serem doados, as artesãs têm sempre em mente o lema da associação: "com a cabeça criamos, com as mãos executamos, com o coração doamos". A meta é pensada anualmente, tendo por objetivo completar e distribuir 350 enxovais a 30 instituições de assistência a famílias carentes de Juiz de Fora. Cada instituição recebe dez kits de enxoval, contendo cobertores, paletós de flanelas, conjuntos pagãozinho, camisas de pano, sapatinhos de lã e pares de meia. O kit também contém fraldas descartáveis, mamadeiras e chupetas.

obra do berço
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Caridade e amizade que funcionam como uma terapia

Atualmente, a presidente da associação é Maria Nunes Pereira Franco. Ela conta que as entregas são feitas durante o ano, enquanto os kits vão sendo fechados. "O sentimento ao ver tudo pronto é muito bom. Por mais simples que sejam, nos preocupamos com a qualidade e colocamos muito amor e afeto no que fazemos. É gratificante. A gente não doa só o enxoval. A gente também doa carinho. E esse nosso encontro é um momento muito gostoso", comenta. Além de costurar e colocar as conversas em dia, o grupo ainda reserva um tempo para as orações e reflexões.

Irmã Estefânia, uma das mais antigas do Santa Catarina, conta como surgiu a ideia de focar os trabalhos na assistência aos recém-nascidos. "Quando o colégio era internato, as alunas tinham uma disciplina de trabalhos manuais onde elas aprendiam a fazer enxoval de bebês, costurando tudo a mão, para que elas tivessem o prazer em fazer, mais tarde, o enxoval para os próprios filhos. E uma vez feito o enxoval, ele tinha que ser doado. Então, as irmãs visitavam os bairros mais pobres distribuindo tudo", relembra.

Ex-professora do CSC, Jane Erhardt, há 24 anos na associação, conta, com alegria, que muitas das atuais colegas chegaram a ser suas alunas. "A gente costura na máquina ou a mão, faz crochê, tricô, qualquer ajuda é um prazer. As nossas tardes aqui são agradabilíssimas. Uma verdadeira terapia. Eu me realizo de saber que o pontinho que faço aqui vai ajudar alguém. Isso pra mim é uma ótima distração. Além do mais, conviver é muito bom", afirma.

A Obra do Berço está aberta a qualquer pessoa que queira ser voluntária. Atualmente, a mais nova do grupo tem 47 anos e a mais velha, 80. Ainda não há homens, mas pessoas de ambos os sexos e todas as idades são bem-vindas. Há, ainda, casos de colaboradoras que fazem o trabalho de casa. A Obra do Berço se mantém com doações, além da contribuição anual que toda associada faz. Quem quiser fazer parte ou contribuir com doações, basta procurar alguma das associadas, todas as terças-feiras, das 13h às 17h, no Colégio Santa Catarina. Elas aceitam doação de materiais como tecidos de algodão, flanela, linha, viés, elástico, lã e fita.

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