Terça-feira, 30 de novembro de 2010, atualizada às 18h05

Polícia Militar monta grupo de trabalho para aprimorar abordagem a homossexuais

Clecius Campos
Repórter

Um grupo de trabalho, liderado pela Polícia Militar (PM) de Minas Gerais, vai estudar o que precisa ser aprimorado na abordagem à população LGBT por oficiais. A expectativa é de que os levantamentos sejam iniciados em janeiro de 2011, com a colaboração de entidades ligadas aos direitos dos homossexuais de Belo Horizonte. De acordo com o assessor de Direitos Humanos da Academia Militar da PM, capitão Cláudio Duani Martins, o passo inicial é criar um caderno doutrinário, sobre a forma de abordagem.

"Vamos enviar às associações e entidades a cartilha de procedimento da Polícia Militar e solicitar as novas sugestões de encaminhamento. A intenção é interagir de forma mais próxima com os movimentos, para que polícia e população LGBT tenham um bom relacionamento." Segundo Martins, o grupo tem a participação da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), do Centro de Luta pela Livre Orientação Sexual (Cellos) da capital e da Associação Lésbica de Minas (Alem).

Uma vez traçadas as formas de abordagens mais adequadas, o grupo passará a discutir estratégias para a capacitação de policiais e de homossexuais, a fim de promover mudanças de comportamentos que se fizerem necessárias. "Nessa etapa, será necessária a junção de mais parceiros. Ao longo dos trabalhos, iremos buscar outras entidades e ampliar a rede de atendimento." Segundo Martins, além das ações na capital, é possível que as capacitações alcancem também corporações no interior. "Isso vai ocorrer na medida em que os trabalhos na capital estiverem bem estruturados."

É o que espera o presidente do Movimento Gay da Região das Vertentes (MGRV), Carlos Bem. Ele afirma que há a necessidade de que instituições ligadas ao movimento gay do interior de Minas Gerais também façam parte do grupo de estudos. "Esperamos que seja executado um plano, que contemple ações no interior. Os homossexuais que vivem em cidades do interior estão mais visados em suas comunidades e sofrem mais preconceito. Acreditamos que as associações da capital irão levar essa demanda à liderança do grupo de trabalhos."

Bem considera a iniciativa o princípio de um trabalho de aproximação entre gays e a Polícia Militar, que irá culminar em uma humanização da abordagem. "Muitas vezes os homossexuais são discriminados e têm medo de denunciar à polícia e serem discriminados também pelas autoridades. Por isso, é importante também o trabalho com os homossexuais, para que a polícia seja vista como uma entidade de proteção aos direitos de todos."

Os textos são revisados por Thaísa Hosken