Juiz-foranos mantêm a tradição de São Cosme e São DamiãoDevotos e não devotos distribuíram doces em casa, no trabalho e nas ruas da cidade. Promessas, carinho e comemoração motivaram as ações
Subeditor
27/9/2011

As crianças de Juiz de Fora ainda podem contar que, no Dia de São Cosme e São Damião, comemorado em 27 de setembro, vai haver distribuição de doces na cidade. Alguns juiz-foranos têm mantido a tradição e angariado meninos e meninas mais sedentos por balas, pirulitos e chocolates em saquinhos. Devotos e não devotos dos santos distribuíram doces em casa, no trabalho e nas ruas de Juiz de Fora, nesta terça-feira, 27. Promessas, carinho e comemoração motivaram as ações.
Há mais de 30 anos, a família da professora Adriana Ribeiro de Almeida faz a distribuição dos saquinhos. A ação começou no bairro São Mateus, mas, atualmente, ocorre em diversas localidades da cidade. "Há dois anos percorremos os bairros para distribuir os doces. Mas a movimentação em casa ainda é muito grande. Até a metade da tarde, 300 crianças passaram por aqui. Até as 18h, vão passar mais 300 crianças." Adriana preparou 700 saquinhos para serem distribuídos.
O motivo de distribuir os doces é comemorar os aniversários de nascimento de Adriana e de casamento de seus pais. "A tradição aqui em casa independe da questão religiosa. Meus pais casaram-se no civil ao meio-dia. A bolsa da minha mãe estourou e ela não pode ir casar na igreja, pois acabei nascendo às 16h; isso tudo no dia de São Cosme e São Damião. Fazemos a distribuição para comemorar nossos aniversários. Além do mais, a história dos santos é muito bonita."
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A promotora de eventos Fernanda Müller (foto acima) foi motivada por uma promessa. "Foi um pedido que fiz. As pessoas, nas horas de desespero, sempre buscam ajuda. Meu sobrinho precisou ser internado e entrei em desespero. Foi quando fiz a promessa para Cosme e Damião." A primeira experiência foi comemorada por ela. "Amo fazer festa mesmo e ajudar. Ver a alegria das crianças, o sorrisinho delas só com um saquinho de bala, é fantástico. Pura inocência. É lindo demais. Moro em um bairro muito humilde. Essas balas, para as crianças daqui, são uma festa. Representam muita coisa." Fernanda distribuiu cem saquinhos de doces no bairro Jardim Gaúcho. "Ano que vem vou fazer uma festa grande."
As amigas Cristiane Fonseca e Michelle Duarte, que trabalham na Central de Atendimento da Companhia de Saneamento Municipal (Cesama), decidiram surpreender os colegas de trabalho e aproveitaram a data para distribuir doces durante o expediente. "Fizemos saquinhos transparentes, com balas, pirulitos e chocolate, com o nome de cada um e um papel escrito 'São Cosme e Damião não é só para criança. Parabéns!'. Ninguém esperava. Ficaram todos felizes e agradecidos."
Cristiane conta que, apesar de não ser católica e de não conhecer bem a tradição dos santos, a data serviu como motivação para deixar os colegas mais alegres. "Nunca tínhamos feito nada disso. Minha amiga me explicou um pouco da história dos santos e acabamos fazendo tudo com muita alegria. Foi divertido ver a reação das pessoas."
A história de Cosme e Damião
Cosme e Damião eram irmãos e cristãos. Nasceram na Arábia e viveram na Ásia Menor, no Oriente. Desde muito jovens, manifestaram talento para a medicina. Estudaram e diplomaram-se na Síria, exercendo a profissão de médicos. Inspirados pelo Espírito Santo, teriam usado a fé aliada aos conhecimentos científicos. Com isso, seus tratamentos e curas a doentes, muitas vezes à beira da morte, eram vistos como milagres.
Os irmãos não cobravam pelos atendimentos. A intenção deles era converter pagãos e, na época, estavam obtendo mais seguidores. As conversões despertaram a ira do imperador Diocleciano, conhecido por perseguir cristãos. Ele teria dado ordens imediatas para que os dois médicos cristãos fossem presos, acusados de feitiçaria e de usarem meios diabólicos em suas curas. Os irmãos foram então presos, torturados e decapitados.
Eles foram considerados santos no século VI, no mesmo período em que foram incluídos no cânone da missa, fechando o elenco dos mártires citados. Em 530, foi criada a primeira igreja dedicada aos irmãos, em Constantinopla. Por volta do mesmo ano, Roma também ganhou uma basílica dedicada aos protetores, tornando a devoção a eles mais conhecida. Os santos Cosme e Damião são venerados como padroeiros dos médicos, dos farmacêuticos e das faculdades de medicina.
Fonte: Paróquia Nossa Senhora da Esperança (texto adaptado)
Os textos são revisados por Thaísa Hosken