Quinta-feira, 11 de dezembro de 2014, atualizada às 11h36

Cassado pelo regime, ex-deputado estadual juiz-forano recebe prêmio

Clodesmith

Ex-sindicalista e deputado estadual cassado no período da ditadura, o juiz-forano Clodesmidt Riani recebeu na tarde da última quarta-feira, 10 de dezembro, o Prêmio Direitos Humanos 2014 em Brasília (DF). A solenidade foi realizada no Palácio do Itamaraty e contou com a presença da presidente Dilma Rousseff e das ministras das secretarias de Direitos Humanos, Ideli Salvati, e de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci.

Em sua 20ª edição, o prêmio é a mais alta condecoração do Governo federal a pessoas e entidades que se destacam na defesa e promoção dos direitos humanos.

Com 94 anos, Riani, que estava acompanhado dos filhos Augustemira Riani e Clodsmidt Riani Filho, disse estar emocionado com a homenagem e com a presença de conterrâneos mineiros na solenidade. Acompanharam a entrega a jornalista Fernanda Sanglard e o militante de direitos humanos Betinho Duarte, representando, respectivamente, as comissões da verdade de Juiz de Fora e Minas Gerais.

A abertura da solenidade foi feita pelo também homenageado Ivan Seixas, que é coordenador da Comissão Estadual da Verdade Rubens Paiva, de São Paulo. Durante a fala, Seixas lembrou que foi preso e torturado junto com o pai, Joaquim Alencar de Seixas, no DOI-Codi do Exército. O pai foi morto na unidade, após dias seguidos de tortura. Ele ressaltou a importância de ações de combate às violações dos direitos humanos e o trabalho da Comissão Nacional da Verdade, que hoje pela manhã entregou o relatório final à Presidência da República e o disponibilizou à sociedade pela internet. Os dois atos marcaram o Dia Internacional dos Direitos Humanos.

Entre os condecorados com o prêmio também estavam a ex-militante Clara Charf, viúva de Carlos Marighella, o goleiro Mário Lúcio Duarte Costa, o Aranha, que protagonizou corajosa reação ao racismo no futebol este ano, e o educador já falecido Paulo Freire, que teve o prêmio recebido pela viúva Anita Freire. Ao todo, 22 pessoas e entidades foram agraciadas em 21 categorias.

Instituições

O prêmio também foi entregue a instituições como a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR), o Coletivo Brasil de Comunicação Social (Intervozes).

Nascida há seis anos, a CCIR é representada por várias religiões, como candomblecistas, umbandistas, budistas, católicos, protestantes, judeus, kardecistas, hare krishnas, além de ateus e agnósticos. "Afinal de contas, Deus não disse para seguirem um só caminho, deu a todos o livre arbítrio. Então, quem não acredita nele tem que ser respeitado por isso", explica Ivanir dos Santos, interlocutor da comissão.

O Intervozes teve dupla participação no evento. Além de receber o prêmio, ocupou uma cadeira no Conselho Nacional dos Direitos, cujos integrantes tomaram posse na mesma solenidade O trabalho do Intervozes, criado em 2003, é de monitorar violações de direitos humanos praticadas por meios de comunicação em sua programação. Conteúdos machistas, racistas, homofóbicos, ou que violem direitos das pessoas com deficiência, são encaminhados para o Ministério Público e para o Poder Judiciário pelo Intervozes. Recentemente, o coletivo lançou o Guia de Mídia e Direitos Humanos, dando dicas para os jornalistas que trabalham na cobertura de direitos humanos sobre como se referir a determinados assuntos no exercício da profissão.

Com informações da Comissão Municipal da Verdade (CMV-JF) e Agência Brasil

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