Elizabeth Soares Elizabeth Soares 14/3/2011

Adultos só fazem o que querem

Ilustração de patrão assediando funcionárioNão me assusto ao saber que o número de denúncias sobre assédio moral triplicou nos últimos quatro anos, segundo dados divulgados pelo Ministério do Trabalho de São Paulo. Sabemos que as empresas estão imprimindo um ritmo cada vez mais forte em busca de resultados e que, aos gestores, cabe a tarefa de conseguir que suas equipes produzam cada vez mais, no menor tempo e com a maior qualidade.

As empresas precisam de resultados crescentes e sustentáveis e têm pressa. Entregam a seus gestores ações para serem implantadas, metas a serem cumpridas, a fim de aumentar o faturamento e reduzir o máximo possível os custos na realização de cada trabalho.

O ambiente é competitivo e os gestores, normalmente, são selecionados pelas empresas, por seu histórico profissional, que atesta habilidade para aguentar pressão e entregar bons resultados.

Até aí, cenário perfeito: gestores fortes, com foco nas ações necessárias a serem implantadas, para que a empresa alcance o resultado projetado. E é exatamente a partir daí que a confusão começa. Esses gestores, tão acostumados a olharem para o resultado final, se enganam com a ideia preconcebida de que basta repassar metas e tarefas para suas equipes cumpram de acordo com o "combinado".

Ainda há muitos profissionais em cargos de liderança pouco preparados para conseguir que suas equipes concordem com os objetivos traçados pelas empresas e queiram realmente trabalhar para que as ações planejadas se realizem de fato.

As empresas que insistirem na crença de que os "adultos devem obedecer sem questionar", formarão líderes com grande potencial para gerar o denominado "terror psicológico" no ambiente de trabalho.

O rápido aumento das ações de assédio moral na Justiça está fazendo com que as empresas deem mais atenção ao assunto. O remédio certo para este problema é apoio aos profissionais em cargo de comando, para que desenvolvam a habilidade de lidar com profissionais adultos. É necessário entender que muitos chefes estão errando, porque não aprenderam, e não estão sendo incentivados, a experimentar outra forma de agir, quando distribuem tarefas, exigem resultados, corrigem falhas na equipe ou até mesmo conduzem uma demissão.

Líderes justos, equilibrados e competentes não nascem prontos. As empresas que não aceitarem esse ponto de vista e persistirem em reunir seus líderes apenas para dizer onde querem chegar, e não ensinarem o como, ainda vão se aborrecer bastante com equipes revoltadas ou desanimadas. Querer enxergar uma mesma situação sob novos ângulos pode fazer toda a diferença.


Elizabeth Soares
Psicóloga e Coach-Executiva